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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Quando os homens (miúdos) falham só resta a fé na esperança

Um momento histórico, uma imagem indelével: o encontro de oração no Vaticano com o Papa Francisco e os presidentes israelita e palestiniano, Shimon Peres e Mahmoud Abbas, na presença do Patriarca de Constantinopla Bartolomeu I. As invocações foram proferidas em várias línguas, todas elas dirigidas para uma só prece: a paz na Terra Santa.
O local do encontro foi um cantinho relvado nos Jardins Vaticanos. O Papa Francisco, o Patriarca Bartolomeu e os 2 Presidentes ficaram no centro enquanto as delegações, os cantores, os músicos e a imprensa ladearam este encontro memorável.
Usaram da palavra os 3 protagonistas: o Papa Francisco e os presidentes Peres e Abbas.
Com grande alegria vos saúdo e desejo oferecer, a vós e às ilustres Delegações que vos acompanham, a mesma recepção calorosa que me reservastes na minha peregrinação há pouco concluída à Terra Santa.
Agradeço-vos do fundo do coração por terdes aceitado o meu convite para vir aqui a fim de, juntos, implorarmos de Deus o dom da paz. Espero que este encontro seja um caminho à procura do que une para superar aquilo que divide.
E agradeço a Vossa Santidade, venerado Irmão Bartolomeu, por estar aqui comigo a acolher estes hóspedes ilustres. A sua participação é um grande dom, um apoio precioso e testemunho do caminho que estamos a fazer, como cristãos, rumo à plena unidade.
A vossa presença, Senhores Presidentes, é um grande sinal de fraternidade, que realizais como filhos de Abraão, e expressão concreta de confiança em Deus, Senhor da história, que hoje nos contempla como irmãos, um do outro, e deseja conduzir-nos pelos seus caminhos.
Este nosso encontro de imploração da paz para a Terra Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro é acompanhado pela oração de muitíssimas pessoas, pertencentes a diferentes culturas, pátrias, línguas e religiões: pessoas que rezaram por este encontro e agora estão unidas connosco na mesma imploração. É um encontro que responde ao ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos.
Senhores Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos nossos antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos que estão cansados e extenuados pelos conflitos e desejosos de alcançar a aurora da paz; filhos que nos pedem, para derrubar os muros da inimizade e percorrer a estrada do diálogo e da paz a fim de que triunfem o amor e a amizade.
Muitos, demasiados destes filhos caíram vítimas inocentes da guerra e da violência, plantas arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu sacrifício não seja em vão. A sua memória infunda em nós a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo, a paciência de tecer dia após dia a trama cada vez mais robusta de uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o bem de todos.
Para fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não ao conflito; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A história ensina-nos que as nossas forças não bastam. Já mais de uma vez estivemos perto da paz, mas o maligno, com diversos meios, conseguiu impedi-la. Por isso estamos aqui, porque sabemos e acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como acto de suprema responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder: a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra: “irmão”. Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um único Pai.
A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica!
Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: “nunca mais a guerra”; “com a guerra, tudo fica destruído”! Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre “irmão”, e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amen.
Um sentido agradecimento foi dirigido ao Papa Francisco, quer pelo presidente Peres, quer pelo presidente Abbas por ter proposto no Vaticano este encontro. Ambos tomaram a palavra.
Ouçamos primeiro Shimon Peres que se expressou em hebraico que afirmou que se deve pôr fim “à violência” e “ao conflito”: “Dois povos – israelitas e palestinianos – desejam ardentemente a paz. As lágrimas das mães sobre os seus filhos estão ainda marcadas nos nossos corações. Nós devemos pôr um fim aos gritos, à violência, ao conflito. Nós todos temos necessidade de paz. Paz entre iguais.”
A realização da verdade, da paz e da justiça foi a prece do presidente Mahmoud Abbas que falou em árabe: “Por isso pedimos-Te, Senhor, a paz na Terra Santa, Palestina e Jerusalém, juntos com o seu povo. Nós pedimos-Te par tornar a Palestina e Jerusalém, em particular, uma terra segura para todos os crentes, e um lugar de oração e de culto para os seguidores das 3 religiões monoteístas.”
Com as palavras dos 2 presidentes, israelita e palestiniano, terminou este encontro que ficou marcado por um cordial abraço e pelo plantar de uma oliveira para a paz.
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair foi nomeado emissário do Quarteto para o Médio Oriente - Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas -, promotor do processo de paz israelo-palestiniano, anunciou hoje a ONU. (27-06-2007)
Em Dezembro de 2007, Tony Blair anunciou oficialmente a sua conversão ao catolicismo, deixando a Igreja Anglicana. Numa conferência em abril de 2008 pronunciada na Catedral de Westminster perante umas 1.600 pessoas, Blair destacou a importância da religião em um mundo globalizado. Disse que a religião poderia "despertar a consciência do mundo" e a ajudar a alcançar os Objetivos do Milénio da ONU contra a pobreza e a fome, entre outras causas nobres.
E dada a inocuidade do trabalho realizado por este “cristão-novo”, reconhecendo-o, Tony Blair entregou a sua missão nas mãos de Deus…
Haja fé na esperança!
Imagem 1 e 2

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