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quinta-feira, 12 de junho de 2014

A mentecapta Lealdade: "Co-o-elhinho, se eu fosse como tu…"

Teresa Leal Coelho teceu duras críticas ao Tribunal Constitucional (TC). A vice-presidente do PSD acusa o Palácio Ratton de fazer juízos políticos e diz que se os membros do TC “não aceitam críticas”, então não possuem condições para “assumir o cargo”.
Os casos continuam a acumular-se e a indicar o seguinte: o vasto complexo financeiro-especulativo que lucrou com a insustentabilidade que levou à crise continua a fazer das suas, em Portugal e fora de Portugal. Este é o verdadeiro cartel de interesses obscuros que importa desmantelar, e não a Constituição.
Sandro Mendonça
Diz-me quem respeitas, dir-te-ei quem és
Sobre o sistema de "pesos e contrapesos" da República Portuguesa já sabemos o que pensa o poder actualmente instalado na governação. Por exemplo: Marco António Costa, enquanto porta-voz do PSD, afirma que o Tribunal Constitucional arrasta o país para o passado e a vice-presidente do PSD, Teresa Leal Coelho, acusa os juízos do TC de fazerem política e de não têm condições para exercer o cargo . Estes dirigentes sabem bem o que estão a fazer: tal "bullying" é uma tentativa de condicionar os árbitros da vida institucional; são "mind games" que ocorrem fora dos 4 cantos do jogo normal do sistema da política nacional.
Sabemos como esta insubmissão interna está em contraste com o modo manso como os mesmos se curvam aos ditames dos prestamistas predadores que têm ameaçado o país na cena internacional. Estes ditames não podem ser, contudo, "razão atendível" para dobrar a lei fundamental. E, curiosamente, o clube de combate retórico que zurze contra os alicerces da ordem democrática é sempre o primeiro a auto-intitular-se adepto da sacralidade da Constituição (desde que seja a norte-americana!) e a mostrar-se timorato súbdito do Tribunal Constitucional (desde que seja o alemão!). Os hábitos estão, portanto, ao contrário. Na prática, a fonte de respaldo para a conduta do governo parece estar invertida.
A governança do sector privado é que falha demasiado
O que parece ser um facto é antes o seguinte: os problemas relacionados com a ordenação constitucional incompleta e disfuncional parecem concentrar-se mais no próprio sector privado. Uma economia de mercado não depende só de leis impostas de fora, mas também do nexo de regras que acaba por ter de desenhar por si própria e para si própria. A isso chama-se "governança societária"... e nas grandes empresas portuguesas esta tem falhado. Neste campeonato, aliás, o sector financeiro tem sido campeão.
Já sabíamos dos problemas de auto-regulação societária que permitiram que má-conduta levasse a implosões como nos casos do BPN e do BPP. E vimos, também, como desentendimentos ao mais alto nível levaram a casos como o MillenniumBCP (disputas obscuras entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto , o tal da "razão atendível") e o Banif (convulsões familiares e laranjas) os quais induziram também as intervenções de pronto-socorro do Estado. A organização das grandes instituições de um sector sistemicamente importante revela-se, portanto, demasiado frágil.
Banqueiros que de santo não têm nada mas de sombra têm muito
Mas tudo isto parece empalidecer com o BES. Este é o banco presidido por quem há pouco tempo se esqueceu de declarar 8,5 milhões de euros ao fisco. Este é também o mesmo gestor que ainda mais recentemente culpa o contabilista pelas irregularidades financeiras graves respeitantes a 1.200 milhões de euros que levaram a Procuradoria do Luxemburgo a abrir um inquérito. Tudo isto no mesmo banco onde agora, graças a um trabalho de jornalismo económico de investigação do Expresso, se descobriu um desvio de 5.200 milhões no seu ramo em Angola.
E, assim, o que temos aqui parece sugerir no mínimo uma falha grave de "corporate governance". Mas há talvez um défice de transparência relacionado com um problema construído e não resolvido de "risco moral". Lembremo-nos que, de acordo com a imprensa, foi Ricardo Salgado que em Janeiro de 2010 liderou o grupo de gestores de topo que tirou o tapete à reforma do "Código de Bom Governo das Sociedades" do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), a qual estava a ser proposta na altura por Rui Vilar, João Talone e António Borges.
Há cerca de um ano o ainda-presidente-do-BES, Ricardo Salgado, disse que os portugueses não querem trabalhar" e que preferem viver à sombra do "subsídio de desemprego". Pior que isso só aqueles portugueses que vivem à sombra da sombra. Talvez seja sobre estas e outras questões que o actual governo de Portugal deva exigir uma "aclaração".
Intervenção da Deputada Isabel Moreira

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