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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Quem maltrata meus filhos, minha boca amarga!

“Antigamente tinha 6 teorias sobre o modo de educar as crianças. Agora tenho 6 filhos e nenhuma teoria.” Lord Rochester
Vários autarcas dos concelhos afectados pelo anunciado encerramento de 311 escolas do 1.º ciclo do ensino básico não sabem o que vai acontecer aos jardins-de-infância acoplados a alguns desses estabelecimentos.
A hipótese chegou a ser posta em cima da mesa, nalgumas das reuniões mantidas com os autarcas, mas a comunicação final do Ministério da Educação e Ciência (MEC) não se refere especificamente ao futuro dos estabelecimentos da rede pré-escolar. Daí que esteja lançada a confusão.
“Chegámos a ser notificados para nos pronunciarmos também sobre uma proposta de encerramento de uma série de jardins-de-infância, mas o fax que recebemos é ambíguo. Refere-se ao encerramento de escolas EB1 e Jardins-de-Infância e nós ficamos sem perceber o que é que está em causa”, adiantou Paulo Pereira, vice-presidente da Câmara de Baião, que é o concelho onde mais estabelecimentos de ensino fecham com a reorganização da rede escolar: 11.
Em Moimenta da Beira, onde 6 escolas já não deverão reabrir as portas em Setembro, o autarca José Eduardo Ferreira diz-se também confuso sobre a matéria. “Na tipologia das escolas a encerrar encontra-se a inscrição EB1/JI [Jardins-de-Infância]; posso admitir que se trate de um mero lapso, mas a verdade é que ninguém sabe o que é que o ministério pretende fazer sobre isto”, declarou, para explicar que as 6 escolas cujo encerramento foi decretado têm acoplados jardins-de-infância. “Vamos ter que esclarecer isto com o Ministério da Educação, que tem a obrigação de se mostrar disponível para estas conversações, lamento é que não o tenha feito antes de nos confrontar com uma decisão que nos chegou via fax na madrugada do dia 23 para 24”, acrescentou.
À semelhança do que aconteceu com as escolas do 1.º ciclo, o processo de reajustamento da rede de jardins-de-infância está a decorrer, “sendo este autónomo do da reorganização da rede escolar do 1.º ciclo, já que as crianças que frequentam os jardins-de-infância não estão abrangidas pela escolaridade obrigatória”, segundo explicou fonte do gabinete do ministro Nuno Crato. Reconhecendo que “quando se realizaram as reuniões sobre as escolas do 1.º ciclo, também foram trabalhadas propostas relativas aos jardins-de-infância”, a mesma fonte disse que as autarquias ainda não receberam informações sobre esta matéria, porque “o reajustamento da rede de jardins-de-infância ainda está a decorrer”. O processo, acrescentou, “deverá ser finalizado em breve”, sendo que nada obsta a que um jardim-de-infância possa manter-se aberto, “independentemente de a escola do 1º ciclo acoplada ser encerrada”.
Preocupado com essa possibilidade, o vice-presidente da Câmara de Baião avisa desde já que deslocar crianças de “3, 4 e 5 anos levanta problemas mais graves” à autarquia e aos pais. “Estamos a falar de uma educação de proximidade que espero não venha a ser posta em causa”, disse, explicando que na reunião que a autarquia manteve em Abril com representantes da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares foi proposto o encerramento de 3 jardins-de-infância: Lordelo, Ladoeiro e Senhora.
O autarca de Moimenta da Beira concorda que “transferir os alunos do pré-escolar para estabelecimentos que, nalguns casos, ficam a mais de 20 quilómetros, coloca problemas muito sérios aos quais terá que ser o ministério a responder”. Nestes casos, “o transporte fica muito mais caro, nomeadamente porque obriga ao uso de cadeirinhas”, sublinha também Francisco Almeida, membro da Fenprof, dizendo-se convencido de que o anúncio do encerramento de jardins-de-infância “ficou para mais tarde, porque o ministério não protocolou com as câmaras o transporte destas crianças, não podendo nestes casos, como fez com as escolas, chegar e impor a decisão”.
Mais uma medida para desmotivar a natalidade e continuarmos com o défice de nascituros.
Pondo de parte os polémicos encerramentos das EB1, que só chateiam as populações atingidas, mas mais essas crianças e mesmo pondo de parte o rigor duvidoso das escolas escolhidas, que só chateiam as populações atingidas, mas mais essas crianças, pelas notícias que pré-anunciaram as decisões do MEC, ninguém imaginava que os fechos também incluíam os jardins-de-infância, pela simples razão de nos pormos na situação dos pais das criancinhas, que não têm culpa da imbecilidade dos adultos, sejam ministros ou serviços dependentes… Mas pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
Parece que a primeira razão para o encerramento de jardins-de-infância, segundo o MEC, que confirma as propostas feitas, está na não obrigatoriedade deste grau de ensino, obrigatoriedade que depende do mesmo ministério… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
Quando o Ministério da Educação e Ciência vem dizer que o reajustamento (encerramento) da rede de jardins-de-infância ainda está a decorrer e que processo deverá ser finalizado em breve, quer dizer que há mesmo jardins-de-infância que vão ser encerrados… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
E quando são os autarcas a chamarem a atenção para o óbvio, que deslocar criancinhas de 3, 4 e 5 anos para mais de 20 quilómetros, dá vontade de perguntar qual é a preparação e as competências pedagógicas e conhecimentos sobre o desenvolvimento das crianças, e até de economia, pelos problemas graves que gera, não tanto, mas também às autarquias, mas sobretudo aos pais e mais ainda às criancinhas… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
Sabemos todos ou desconfiamos, que esta medida de encerramento de estabelecimentos do 1.º ciclo tem por trás tentativas de “economizar” uns tostões, escondendo-se atrás de sublimações pedagógicas, mas se forem apresentados estudos económicos rigorosos, estes cairão por terra. Já há 40 anos, estando eu na direção de uma EB2,3, para justificar a construção de uma nova escola numa freguesia de um concelho, pegando apenas nos custos anuais de transporte dos alunos daí provenientes, concluí, contas feitas, que 5 anos bastariam para pagar o novo edifício, oferecendo melhor qualidade de vida para os jovens utentes. No caso dos jardins-de-infância, o “prejuízo” não vem apenas do uso de cadeirinhas, mas apenas pelo preço desse transporte… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
O que transparece é que está a transferir-se competências do MEC para a Secretaria de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, se entretanto o governo não imputar essas despesas para as autarquias e declinando-as… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
E eles tão preocupados com a natalidade e tão fixados nas criancinhas (dos outros)…
Viva a proximidade da família!
Abaixo a “pedagogia”!

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