A decisão de cortar as emissões da RDP Internacional em onda curta "deixa muita gente que anda no mar sem cobertura" de rádio em português, disse Adelino Laranjeira, comandante da Marinha Mercante portuguesa.
"Não podemos esquecer que somos 15 milhões de portugueses, dos quais 5 milhões na diáspora, desde o Norte da Europa à Austrália, passando pelas Américas e por África. Ao deixarem a RDP Internacional só na Internet estão a deixar muita gente fora da cobertura", disse o comandante da Marinha Mercante e acrescentou: "Eu ando ao mar e nem todos os navios têm parabólica e nem todos os navios têm Internet. A única maneira é a Onda Curta".
O comandante Adelino Laranjeira pertence ao Sindicato dos Capitães, Oficiais Pilotos, Comissários e Engenheiros da Marinha Mercante, mas especificou que a sua opinião não representa o sindicato.
"Do espetro de transmissões da RDP foram precisamente ao pior", disse o comandante, acrescentando que também os camionistas portugueses que andam pela Europa e os que trabalham no interior de África ficam afetados com a medida.
"Não acredito que no interior da Guiné Bissau, de Angola e Moçambique, onde estão portugueses a trabalhar, exista Internet", disse Adelino Laranjeira, para quem à questão do acesso se junta a do custo. "Além disso, temos de pagar para ouvir [pela Internet] e com a Onda Curta ouvimos grátis", afirmou.
Questionado sobre se a medida faz sentido num contexto de corte de despesas e face ao número de ouvintes, o comandante considerou que outros serviços deveriam ser cortados primeiro. "É uma questão de opção. A RDP podia cortar na Antena 2, que é dirigido às elites e ouvido basicamente em Portugal", disse.
A RTP anunciou na semana passada que decidiu suspender as emissões da RDP Internacional na Onda Curta, a partir de 1 de junho, alegando como motivos a redução do número de ouvintes e a diminuição dos custos. "Esta decisão teve por base um conjunto de fatores como a diminuição dos ouvintes servidos por esta plataforma de distribuição, os custos acrescidos dos últimos anos e as necessidades de investimentos para melhoria das estações", explicou em comunicado a RTP.
Após consulta prévia à Anacom, a partir de dia 1 de junho a RTP suspende provisoriamente, para avaliação, as emissões da RDP Internacional na Onda Curta. No final deste período, serão avaliadas as consequências e será tomada uma decisão definitiva.
Para quem não percebe destas coisas da telegrafia sem fios, mas que desde pequenino ouve histórias de todos os matizes sobre a comunicação de rádio entre pescadores/pescadores e pescadores/família, que não tem nada a ver com estas ondas, não pode deixar de pensar nesta decisão da RTP, com base em razões económicas, sobretudo quando somos nós que pagamos esses serviços.
Ouvir rádio em português, pode ser um meio de fazer vingar a lusofonia e só por isso justifica a aposta, mas é sobretudo o acompanhar a portugalidade, nos cinco pontos do mundo e nos mais remotos onde mora a SAUDADE e por isso seria obrigatória a manutenção de tal serviço, não fosse a diarreia economicista que se alastra e contagia os mais competentes gestores…
Pelos traços mais vincados da notícia e da administração da RTP, adivinha-se aquela falácia, que de tão repetida querem que a engulamos, do “utilizador/pagador” (quem quiser ouvir paga a internet), mesmo que, também neste caso, estejamos a pagar duas vezes.
Não se percebe o alcance de tal medida, se tivermos em conta que a MISSÃO da RTP é o SERVIÇO PÚBLICO, é pago pelo público e não é para deixar ninguém privado…
Não façam mais ondas, já chegam os tsunamis naturais…
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