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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Todos tem direito a ver a COISA com a cor que gostam

A cerca de um mês da sua votação, a moção do Bloco de Esquerda está condenada ao fracasso. O PSD vai abster-se porque "em política não vale tudo", conforme anunciou o líder do partido, Pedro Passos Coelho, no final da reunião com a bancada. Mas o líder parlamentar, Miguel Macedo, avisou que "não é o seguro de vida do Governo".
Há dias, dizia eu aqui que a abstenção do PSd (assim se classificava no PREC, por ser o PS a diesel) seria segura, por uma outra razão tática, tão justificada como o tático anúncio da Moção de Censura pelo BE. E aí está! E disse mais, se fosse votada no Parlamento. E não foi!
Porque para o PSd, em política não vale tudo, mas veio demonstrar que vale, porque vem anunciar o mesmo, ou outro mecanismo futuro, que terá o mesmo efeito: derrubar o governo e seja o que Deus quiser!
E acrescentam que, o PSd não é seguro de vida do governo, embora seja a terceira vez que o reanimam, com bocas e mais bocas. Salvar agora, para quê, se o vão o matar mais tarde!
Esta notícia (das 62 da Google) é um relato técnico do acontecimento.
Não vejo razão para surpresas na abstenção do PSD na moção de censura ao governo. Passos Coelho "segurou" Sócrates, sim. Mas foi no ano passado, quando viabilizou o Orçamento. Agora está preso à coerência. Inês Serra Lopes

Esta notícia (das 62 da Google) é um relato crítico do acontecimento, baseando-se mais na análise da bondade/maldade da “Moção de Censura”, é a negação de taticismo por parte de Coelho (PSd), antes coerência (Ena!) e pronto!
E tem direito, como todos nós a ver a vida da cor que se quer…
O Bloco de Esquerda é a política em versão de comédia ‘stand-up’. Estrangulado à esquerda, Louçã precisa de espaço para o radicalismo populista elitista de um Bloco vocal para assim manter a ilusão da utilidade política.
E quem tem medo de eleições acaba fatalmente por ser derrotado.
Para evitar uma crise política, Portugal vive no impasse político. Um Governo que não governa, uma oposição sem projecto ou coragem política para iniciar um novo ciclo, um PSD que aguarda pelo melhor momento para fazer derrubar o Governo. Em política as conjunturas favoráveis não caem do céu, mas são o resultado de um trabalho político que se projecta numa inevitável consonância com o País. Será possível que não haja um desejo de mudança em Portugal? Carlos Marques de Almeida
Esta notícia (das 62 da Google) é um tese baseada no acontecimento, que parte da condenação sumária do BE e da intenção de apresentação da “Moção de Censura”, mas que durante a justificação apresenta todos os motivos e mais alguns, para que a Moção fosse apresentada e aprovada.
E tem direito, como todos nós a ver a vida da cor que se quer…
Era para dizer mais sobre a análise que sou capaz de fazer, mas ao encontrar a notícia/opinião seguinte, desisto, porque a análise é tão linear, que até eu já a tinha feito, por outras e menos palavras:
E lá vai o PSD segurar José Sócrates. Só há uma explicação para tal decisão: a impreparação e a falta de vontade de Passos Coelho e da falsa unanimidade que reina no PSD de assumir responsabilidades governativas. O resto é conversa (pouco) fiada.
1. Confirma-se: o PSD vai abster-se na votação da moção de censura apresentada pelo BE, inviabilizando-a. Graças aos sociais-democratas, José Sócrates pode - outra vez! - respirar de alívio. E até vozes que se manifestaram a favor da queda do Governo recuaram em prol da unidade em torno da posição do partido (não é José Pedro Aguiar-Branco?). Como é que Passos Coelho justificou a sua opção de segurar José Sócrates? Eis o que importa analisar de seguida.
1.1. Começamos por dizer que o discurso de Passos Coelho foi muito esperto, muito subtil - uma verdadeira ratice política (neste caso, uma coelhice a que já nos temos vindo a habituar). Desde logo, o líder do PSD desvalorizou a moção do BE, qualificando-a como uma "pseudo-moção". Tal afirmação parece-me de mau tom: em democracia, a moção de censura é um instrumento normal de controlo político dos executivos por parte do Parlamento. O BE, enquanto força política aí representada, tem todo o direito e legitimidade para apresentar uma moção de censura - como qualquer outro partido. Seria uma conceção original de democracia considerar-se que só as moções de censura apresentadas pelo PSD são verdadeiras moções de censura! Não existem pseudo-moções de censura: se o PSD votasse a favor, o efeito prático seria o mesmo - queda do Governo. E é isso que importa ressalvar. Contudo, facilmente se percebe o argumento de Passos Coelho: ao qualificar como "pseudo-moção de censura" pretende explicar aos portugueses que, em rigor, não inviabilizou a censura ao Governo José Sócrates - e logo segurou o primeiro-ministro - mas apenas se limitou a impedir uma "brincadeira" do Bloco de Esquerda. Tentando que o PSD se afirme novamente como o partido da responsabilidade e do sentido de Estado. Há que reconhecer: foi uma forma subtil e airosa de se livrar da "batata quente" que tinha nas suas mãos. Pequeno detalhe: os portugueses não são estúpidos e sabem que não existem pseudo-moções de censura. Caso o PSD votasse a favor, o Governo José Sócrates cairia. O resto é conversa. Eis a primeira coelhice de Passos Coelho.
1.2. Ademais, Passos Coelho revelou que estará atento à atuação do Governo, colocando o cenário de uma moção de censura em caso de irresponsabilidade e descontrolo financeiro. Traduzindo para português corrente a linguagem coelhesca: o PSD vai apresentar moção de censura ainda antes do verão ou faz cair o Governo na apresentação do Orçamento de Estado para 2012! Está na cara! Note-se que o PSD não colocou nenhuma meta, nenhuma fasquia, nenhum intuito em concreto. Não! Limitou-se a dizer que, caso a situação financeira seja de tal forma ruinosa, o PSD deixa cair o Governo - ora, isto dá para tudo.
Objetivos de Passos Coelho com esta afirmação: primeiro, mostrar que lidera a oposição e demarcar-se de José Sócrates, tentando mostrar que a inviabilização da moção de censura não significa dar abertura política ao Governo; segundo, impedir que seja acusado de contradição quando decidir fazer cair o Governo José Sócrates nos próximos meses. Explico: Passos Coelho vai "inventar" um motivo qualquer para precipitar a queda do Governo quando achar conveniente para si, dizendo que as condições do país em março - em comparação com o verão ou com outubro - serão completamente diferentes. Ao criar uma falsa dissemelhança entre dois momentos políticos, Passos Coelho vai tentar vender aos portugueses a versão do PSD responsável, sempre atento ao interesse nacional. Eis a segunda coelhice do dia de ontem.
1.3. Repararam que Passos Coelho só muito fugazmente se referiu ao interesse nacional para justificar a não viabilização da moção de censura? E, no entanto, curiosamente, tem sido o argumento principal daqueles que defendem a posição do partido: os mercados financeiros estão atentos, não perdoariam a agitação política, a mudança de governo, blá, blá, blá... Porquê tal omissão no discurso de Passos Coelho? É uma evidência: precipitar a queda do Governo no verão ou em outubro é muito pior para o interesse nacional do que seria agora! Portugal corre o risco de não ter Orçamento para o próximo ano a tempo e a horas - ou, então, prolongar um mau orçamento (o de 2011) nos primeiros meses de 2012! Mais uma vez, Passos Coelho foi esperto - eis a terceira coelhice de ontem.
2. Enfim, deixemo-nos de conversas fiadas, cantigas repetidas ou discursos para português ouvir: só uma razão explica a não viabilização da moção de censura por parte do PSD. Passos Coelho não quer assumir já o Governo do país. Após um ano de liderança ainda não tem programa, projeto alternativo nem uma equipa que lhe dê garantias. É triste: Passos Coelho teve de sacrificar o interesse nacional (mudar rapidamente de Governo e de rumo!) em nome do interesse partidário (adiar a assunção de responsabilidades). Não é um episódio feliz para a democracia portuguesa. Exigia-se mais do maior partido da oposição. João Lemos Esteves
É isso aí, deixemo-nos de conversa fiada!

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