Eu quero muito votar no Governo de Paulo Portas. Não quero necessariamente votar no partido de Paulo Portas, mas adoraria votar no seu Governo. É que este, ao contrário do outro Governo - o de Passos Coelho - é que é um Governo a sério.
Tiago Freire
Portas quer reformar o Estado, e é tão bom e tão generoso e tão brilhante que consegue apresentar um guião e propostas que não causam protestos de ninguém, ou seja, não servem para nada porque não terão quaisquer consequência; Passos é o rosto dos cortes, aparecendo sempre confuso entre o que é reformar e o que é cortar (como Portas, sabiamente, diz). Portas é o homem que tudo diz com um tal ar caloroso que faz todas as notícias parecerem não apenas positivas, mas dedicadas carinhosamente a cada um de nós; Passos podia vir a minha casa anunciar que eu tinha ganho o Audi do Fisco, e tenho a certeza que me deixaria deprimido.
Até Maria Luís Albuquerque - que Portas não admitia que fosse designada ministra das Finanças, lembram-se? - se transforma consoante a companhia. Quando está junto a Portas, é uma sorridente e confiante cúmplice da nova fase do País; ao lado de Passos, é a velha fotocópia austera de Vítor Gaspar. Daí que eu lamente profundamente esta coligação CDS/PSD para as eleições europeias; mais, coligação que deverá repetir-se para as legislativas, como admitiu recentemente Nuno Melo. É que eu gostava muito de votar no Governo de Paulo Portas, mas não suporto votar no carrancudo Governo oposto, o de Pedro Passos Coelho.
E quem, nas eleições europeias, votar no Governo de Portas ou no Governo de Passos Coelho, estará a votar no Governo de Merkel, ou seja, estará a votar no Partido Popular Europeu e por arrasto, estará a votar em Junker para Presidente da Comissão Europeia…
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