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segunda-feira, 14 de julho de 2014

É BEStial! Ninguém sabia de nada… Serão todos nerds?

O líder do BPI adiantou que o que se passa no BES é um “assunto muito sério que tem sido agravado por uma comunicação desastrosa”. Angola e PT são 2 das questões a esclarecer, referiu.
O caso BES é um “abcesso” que é “preciso retirar” da “caminhada de prestígio do país”, afirmou o presidente do BPI, Fernando Ulrich. A melhor forma de retirar o BES dos “holofotes mediáticos” é, segundo Ulrich, respondendo a 3 questões:
A primeira centra-se em Angola. “Foi mostrada a fotografia mas há que mostrar o filme todo. Alguém acredita que um estado soberano como Angola dê uma garantia de 4,2 mil milhões de euros (70% do total da dívida) e não exige nada em troca?”, questionou o líder do BPI;
A segunda questão que deve ser esclarecida tem a ver com a Portugal Telecom: “Já se sabe que a PT fez este investimento. Qual a dificuldade em explicar se se vai pagar à PT, ou não? E se não for paga o que acontece?”;
Para último, ficaram as holdings do grupo. “Tem que se mostrar contas e gráficos com setinhas em que se explique tudo tim-tim por tim-tim para que qualquer aluno da 4.ª classe perceba o que se passa”, referiu.
Quando a Bolsa de Nova Iorque abre em queda por causa de notícias sobre os problemas do Grupo Espírito Santo (GES) e dos efeitos de contágio no BES, quando os principais índices de bolsa na Europa caem por causa de um banco em Portugal, quando o Financial Times e o Wall Street Journal têm como principais notícias os receios dos investidores em relação a um ‘portuguese lender', já não há tempo para meias-respostas.
António Costa
É preciso pôr tudo cá fora, e já, por mais duras que sejam as novas revelações.
Portugal andou 3 anos a reconstruir um capital de credibilidade para regressar aos mercados, saiu do programa de ajustamento com uma ‘saída limpa', com a ajuda do BCE e a imposição dos parceiros europeus, e voltou a financiar-se sem rede de protecção da ‘troika'. Isto tudo aconteceu no dia 17 de Maio. Hoje, 11 de Julho, tudo parece estar em causa. Sem necessidade. E com a ‘ajuda' incendiária de Lagarde e do FMI.
Durante semanas, o Banco de Portugal, o BES e o GES construíram muros de defesa à volta do banco, os rácios de solvabilidade foram reforçados e as holdings não financeiras foram obrigadas a revelar, num prospecto de aumento de capital do BES, informações que mostraram a situação financeira calamitosa do grupo. Não do BES, mas do GES. Na verdade, hoje, a forma como o processo foi gerido, o tempo que demorou, a indicação e a queda de Morais Pires, a revelação do nome de Vitor Bento, levaram o mercado a reagir, a fugir dos Espírito Santo como o diabo foge da cruz.
Fernando Ulrich, sempre Ulrich, não foi feliz ao dizer que o caso BES é um abcesso que tem de ser removido. Mas não estamos em fase de cuidado com as palavras. O presidente do BPI pressente o que pode vir por aí, o que está em causa, e pede informação. Ricardo Salgado, Carlos Costa e Vítor Bento - e Pedro Passos Coelho - não vão ter outra oportunidade. Hoje de manhã, os investidores têm de acreditar que o BES está protegido dos problemas do GES, tem de acreditar que a falência do grupo não põe em causa o banco. Não tem de pôr, com a informação que está disponível a esta hora.
É difícil para qualquer investidor - e para qualquer contribuinte português - perceber o que se passou para chegarmos a este estado, depois de tantas auditorias e avaliações, testes de stresse e investigações dos reguladores. E se há a suspeita de que não se sabe tudo sobre o BES, quem garante que outro banco não tem os mesmos problemas? E se em Portugal há problemas, o que se passa em Espanha, que sofreu uma intervenção de 60 mil milhões na banca?
O BES está capitalizado, e o Estado continua a ter a linha de capitalização para reforçar os rácios do banco se tal se vier a verificar, como o fez no BCP e no BPI. Não há razões para alarme, mas, como foi possível observar em casos na Europa, os rácios são uma fotografia, não são um filme. E os investidores não gostam do filme que estão a ver, de série B.
O mercado tem de conhecer já a efectiva exposição do BES ao grupo Espírito Santo, os riscos, as garantias que existem, e o plano de reestruturação que está a ser preparado. Sem isso, não haverá ‘ring fence' que resista, nem no BES, nem em lado nenhum.

3 comentários:

  1. Miguel,
    Está sempre tudo bem. Até deixar de estar.
    Não conheço nenhum outro sector de negócio que possua um tão elevado estado de excepção na partilha de informação e, por conseguinte, na defesa do seu próprio interesse.
    O regulador que anda (diz o próprio) a acompanhar a situação há um ano, em oito dias passa de sorridente e confiante a preocupado e a convocar reuniões a horas estranhas para forçar soluções. Mas não estava tudo bem?
    A peça vai ter mais actos. Não acaba para já. E não estou tão seguro de que não haja uma "marosca" qualquer montada para almofadar insucessos (bail-in).
    Saudações,
    LV

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    Respostas
    1. Para além desses perigos, já digo há muito que quando a bomba rebentar, vai-se ver muita coisa suja... do pior.

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    2. Para além de tudo, o que digo há muito, é que quando a coisa explodir via-se ver muita sujidade...

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