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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Um poema agridoce

Os donos do mundo trancaram as portas
Puseram grades nas janelas todas
Altearam os muros para que os olhos
Não fossem para além das pedras
Encheram as horas de tarefas
Entupiram os corpos de fome
Proibiram os cochichos.
Mais tarde proibiram o sexo
Exceto para corpos de meninos a haver
Esconderam os livros
E obrigaram a pôr vendas nos olhos.
Os donos do mundo só deixaram as varandas abertas das suites
Que enfeitaram com púrpuras rosas em taças de cristal
E outras de prata
Tiveram um pequeno deslize
Esqueceram-se de apagar a luz do luar
A cintilante claridade das estrelas
E o povo saía à rua em noites assim
E foram tantas as noites
E tantos os sonhos acariciados na sombra
E nos olhos das estrelas claras como as águas
Que o peso dos muros descerrou as gargantas
Cantou-se com cravo a flor sonhada
E houve ilusionistas inusitados...

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