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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

“Os Funcionários Públicos que paguem a crise!”

Contas não incluem os novos cortes que vão acontecer na segunda-feira.
Desde o início de 2011 até ao final do ano passado, um funcionário público com um salário médio recebeu 40.500 euros. A diferença corresponde a 3,7 ordenados líquidos.
Já um trabalhador com um vencimento bruto de 4.000 euros viu desaparecer ½ ano de salários, segundo as simulações feitas pela PwC. E isto sem considerar os novos cortes que chegam na segunda-feira. O ano de 2012 é o que dá maior contributo para este corte acumulado, devido à suspensão do pagamento dos subsídios de natal e de férias dos funcionários públicos.
Em 2013, o rendimento líquido sofreu o impacto do aumento de impostos.
Também o aumento das contribuições à Caixa Geral de Aposentações aplicadas a partir do início de 2011 e para a ADSE também contribuíram para este corte.
As medidas de austeridade aplicadas na Administração Pública desde 2010 já levaram a cortes nos salários líquidos dos funcionários (públicos) que, nos casos de rendimentos mais altos, atingem 18,9%, segundo simulações da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC).
Ninguém tem dúvidas de que os que mais tem contribuído para a redução da despesa do Estado (com redução e pioria dos serviços), apesar do paradoxal aumento da dívida pública tem sido os Funcionários Públicos, apenas porque tem como patrão os representantes de TODOS os portugueses. Bem sei que há “argumentos”, provenientes de teóricos que trabalham para um patrão privado, que se regozijam com cada novo corte na FP, porque os liberta da “solidariedade” de contribuírem para pagar as fraudes e calotes de terceiros, ricos e poderosos e só reagem quando há uma pequena ameaça de lhes irem ao bolso sacar pequenas contribuições para este “peditório”…
E no meio do recente método de peneirar tudo no Tribunal Constitucional, custa a aceitar que haja qualquer artigo na Constituição de Portugal, que divida os portugueses em funcionários públicos e funcionários privados, que permita esta discriminação, em que ao “Zé Pagode” (Funcionário Público) lhe cortam mais 18 euros por mês, enquanto os “Zés Espírito Santo” (Funcionário/Administrador Privado) não pagam nenhum… Já sei que vão falar dos impostos. Mas os Funcionários Públicos, para além dos cortes, não pagam também impostos sobre o que lhes sobra? Há aqui qualquer coisa muito parecida com o apartheid, no Século XXI, na Europa civilizada, embora num país periférico, pobre, inculto e abúlico…
Tendo em conta que os Funcionários Públicos já viram diminuídos os seus salários até 19% durante a vigência deste governo com diversificadas artimanhas, os cortes acrescentados para 2014 acentuam a diferença entre público e privado, contribuindo, à força, para o “sucesso” das medidas dos merceeiros que nos deviam tutelar.E para tomarmos consciência deste último saque aos Funcionários Públicos, veja-se esta dúzia de exemplos, que deviam pesar na consciência dos governantes e nos portugueses que estão isentos de participarem na recuperação da soberania, os privados, sobretudo os mais ricos do país:
12 funcionários públicos divulgaram os seus salários e partilharam as suas angústias com os leitores, uma exposição pública que justifica um agradecimento. O corte de salários afeta-os de forma diferente, mas nenhum escapa a essa medida de austeridade incluída no Orçamento para 2014.
1. Salário bruto: 1.600 € | Corte: 146,11 € (9,13%) |Salário líquido: 1.144,08€: "A única hipótese é entregar casa ao banco".
2. Salário bruto: 3.380€ | Corte: 405,60€ (12%) |Salário líquido: 1.853,81€: "Preocupa-me não conseguir fazer um pé-de-meia".
3. Salário bruto: 1.290€ | Corte: 89,13€ (6,91%) |Salário líquido: 9.10,81€: "Temos de fazer gestão nas contas muito acertada".
4. Salário bruto: 700,28€ | Corte: 18,78€ (2,68%) |Salário líquido: 681,50€: "Os 18 euros que cortam davam para pagar a luz ou a água"
5. Salário bruto: 923€ | Corte: 39,49€ (4,28%) |Salário líquido: 706,77€: "Pagamos as contas e olhamos para ver o que sobra".
6. Salário bruto: 1.967€ | Corte: 231,39€ (11,76%) |Salário líquido: 1.199,18€: "Este mês vou ter um salário que corresponde ao de 2004"
7. Salário bruto: 1.996€ | Corte: 238,95€ (11,97%) |Salário líquido: 1.212,92€: "Isto é descer 2 escalões na carreira e tirar-nos 1 subsídio"
8. Salário bruto: 799,44€ | Corte: 27,12€ (3,39%) |Salário líquido: 649,29€: "É chocante atacar as pessoas com os salários mais baixos"
9. Salário bruto: 2.100€ | Corte: 252€ (12%) |Salário líquido: 1275,13€: "O Estado está a fazer com que as pessoas sejam incumpridoras"
10. Salário bruto: 1.376€ | Corte: 103,56€ (7,53%) |Salário líquido: 938,10€: "Vou deixar de ir a casa ao fim de semana e ficar aqui".
11. Salário bruto: 1.470€ | Corte: 120,54€ (8,2%) |Salário líquido: 978,02€: "Não tenho como pagar universidade à minha filha".
12. Salário bruto: 837,6€ | Corte: 30,70€ (3,67%) |Salário líquido: 647,72€: "Serviços de esteticista para compensarem o corte".
Se somarmos estes 12 salários brutos, que somam 18.439,32 euros por mês e somarmos os cortes nos mesmos 12 salários, 1,703,37 euros, chega-se a uma percentagem média de 9,77%, só num ano, o que é uma brutalidade face aos 0% de cortes nos trabalhadores/administradores privados, que terão sempre nos seus discursos, um elogio copioso ao “esforço” dos portugueses, mesmo sabendo que deles não sai cheta! Sem falar nos dramas humanos que se multiplicam…
Haja moralidade e equidade, perante a Constituição, tendo em conta o orgulho nacionalista tão apregoado!
Não somos todos portugueses?

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