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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Para os deslumbrados e/ou militantes da má vontade

Não há bons e maus governos. Há bons e maus governantes. Os bons são os que, quando saem, deixam o País, ou a sua área, melhor do que o encontraram. Os maus são os outros. Além do mais, a história nunca é tão simplista. Um bom governante também toma más decisões (Cavaco Silva, o Presidente da República, não se queixa hoje da forma dócil como o País deixou abater a estrutura produtiva na agricultura e nas pescas cedendo ao subsídio europeu?); um mau também sempre deixa algo de bom.
Vem isto a propósito da forma como por estes dias os comentadores, à falta do discernimento da História, se revolvem nos sinais. Pedro Passos Coelho a viajar em económica; Assunção Cristas a dispensar as gravatas para desligar o ar condicionado; Vítor Gaspar a comunicar com rigor pouco habitual na política; Nuno Crato a introduzir já a sua marca na actividade curricular - estes são, entre outros, alguns sinais positivos para alguns convertidos e minudências desprezíveis para quem está permanentemente na oposição.
Não querendo engrossar as fileiras dos deslumbrados nem a militância da má vontade, parece que aquilo que neste momento a cidadania descomprometida deve exigir é que os diversos governantes estudem bem os dossiers antes de tentarem introduzir mudanças avulsas. Não há nada pior do que as "reformas" que nada reformam e até ignoram o estudo e o esforço anteriores. Não temos de estar condenados a viver entre os incompetentes no poder e os génios que sempre hão-de chegar na próxima eleição. Se há pressa nas Finanças, na Economia e na Solidariedade Social, pelos motivos de todos conhecidos, deve haver reflexão na Educação, na Saúde, na Justiça.
No final se verá se o País ficou com um Estado mais ginasticado, se os liberais carregaram nos impostos como se fossem socialistas ou se desagravaram os cidadãos, se temos ou não menos institutos e fundações, se há menos boys, se a estrutura produtiva ficou mais forte, se a economia se tornou mais competitiva à escala global, se temos o mesmo número de freguesias, se acabámos com o escândalo das parcerias público-privadas, se as escolas, os hospitais e os tribunais se tornaram espaços mais competentes, enfim... se progredimos colectivamente.
Até lá devemos ser prudentes nas expectativas, porque a experiência nos ensina que nem todos os governantes são dados a terem as vincadas olheiras de Vítor Gaspar ou o ar cansado de Passos Coelho. Há outros sinais a que também temos de estar atentos, porque o pior, na política como na vida, nunca é aquilo que se vê ou se publicita.
por João Marcelino

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