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sábado, 19 de julho de 2014

Com quantos mortos se comete um genocídio?

Genocídio é o extermínio ou a desintegração de uma comunidade pelo emprego deliberado da força, por motivos raciais, religiosos ou políticos, entre outros. Para a ONU, esse tipo de agressão configura-se como delito contra a humanidade.
Segundo a imprensa turca, Erdogan disse, numa mesquita em Istambul, que "Israel comete um genocídio" em Gaza e que o país "ameaça a paz mundial".
"Consideramos esta declaração ofensiva e equivocada", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, na sua conferência de imprensa diária.
Psaki rejeitou "esse tipo de retórica provocativa", que, segundo disse, "não ajuda e distrai" os esforços "urgentes" para conseguir um cessar-fogo.
Questionada pelos jornalistas, a porta-voz recusou avançar com um número de mortos a partir do qual os Estados Unidos considerariam que está a ocorrer um genocídio em Gaza, onde já morreram mais de 290 pessoas, a maioria civis, incluindo cerca de 80 crianças.
Psaki afirmou que há uma "ampla gama de definições" e considerou "horrível" a morte de "tantos civis".
O presidente americano, Barack Obama, conversou por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para expressar a sua preocupação pela crise na Faixa de Gaza após o início de uma ofensiva terrestre israelita.
Obama declarou que, embora Washington apoie o direito de Israel se defender, os “Estados Unidos e os nossos aliados e amigos estamos profundamente preocupados com os riscos de uma escalada e pela perda de mais vidas inocentes”.
Netanyahu disse que Israel está a preparar-se para intensificar a sua ação.
Enquanto uma Psaki qualquer, mesmo no papel de porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, se apropria do direito de interpretar, a seu bel-prazer, entre uma ampla gama de definições de genocídio, o seu presidente vem por água na fervura, reconhecendo porém que a “retórica provocativa” pode redundar numa escalada de violência, considerando, como a porta-voz, horrível a morte de tantos civis e inocentes…
Entretanto, o moralista Netanyahu, fazendo orelhas moucas ao seu interlocutor, Obama, responde-lhe aumentando a intensidade nos jogos bélicos, com a mesma definição da Psaki e o mesmo sentimento dos dois…
Enquanto isso, a violência banaliza-se, entre uma ampla gama de definições…
Palestinianos de Gaza encolhiam-se temendo pelas suas vidas enquanto militantes do Hamas pediam por valentia depois de Israel enviar forças, na quinta-feira, ao densamente povoado território após 10 dias de trocas de tiros na fronteira.
Noah Browning
Pessoas abandonaram casas em ruas normalmente apinhadas depois de uma noite de bombardeios. Navios lançando tiros de metralhadoras aproximaram-se da costa mediterrânea do enclave no deserto, com disparos de artilharia iluminando de laranja o horizonte a cada poucos segundos e balançando edifícios com ataques aéreos.
Grupos pequenos de homens sonolentos marcharam para as orações da sexta-feira na Cidade de Gaza, apesar do incómodo frequente da artilharia israelita.
"Estamos aterrorizados. A minha família inteira ouve as bombas a cair à nossa volta e podemos ser atingidos a qualquer momento. Sentimos que não há nada que possamos fazer para nos proteger", disse Yousef al-Hayek, de 60 anos, vestindo uma túnica branca e apertando um terço islâmico. "Tudo está nas mãos de Deus. A invasão era esperada, mas agora como irá terminar não está claro. Temos a esperança de uma trégua."
Entre os 23 palestinianos mortos na escuridão da noite após as operações terrestres israelitas anunciadas para destruir túneis subterrâneos usados por militantes, 3 eram jovens primos - Mohammed, Mohammed e Ali Nutaiz, com idades entre 4 e 26 anos.
Fugiram com as suas famílias do fogo dos tanques israelitas numa cidade da fronteira, apenas para serem mortos quando a casa onde se abrigavam foi bombardeada, disse um parente.
Médicos palestinianos dizem que 222 dos 260 habitantes de Gaza mortos na ofensiva de Israel eram civis, incluindo 40 crianças.
O Hamas, por outro lado, saudou o avanço de Israel e afirmou não poder esperar para matar e capturar soldados, depois de muitos dos seus 1.400 foguetes - de acordo com o Exército israelita - serem desviados. Um civil israelita foi morto, além de um soldado, durante a incursão.
"Vocês estão a prometer-nos o que estamos esperando? Gaza está à vossa espera, para que sofram a morte amarga", disse Abu Ubeida, porta-voz mascarado da ala armada do Hamas, as Brigadas al-Qassam. "O mundo verá as caveiras dos vossos soldados, pisadas pelos pés descalços das nossas crianças. Iremos transformar isso na esperança da prometida liberdade amanhecendo em breve para os nossos prisioneiros", afirmou, referindo-se à esperança de sequestrar soldados israelitas e trocá-los por prisioneiros palestinianos.
Israel afirma tomar cuidado para evitar vítimas civis e que tem como alvo apenas os militantes e as suas armas. Diz, no entanto, que o objetivo não é fácil, porque os grupos atiradores de foguetes utilizam áreas residenciais como cobertura contra um inimigo com poder de fogo muito superior.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta sexta-feira que "a força de defesa israelita é um exército singularmente moral e não aspira ferir nenhuma pessoa inocente. Nem mesmo um. Agimos apenas contra alvos terroristas e lamentamos qualquer dano, por engano, provocado a civis."

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