O Mundial 2014 está finalmente aí.
Quem passa os olhos pela tabela já marcou os dias dos jogos da sua seleção
preferida e está obviamente atento às partidas de Portugal, ao reencontro entre
Espanha e Holanda (1-5), aos duelos dos campeões mundiais Inglaterra, Itália e
Uruguai, e, claro, aos horários em que jogam outras grandes equipas, como os
favoritos Brasil e Alemanha.
Quem gosta de apostas e palpites
também já começa a tentar prever os possíveis confrontos das fases finais,
imaginar os duelos que só acontecerão daqui a praticamente um mês e apostar no
melhor marcador, nas surpresas e nos fiascos.
Se gosta de ir ainda mais além,
listamos 6 factos para estar atento durante os 64 jogos do Mundial 2014.
1. Aos 26
Uma das maiores estrelas do futebol
contemporâneo, Lionel Messi chega ao seu 3.º Mundial aos 26 anos, a mesma idade
com que nomes como Maradona (1986), Zidane (1998) e Ronaldo (2002) roubaram as
atenções em outros campeonatos do mundo.
Até hoje, o número 10 argentino ainda
não brilhou num torneio deste porte ao mesmo nível do seu desempenho no
Barcelona: em 2006, ainda muito jovem, Messi foi pouco utilizado, enquanto em
2010, já protagonista, parou nos guarda-redes adversários, não marcou golos e
viu a seleção ser eliminada de goleada perante a Alemanha.
No Brasil, o argentino reúne as
melhores condições para se destacar, como o apoio da claque do país vizinho e
uma época menos desgastante na Europa. Se não colocar a taça deste Mundial na
prateleira, o próximo, aos 30 anos, poderá ser tarde demais.
2. Maldição do melhor do mundo
O italiano Roberto Baggio jogou bem,
mas errou a grande penalidade que deu o tetracampeonato ao Brasil em 1994;
Ronaldo Fenómeno chegou a brilhar, mas
sofreu uma convulsão e a seleção brasileira perdeu o título para a França em
1998; Luís Figo e Portugal ficaram de fora logo na fase de grupos em 2002; Ronaldinho
jogou mal e nem sequer marcou golos em 2006; Messi foi eliminado com goleada
também sem ter marcado nenhum golo em 2010.
É este o histórico da maldição do
melhor jogador do mundo, que está sempre à espreita dos melhores jogadores do
mundo das épocas anteriores desde que a FIFA oficializou o prémio da Bola de
Ouro, no início dos anos 1990.
E é com esse peso que Cristiano
Ronaldo chega ao Brasil. Grande nome do campeão europeu Real Madrid, CR7 foi o
protagonista da classificação portuguesa ao Mundial no confronto do play-off contra a Suécia que deixou Ibrahimovic
fora do Mundial.
Convivendo com lesões, Ronaldo não
chegou ao país da Copa na sua melhor condição física, nem terá um grupo fácil
pela frente – Portugal, que já não tem uma equipa de qualidade incontestável, enfrenta
Alemanha, Estados Unidos e Gana. Desafios para Ronaldo, o Bola de Ouro em
título.
3. Maratona no sábado
O adepto que acompanha todos os jogos
do Mundial pela televisão acostumou-se a ver 3 partidas seguidas durante as 2
primeiras jornadas da 1.ª fase, que em Portugal serão transmitidos nos horários
das 17h, 20h e 23h. Mas o 1.º sábado do torneio foge a essa rotina ao oferecer
uma partida de bónus aos fãs de futebol.
Serão 4 jogos em horários diferentes,
equivalentes a 6 horas (mais os descontos) de futebol em direto, de seguida, no
1.º sábado do torneio, dia 14 de junho: Colômbia x Grécia, às 17h; Uruguai x
Costa Rica, às 20h; Inglaterra x Itália, às 22h; e Costa do Marfim x Japão, às
2h.
A mudança dá-se porque a organização
quebrou o que vinha a acontecer nas últimas edições, deixando o jogo inaugural
solitário no dia da abertura e criando um horário especial - neste caso, o das
22h - para um jogo que ficou a mais no calendário de três jogos por dia.
Isto acabou por ajudar o público
japonês, que poderá assistir a esse jogo num horário mais acessível, e garantiu
que o jogo entre ingleses e italianos em Manaus, onde o calor é mais
preocupante, ficasse para o fim de tarde, já com um sol mais baixo.
4. Maior do que o Fenómeno?
Ronaldo Fenómeno é conhecido por ser o
maior marcador da história dos Mundiais, depois de marcar 15 vezes ao longo de
19 partidas, superando o alemão Gerd Müller, que apontou 14 golos. Mas existe um
outro alemão que pode superar a marca do brasileiro no Mundial 2014.
Miroslav Klose, que não tem a mesma
fama do Fenómeno ou da lenda alemã Müller, chega ao Brasil com 14 golos
marcados e a possibilidade real de subir ao primeiro lugar da lista, ao
enfrentar Portugal, Gana e Estados Unidos na fase de grupos.
Dentro da seleção alemã, Klose já se
tornou o maior marcador da história na última semana, ao fazer o 69.º golo e
superar o próprio Gerd Müller, que tinha marcado “apenas” 68.
5. O fantasma de 1950
A vitória do Uruguai sobre o Brasil no
jogo final do Mundial 1950 marcou para sempre a história do futebol e também
dos 2 países sul-americanos.
Do lado brasileiro, talvez o principal
símbolo seja a expressão “complexo de
vira-lata”, criada pelo escritor Nelson Rodrigues para simbolizar o trauma
sofrido pelos quase 200.000 adeptos que foram ao Maracanã naquele 16 de julho
de 1950.
Pela parte uruguaia, a vitória
consolidava a boa fase do país dentro de campo, onde chegava ao bicampeonato
mundial depois de ser campeão olímpico pela 2.ª vez anos antes – o futebol era
o orgulho local diante dos países vizinhos.
Agora, o Brasil volta a sediar um
Mundial num momento em que a seleção uruguaia volta a ser respeitada. E um
fantasma de 1950, ou o temor de um novo “Maracanazo”,
passa pelo pano de fundo desta edição do torneio, ainda que o selecionador
alviceleste, Óscar Tabárez, tente sempre minimizar.
Daquele jogo decisivo, quando o Brasil
podia empatar, mas perdeu por 2-1, apenas um uruguaio ainda está vivo,
precisamente o autor do gol da vitória – Alcides Ghiggia, que já está no
Brasil.
6. Cabeça-de-série, eu?
O Mundial conta este ano com a
participação inédita de 8 campeões mundiais. Havendo 8 grupos, bastaria colocar
uma seleção em cada um deles, certo? Errado. A FIFA, usando o ranking de
outubro do ano passado, acabou por promover Suíça, Bélgica e Colômbia a cabeças-de-série
neste Mundial.
Das 3, a Colômbia é quem chega menos
prestigiada por ter perdido o principal jogador, Radamel Falcao,
avançado-centro que acabou por não recuperar a tempo de uma lesão. Mas a dupla
europeia, apesar de não ter um histórico que impressione (a Bélgica tem apenas
uma semifinal no currículo, e a Suíça alcançou, no máximo, os quartos de
final), chega a impor algum respeito.
Falar da “nova geração belga” tornou-se mesmo um cliché na crítica desportiva,
e o coletivo arrisca-se a ser a sensação deste Mundial, com jogadores como o
guarda-redes Courtois (22) e o médio Hazard (23).
A equipa belga é, de facto, muito
jovem, com uma média de idades de 25,5 anos, e fez uma campanha bastante sólida
nas eliminatórias, com 8 vitórias, 2 empates e nenhuma derrota. Os principais
nomes vêm de uma boa época europeia e a expectativa é de uma campanha de
destaque no Grupo H, onde enfrenta Argélia, Rússia e Coreia do Sul.
A Suíça também passou tranquilamente pela
qualificação ao Mundial, com 7 vitórias, 3 empates e nenhuma derrota. Os
destaques também são jovens, como Shaqiri (22) e Seferovic (22). Conhecida pela
defesa sólida, a equipa venceu Alemanha e Brasil em amigáveis recentes e conta
com jogadores que levaram o título mundial sub-17 em 2009. No Grupo E, os
rivais são Equador, França e Honduras.
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