(per)Seguidores

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O roubo descompensa e o Banco (dos réus) não tem clientes…

Se no início da crise eram apenas os desempregados que recorriam à Deco em busca de uma solução para liquidarem as suas dívidas, agora o panorama está diferente.
De acordo com o boletim estatístico do Gabinete do Sobre-endividado (GAS) da Deco, são os pensionistas e os funcionários públicos os novos ‘clientes da casa’. Em causa, os cortes nos salários e nas pensões.
“As famílias estão numa situação financeira mais débil e já não conseguem reestruturar as suas dívidas devido à ausência quase total de rendimentos”, disse Natália Nunes, responsável do GAS.
Segundo o boletim estatístico em causa, a maioria dos sobre-endividados que recorrem à Deco ainda são os trabalhadores do setor privado (33,6%) e os desempregados (30,4%). Contudo, tem vindo a crescer significativamente o número de reformados e funcionários públicos a pedir ajuda.
Se no ano passado os reformados representavam 11,6% dos pedidos de ajuda, este ano o número aumentou para 15%. Entre os funcionários públicos a subida é mais modesta (de 15,6% para 16,1%), no entanto espelha uma tendência que não deixa de ser preocupante.
Este crescimento é explicado por Natália Nunes como consequência dos “cortes salariais e da falta de perspetiva de voltarem a ter o mesmo rendimento que tinham antes”. Esta situação, sublinha, “está a causar um grande desespero e a levar as pessoas a perceber que têm de pedir ajuda”.
Só nos primeiros 6 meses do ano a GAS recebeu mais de 17.000 pedidos de ajuda.
O Estado financia formação a desempregados, acabando por esconder um grande número dos que estão sem emprego. São quase 162.000, que poderiam fazer disparar a taxa de desemprego de 15,1% para 18,2%.
Constatando-se que os cortes salariais ultrapassam o desemprego nas causas para o sobre-endividamento, convém olhar devagar para o assunto, para não sermos levados por uma visão desenquadrada dos direitos constitucionais e das manobras político-ideológicas…
Se no princípio eram os desempregados os aflitos e preocupados com as dívidas, esses estão resignados com a falta de emprego, e mais grave, sem subsídios de sobrevivência… E pronto, estes já estão arrumados e nas prateleiras da “marginalidade” dos “caloteiros”…
Curiosamente, e para complicar estas conclusões, um outro estudo vem dizer-nos que o desemprego não é o que se diz, que andará nos 18,2%, se não houvesse marteladas nos números, o que garante, por muito tempo, o 1.º lugar aos desempregados nesta corrida maluca para a pobreza…
E apesar de até agora serem os trabalhadores do setor privado que estavam à frente da bicha das queixas à Deco, à frente dos desempregados, em 3.º lugar vêm os Reformados, logo seguidos dos Funcionários Públicos, que se vão aproximando do pelotão, apesar dos cuidados do Tribunal Constitucional os ir recolhendo no “carro vassoura”…
Mas é aqui que não se entende a explicação que nos é apresentada no que aos Funcionários Púbicos diz respeito, por considerar a cauda como consequência dos cortes salariais e da falta de perspetiva de voltarem a ter o mesmo rendimento que tinham antes, quando o Tribunal Constitucional reprovou recentemente os cortes propostos pelo governo no OE2014 e ter reposto o mesmo rendimento que tinham antes da crise, ou seja, em 2010.
E o mesmo se pode dizer sobre os Reformados, que têm pendente no TC a decisão sobre o aumento da taxa da ADSE, bem como da CES…
Se a própria Deco, parte do princípio de que os acórdãos do TC são verbos de encher e que o governo, mesmo insistindo nos mesmos cortes, vai levar os nossos rendimentos para os cofres dos banqueiros, está a entrar no jogo de “hipnotismo” com que o executivo e os seus partidos nos tentam adormecer, sem dor e como terapia de um grande hospício…
Num país em que se discute, superficial e banalissimamente, mais uma fraude bancária, agora no BES, que vai gerar mais desemprego, enquanto se forçam os cidadãos (desempregados, reformados e trabalhadores) ao empobrecimento evitável com algum do dinheiro deste “buraco”, algo vai mal no reino de Portugal e ninguém vai a tribunal…
Quem incumpre com os Bancos, é chamado à justiça, se são os Bancos a incumprir, quem os chama ao Banco dos réus?
Há bancos e bancos, há justiça e injustiçados…
Viva a “demoniocracia”!

Sem comentários:

Enviar um comentário