A opinião é unânime: a semana atual é possivelmente a mais importante da vida da zona euro e pode definir a sobrevivência da moeda única, de acordo com vários economistas portugueses.
"O que está em causa é saber se a União Europeia (UE) sobrevive a si própria ou não", afirma o diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, José Reis, em véspera do Conselho Europeu que vai decidir um segundo processo de apoio à Grécia, com o objetivo de estancar o contágio a outras economias da zona euro.
Para o professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) Abel Fernandes, "a questão fundamental que está nesta altura em jogo é a própria sobrevivência da zona euro e a continuação do regime monetário que está formado em torno da moeda única".
Confessando mais uma vez a minha impreparação para a análise e debate de temas económicos e servindo-me apenas da intuição do merceeiro (sem jeito para o negócio), tenho acompanhado a problemática da crise financeira (gerada nos EUA), das dívidas soberanas (emergentes), dos planos (de resgate) desenhados por técnicos, das medidas (redentoras) impostas pelos credores, das subidas (im)previsíveis das taxas de juro, das (provocatórias) agências de notação, das posições dos estadistas (revistas e corrigidas), das privatizações (saque) do património dos Estados (impotentes), da instabilidade social (crescente) instalada, do empobrecimento da classe média que trabalha(va), do tempo (sem futuro) que vivemos e das posições de economistas e políticos de todas as visões e quadrantes.
Não vou repetir comentários que fiz noutras publicações sobre os assuntos elencados, mas quero sublinhar nesta notícia a convergência de previsões, que afinal a maioria dos académicos portugueses e estrangeiros tem vindo a fazer, com a clarividência e a lógica mais básica que nos obriga a acreditar no que o futuro próximo irá confirmar.
Já há tempos, numa palestra proferida por Felisbela Lopes, queixava-se ela de que os debates sobre qualquer assunto, desses a que se assiste nas TV e rádios, deveriam ser convidados, sempre, académicos, não só pelo estudo exaustivo dos problemas focados, mas sobretudo pela isenção (de interesses) da análise. Verificamos exatamente o contrário, convidados com interesses (pessoais, empresariais e corporativos), que mesmo camuflados de professores (às vezes) muitos deles até tem filiação partidária, quando não são dirigentes de partidos e sempre acumulando com a de administradores de várias empresas. Resultado, manipulação…
Nestes tempos do passado próximo, temos assistido a críticas contra a austeridade e propostas alternativas pela “escola” de Coimbra, que tem acertado antecipadamente nas etapas que se vão encadeando, a que a esquerda (radical, em que?) tem aderido e defendido e que agora a direita (não radical) vai aceitando, fruto dos factos…
Como se diz, hoje será o primeiro dia do fim da zona euro, mas se não for hoje, será um dia destes, logo que esteja garantido nos bancos o dinheiro para os acionistas, que está a ser sacado aos contribuintes e aos respetivos Estados, com a inocência dos respetivos governantes, que acreditam que estão a ser bons alunos, sabendo antecipadamente que não vão ser nunca classificados com SUFICIENTE…
E mais um académico, grego, que vaticina mais, ou menos o mesmo:
"O fim da crise na Grécia também depende das decisões que vão ser tomadas na cimeira extraordinária da Zona Euro. Se for apenas uma nova ronda de conversações, a recuperação pode demorar anos", considerou George Pagoulatos, professor associado no departamento de estudos económicos europeus e internacionais da universidade de Atenas.
"Tem de haver decisões corajosas. Após as medidas tomadas pela Grécia, como sérios custos políticos e sociais, é altura de a União Europeia [UE] demonstrar solidariedade com a periferia", acrescentou Pagoulatos.
Não fosse o pudor moral, diríamos que até era bom que a Grécia saísse da zona euro, sem pagar, para vermos os credores a mudarem de tática e os juros a baixarem até ao limite da decência.
Sra. Merkel, acabe logo com esta via sacra, para não ser crucificada pelos seus próprios concidadãos, até porque já caiu 3 vezes (nas eleições regionais) e não espere que algum dia os europeus lhe agradeçam dizendo: temos homem!
Parece-me que vão continuar a querer tratar o "cancro" com aspirinas.
ResponderEliminarAfinal, dá para rir com vontade de chorar.
Elisabete
ResponderEliminarNão há bem que dure sempre, nem mal que nunca acabe...