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sábado, 25 de janeiro de 2014

Um púlpito (só) para alguns prevaricadores?

As grandes empresas tecnológicas, como a Yahoo e a British Telecom, e a recuperação europeia, nas palavras de Axel Weber e Kenneth Rogoff, concentraram as atenções nas primeiras horas do Fórum Económico Mundial.
Uma sondagem dá conta que mais de metade dos investidores, analistas e corretores consultados acredita que o mercado de dívida europeu já deixou a crise para trás. Mas, contra o optimismo, o presidente do UBS, Axel Weber, alertou para o facto de a recuperação europeia não ser, ainda, motivo para excitação. Neste momento, a Europa está a viver uma época “irregular” e “baça”. Além disso, não foi ainda capaz de começar a baixar o desemprego. “A economia está demasiado fraca para aguentar o tipo de crescimento nos empregos que é preciso para sair da crise”, disse o banqueiro alemão, citado pelo “The Guardian”.
Em declarações em Davos, Weber apontou para 2 perigos na Europa este ano. Por um lado, os resultados das eleições europeias podem conduzir a protestos políticos, que trarão consigo volatilidade para os mercados. Por outro lado, os testes de stress para a banca europeia deverão criar um “novo alarme” no mercado. “Acredito que alguns dos bancos não serão aprovados nos testes de stress e estou preocupado porque, quando isto se tornar óbvio, pode desencadear uma reacção no mercado”, avisou o alemão que já dirigiu o banco central alemão.
Num tom ligeiramente mais optimista, o académico Kenneth Rogoff afirmou, que ainda há desafios severos pela frente da Europa no que diz respeito ao crescimento, apesar de o Velho Continente se estar a tornar mais estável. Rogoff disse, também, que é necessária uma maior integração orçamental na Zona Euro – algo que, aliás, é dito na Europa desde o início da crise da dívida soberana, em 2010.
Tecnologias querem mais controlo à NSA
Outro dos temas quentes do dia foi a tecnologia e a (falta de) privacidade. As grandes tecnológicas, reunidas em Davos, mostraram-se preocupadas com o acesso que a NSA, a agência de segurança nacional dos Estados Unidos, tem a dados de civis, como se percebeu depois das relevações feitas por Edward Snowden.
Como conta o “The Guardian”, o presidente da British Telecom, Gavin Patterson, admitiu que os clientes não podem estar 100% seguros de que os seus dados são privados quando fazem chamadas ou quando utilizam a Internet. Nesse sentido, defendeu que é preciso uma maior legislação e protecção.
Patterson não foi o único a mostrar preocupação. Marissa Mayer, a presidente da Yahoo, considera que deveria ter possibilidade de publicitar os pedidos de acesso a dados pessoais por parte da NSA, tal como já acontece com solicitações federais. “Queremos mesmo ser capazes de fazer o mesmo ao nível da NSA”, disse. “O que é sombrio sobre o que está a acontecer hoje é que as pessoas não têm, necessariamente, de saber que dados seus estão a ser colectados nem para que estão a ser usados”, declarou a responsável.
2014, o ano da viragem
Sobre o próximo ano, Mayer aventurou-se a classificá-lo como “um ponto de viragem”. “Vai mudar as rotinas de toda a gente na sua essência”. Segundo a empresária, até ao final do ano a empresa terá mais utilizadores com portáteis e mais tráfego de Internet móvel do que computadores fixos e acessos fixos à Internet. 
Nouriel Roubini, a partir do Twitter, também falou do futuro. “Na terceira revolução industrial, teremos robótica, automação, impressão 3D e nanotecnologias. Mas só serão criados empregos especializados”.
Tendo em conta que o UBS não está isento de nódoas nos serviços que (em)presta, ouvir o seu atual presidente falar da situação europeia, referindo-se aos perigos para os bancos e sabendo que tem por trás, não os acionistas, mas os contribuintes, que crédito lhe havemos de dar?
Tendo em conta que o economista Kenneth Rogoff, juntamente com a sua partenaire Carmen Reinhart, com a folha de Excel “viciada” e adotada por vários ministros das Finanças (o Gaspar e o Shäuble) foram os causadores da austeridade desnecessária que infligiram a vários países europeus, que credibilidade tem tudo o que possa dizer sobre a crise?
Tendo em conta que a Yahoo foi um dos fornecedores de dados privados à NSA, que autoridade terá a sua presidente para botar discurso sobre o direito à privacidade?
Tendo em conta que a British Telecom já esteve envolvida em escândalos e colaborou com o GCHC na espionagem na Europa, que credibilidade nos merece o seu presidente?
O único que diz algo com lucidez é Nouriel Roubini, quando diz que a evolução das TIC só criará empregos especializados e, logicamente, muito poucos…
Para já, Davos só pariu ratos…

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