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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Política, políticos, “negócios” da banca à parte…

O mundo mudou, os políticos adaptaram-se e o Governo de Passos Coelho nem sequer achou obrigatório dar a cara num dia como o de ontem, o domingo em que se enterrou um banco sistémico e com ele todos os seus acionistas e uma parte dos que lhe emprestaram dinheiro - os obrigacionistas subordinados.
A ausência deliberada de Passos, preenchida pelo brevíssimo comunicado da ministra das Finanças, é política pura. Destina-se a poupar o Governo a mais este desgaste, remetendo para o governador do Banco de Portugal as despesas do rombo. Faz sentido que seja um técnico - não eleito pelos portugueses - a dar o passo em frente num momento tão difícil?
A resposta tem duas partes. A primeira será dada nos próximos dias. Se os depositantes e clientes do Novo Banco se mantiverem firmes, isso significa que a palavra do governador foi o bastante para tranquilizar o país. Todos esperamos que seja assim, até porque esta nova entidade financeira nasce em 2 dias, mas aparece com a carteira recheada (4.900 milhões de euros) e, mais importante, surge livre de riscos. A parte tóxica ficou toda no BES-mau. Mas se por algum motivo surgisse algum tipo histeria, estou certo que Passos se arrependeria de não ter dado a cara neste domingo - afinal, não foi um domingo qualquer.
Além desta responsabilidade, há outro ponto. A solução encontrada é boa, favorece a economia e em caso algum os contribuintes serão chamados a pagar a conta se alguma coisa correr mal, como aconteceu no BPN - serão as 80 instituições financeiras que compõe o Fundo de Resolução que terão de pagar a conta. Ainda assim, o Estado (nós) estamos a emprestar dinheiro, não há risco de perda, mas há pelo menos um custo de oportunidade. Este dinheiro, se não fosse usado no Novo Banco, poderia ter outro fim. Passos não tem responsabilidade na derrocada do GES e na contaminação do BES, mas o primeiro-ministro é ele, não o governador. Então que fale. Um último ponto: é importante perceber que juros e em que prazo terá de ser pago este empréstimo.

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