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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Só as “bem-aventuranças” poderão compensar os pobres…

Garantir que até 2022 ninguém viva com menos de 1,25 dólares (91 cêntimos) por dia é uma das metas apresentadas pela Oxfam. A ONG diz que a concentração da riqueza é atualmente uma "desigualdade sem precedentes".
O fosso entre ricos e pobres continua a ser cada vez maior. Em janeiro, segundo a ONG, Oxfam, as 85 pessoas mais ricas do mundo tinham os mesmos recursos económicos que a metade mais pobre da população mundial - cerca de 3.500.000 de cidadãos.
Na última semana a ONG revelou que em 2030 haverá 400.000.000 de pessoas a viver em pobreza extrema, caso a trajetória de crescimento que fomenta a desigualdade não seja alterada.
A austeridade na Europa lançou 800.000 crianças na pobreza, um dos efeitos mais visíveis das medidas tomadas pelos governos a partir de 2008, sustenta um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado hoje.
"Em 2012, 123 milhões de pessoas nos 27 (na altura) Estados membros da União Europeia, ou 24% da população, estavam em risco de pobreza ou exclusão social (...) e cerca de mais 800.000 crianças viviam na pobreza que em 2008", lê-se no "Relatório sobre Proteção Social no Mundo 2014/2015", no capítulo "Erosão do modelo social europeu".
Segundo o documento, o aumento da pobreza e da desigualdade resultou não apenas da recessão global, "mas também de decisões políticas específicas de redução das transferências sociais e de limitação do acesso a serviços públicos de qualidade", que se juntam "ao desemprego persistente, salários baixos e impostos mais altos".
"Em alguns países europeus, os tribunais declararam os cortes inconstitucionais", prossegue o relatório, apontando os casos de Portugal, Letónia e Roménia, e acrescentando a iniciativa do Parlamento Europeu de investigar a legitimidade democrática das medidas de ajustamento e do seu impacto social em Portugal, Irlanda, Chipre, Espanha, Eslovénia, Grécia e Itália.
"O custo do ajustamento foi transferido para as populações, já confrontadas com menos empregos e rendimentos mais baixos há mais de 5 anos. Os ganhos do modelo social europeu, que reduziu significativamente a pobreza e promoveu a prosperidade no pós II Guerra Mundial, foram erodidos por reformas de ajustamento de curto prazo", lê-se no documento.
O relatório da agência da ONU para o Trabalho, com sede em Genebra, sublinha no entanto que, contrariamente à ideia generalizada, a austeridade não atingiu apenas os países europeus. "Em 2014, nada menos que 122 governos reduziram a despesa pública, 82 deles de países em desenvolvimento", afirma.
Essas medidas, tomadas na sequência da crise financeira e económica de 2008, incluíram "reformas dos regimes de aposentação, dos sistemas de saúde e de segurança social (...), supressão de subvenções, reduções de efetivos nos sistemas sociais e de saúde".
Atualmente, mais de 70% da população mundial não tem uma cobertura adequada de proteção social, definida como um sistema de proteção social ao longo da vida que inclua o direito a prestações familiares e para menores, subsídio de desemprego, de maternidade, de doença ou invalidez, pensão de reforma e seguro de saúde.
Em matéria de saúde, o relatório indica que 39% da população mundial não tem acesso a um sistema de cuidados de saúde, percentagem que sobre para os 90% nos países pobres. Segundo a OIT, faltam cerca de 10.300.000 de profissionais de saúde no mundo para garantir um serviço de qualidade a todos os que dele necessitam.
Sobre as pensões, a OIT indica que 49% das pessoas que atingiram a idade da reforma não recebem qualquer pensão. Mas, dos 51% que recebem, muitos têm pensões muito baixas e vivem abaixo do limiar de pobreza.
Relativamente ao desemprego, só 12% dos desempregados de todo o mundo recebem subsídio de desemprego, percentagem que varia entre os 64% na Europa e os menos de 3% no médio Oriente e em África.
Para além de haver quem negue a existência do Holocausto, também há quem negue esta realidade desumana, mas o mais grave é que haja quem a defenda e mais grave ainda quem se esforce e contribua para que tal “pecado capital”, se mantenha e expanda…
Pensar-se que é possível a alguém, em qualquer parte do mundo, sobreviver com 91 cêntimos por dia, é mais grave do que defender a escravatura, em que se trabalhava, mas havia “cama”, mesa e pouca roupa suja… E são estes os moralistas oficiais da humanidade!
Já sobre a austeridade e as suas consequências económico-sociais, já foi tudo dito e ninguém tem dúvidas de que o aumento da pobreza e da desigualdade resultou não apenas da recessão global, mas também de decisões políticas específicas de redução das transferências sociais e de limitação do acesso a serviços públicos de qualidade, ao desemprego persistente, aos salários baixos e aos impostos mais altos, mesmo depois de o Parlamento Europeu ter feito uma investigação sobre a legitimidade democrática das medidas de ajustamento e do seu impacto social em Portugal, Irlanda, Chipre, Espanha, Eslovénia, Grécia e Itália, embora sem consequências práticas…
Mas o absurdo, no que respeita à responsabilidade criminal das dívidas dos bancos e empresas, foi que o pagamento das falcatruas ter sido transferido para os contribuintes, já confrontados com menos empregos e rendimentos mais baixos há mais de 5 anos.
E por tabela, até as crianças, Senhor, é que tiveram que tirar à boca dos pais e avós e mesmo assim é o que se vê…
De resto, o relatório fala por si, e por mim, e deixa os trauliteiros de fora.
Significativo é constatarmos que o nosso governo seguiu à risca as orientações mundiais, ponto por ponto e insiste, com o povo impávido e sereno, à imagem dos seus líderes.
A sorte é que “só os pobres (de espírito) herdarão o reino de Deus”…

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