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domingo, 13 de julho de 2014

A imoralidade (privada) dos moralistas (públicos)…

Há quanto tempo estamos a desabar? Os jornalistas vivem com a cabeça nas trincheiras, mesmo quando faz sol encontramos maneira de ver o lado mau (a seca queima a agricultura, o alcatrão que derrete, se fizer muito calor), mas isto é de mais.
André Macedo
Os bancos tremem, digo, o BES tremeu e vai andar em gelo fino nos próximos meses, embora amparado, no limite, pelo Estado. O Grupo Espírito Santo, logo ali ao lado, está em processo de implosão. As famílias zangam-se, apunhalam-se, a economia patina suavemente. Há empréstimos bilionários disparatados, sem explicação possível, sem racional, como dizem pomposamente os financeiros, logo eles, sempre os primeiros a trair as próprias convicções e ainda e sempre com lugar reservado à mesa.
Reputações que se julgavam sólidas desaparecem, está toda a gente apenas a tentar controlar os danos. A fusão PT/Oi resistirá ao ocaso? O Grupo Espírito Santo ficará reduzido a quê exatamente depois disto tudo e quem levará na enxurrada, quantas empresas, empresários e empreendedores, quantos empregos irão com a maré que vaza e ainda não parou de baixar? Já não temos gestores a construir. Temos gestores de falência, especialistas em dívida, economistas, como Vítor Bento, elevados subitamente a banqueiros para tentar aguentar a credibilidade perdida e reparar os danos, limpar a casa. Não é normal, mas fazemos de conta que sim.
O que não falta é informação, factos, assuntos de capa de jornal, mas a informação só interessa realmente quando produz consequências de fundo, embora ande tudo lentamente, numa espécie de indulgência de fim de regime. Há uma terrível sensação de que Portugal, nos últimos anos, na última década, tem andado de ressurreição em ressurreição, um fracasso dá lugar a outro ainda e sempre maior. Suplantamo-nos na mediocridade e no encobrimento. Tanta asneira junta num país tão pequeno, e as pessoas sentem incrivelmente que é assim que a coisa funciona e então consentem, acomodam a desonestidade. Há momentos em que as ações devem vir primeiro, só depois as palavras, li algures. Estamos num momento desses.
É preciso cortar a direito.
Chega de mentiras. Repito: não é o Estado, somos nós.

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