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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Soares é fixe? É mais do que fixe! É sábio e coerente!

Soares preocupado com medidas de austeridade
Mário Soares está preocupado com as medidas de austeridade anunciadas pelo governo. O antigo presidente da República teme que as políticas conduzam ao desespero das pessoas. Soares chega a dizer que se os mercados financeiros continuarem a mandar no país, pode ocorrer outra revolução.


Mário Soares confessa-se “relativamente preocupado” com a linha de austeridade seguida pelo Governo de Pedro Passos Coelho e dá nota negativa ao ministro das Finanças, que classifica de “político ocasional”. Inquieto com o que entende ser uma excessiva valorização do “dinheiro”, em prejuízo das “pessoas”, o antigo Presidente da República não exclui uma “revolução a sério”. Isto “se os mercados continuarem a mandar”.
O atual ministro das Finanças poderá ser “um grande técnico da economia”. Mas “é um político ocasional”. É assim que Mário Soares avalia o desempenho de Vítor Gaspar. Reparos que o antigo Chefe de Estado quis partilhar numa tertúlia no Casino da Figueira da Foz.
Num comentário à última entrevista de Vítor Gaspar ao jornal Público, o fundador do PS admitiu que ficou sem perceber o rumo que o Executivo quer prosseguir para o acerto das contas públicas do país: “Para dizer a verdade, não percebi. Acho que é confusa. Acho que não sou destituído. Tenho provado que não sou completamente destituído. Portanto, li aquilo com atenção mas realmente não percebi. Não sei onde é que ele quer chegar, nem onde vai e o que pretende”.
O ministro das Finanças, insistiu Mário Soares, “é um bom técnico” de economia. Contudo, sustentou o antigo Presidente, “é preciso que estejam políticos a dirigir isto e não técnicos, porque os técnicos só veem números”.
Soares defendeu que as medidas de austeridade devem ter “alguns limites”. A começar pelo Serviço Nacional de Saúde, que “não se pode entregar a um bom contabilista”. “Um bom contabilista é que diz agora vamos cortar, cortar, cortar. E a saúde dos doentes? E os transplantes? Então as pessoas vão morrer, vão deixar-se morrer? Não pode ser”, afirmou.
“Uma revolução a sério”
Mário Soares, que participou nas Tertúlias do Casino a par de Teresa de Sousa, coautora do livro “Portugal tem Saída”, não hesita em situar a raiz da crise económica e financeira nos mercados. E faz uma advertência: “Se esses mercados continuarem a mandar, nós vamos para o fundo e então tem que haver outra revolução, mas uma revolução a sério”.
“Nós temos que valorizar, em primeiro lugar, as pessoas e só depois o dinheiro. Ora, se nós considerarmos o dinheiro como o único valor, evidentemente que depois não nos admiremos que toda a gente vá assaltar ourivesarias e roube de lá o ouro e outras coisas, porque estão desesperados, não têm dinheiro”, disse Soares.
Parte das críticas do antigo Presidente da República recai sobre a troika do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia. Sobretudo no que diz respeito à avaliação da banca. Para Mário Soares, trata-se de “subserviência”. “Quer dizer, então eles agora vêm aqui escrutinar tudo e eles é que são os donos do país? Como é que é isso? Porquê? Quem são aqueles senhores?”, questionou-se.
Falta “audácia” à Zona Euro
Soares fez também uma leitura do atual momento do projeto europeu, argumentando que é “fundamental” manter o euro e a abertura de fronteiras consagrada no Acordo de Schengen. “Demos dois grandes pulos, que foram a moeda única e o espaço Schengen, que nos tirou as fronteiras. O que nos resta de contacto? Como nos vamos entender uns com os outros?”, perguntou.
Devemos tentar tudo para defender o euro e não deixar que o projeto europeu vá abaixo. Isto para mim é fundamental”, frisou Mário Soares, que defenderia ainda uma via de desvalorização da moeda única, embora para tal fosse “preciso audácia”.
O antigo inquilino de Belém alertou também para o que considerou ser o perigo de um recrudescimento dos movimentos nacionalistas, “que pode chegar até uma terceira guerra mundial”.

4 comentários:

  1. Boa tarde Miguel:
    Peço desculpa por não ser versado nas novas tecnologias e ainda me custar um pouco trabalhar com a informática.
    Comentei:
    Mario Soares quando esteve no governo meteu o socialismo na gaveta. Agora parece-me mais socialista.
    O PS depois do tufão Sócrates esteve quase a bater no fundo, espero que se recomponha depressa.
    Este governo do PPD (PSD deve ser outra coisa) além de não poder fazer muito, quando a "Troika" diz mata vão logo a correr esfolar-nos. Penso que estão zangados com os portugueses por terem andado tanto tempo a vota no PS.
    Gabriel Garcia Marquez na obra "A Aventura de Miguel Littin Clandestino no Chile" considera que o então presidente Salvador Allende se mostrava muito preocupado com os mais desfavorecidos. Numa viagem presidencial pelo Chile encontrou um apoiante que empunhava um cartaz que dizia: "ESTE É UM GOVERNO DE MERDA, MAS É O MEU GOVERNO". Allende cumprimentou o homem e aplaudiu-o.
    Há tempos pensava o mesmo, mas agora também já deve andar muita gente a pensar dessa maneira.
    Um abraço.
    Agostinho Ramada

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  2. Raposa velha este Soares...E gosta dos holofotes...
    O inginheiro filósofo deve estar roído de inveja por não estar no lugar do Seguro.Rei morto rei posto.
    maria

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  3. Agostinho Ramada
    Boa análise, ou sou eu é que estou de acordo com ela.
    Tenho o palpite que anda cada vez mais gente a pensar que este governo(e o anterior) é uma merda, tenho dúvidas que haja mais gente a dizer que "é o meu"...

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  4. maria
    É raposa velha e gosta de mimos, mas o que ele diz é a pura verdade. Todos os tecnocratas falam na definição dos objetivos, nas estratégias, na avaliação e na política não é a mesma coisa?
    Quais são os OBJETIVOS deste governo (e do anterior), o dinheiro, ou as pessoas? Só depois é que se podem definir as estratégias. A avaliação do que tem sido feita, é óbvia e continuando a linguagem do comentário anterior, é uma merda. Logo, é preciso mudar tudo!
    Bfs

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