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domingo, 8 de dezembro de 2013

Ricos aumentam em Portugal, mas são menos felizes: A parábola do “burro escocês” revisitada e impingida...

Novo índice do INE revela que o bem-estar das famílias melhorou até 2011 com menos rendimentos. O pior veio a seguir. E falta ainda 2013.
Os rendimentos das famílias estão em queda livre e já baixaram dos níveis verificados em 2004. Segundo o INE, partindo do ano-base de 2004 com o índice 100, em 2011 esse valor baixou para 89,2 (10,8). Mas se as condições materiais evoluíram negativamente entre 2004 e 2011, a qualidade de vida apresentou uma "evolução continuamente positiva". É o que revela novo índice de bem-estar para Portugal (IBE). Com a crise instalada e a troika em Portugal, os sucessivos pacotes de austeridade agravaram ainda mais a estranha equação registada entre 2004 e 2011. E os primeiros dados só referentes a 2012 levam o INE a prever que as condições materiais das famílias portuguesas voltem a baixar. É natural que na análise do próximo ano, já com elementos referentes a 2013, a situação piore de forma significativa e afecte tanto a qualidade de vida, o chamado bem-estar, como as condições materiais, que podem levar Portugal para níveis próximos dos de 2002, ano da entrada no euro.
IBE vai ser anual
Realizado pela 1.ª vez, o estudo foi desenvolvido ao longo dos últimos 3 anos e abrange o período de 2004 a 2011, apresentando resultados preliminares para 2012, sendo objecto de actualização e divulgação anual.
Vamos então aos números do INE. O IBE "evoluiu positivamente" entre 2004 e 2011, atingindo o valor de 108,1 em 2011, estimando-se uma redução para 107,6 em 2012 devido à "quebra das condições materiais de vida".
Trabalho e salário a cair
Dos 10 domínios que integram o índice, o trabalho e remuneração e a vulnerabilidade económica foram os que apresentaram a "evolução mais desfavorável", ao contrário da educação, da saúde e do ambiente, que apresentam a evolução mais favorável. As duas perspectivas de análise do bem-estar - os índices sintéticos "condições materiais de vida" e "qualidade de vida" - evoluíram em sentidos opostos, com o 1.º a evidenciar uma tendência decrescente, que se acentuou de 2010 para 2012, e o 2.º a apresentar uma tendência crescente. O índice das condições materiais de vida atingiu o valor de 89,2 em 2011 (na comparação com o ano-base de 2004 = 100), enquanto o da qualidade de vida atingiu em 2011 o valor de 116,2.
2012 piora tudo
Os dados preliminares de 2012 "reforçam esse contraste": o índice das condições materiais de vida - que avalia o bem-estar económico dos portugueses, a vulnerabilidade económica, trabalho e remuneração - "teve novo agravamento com uma desvalorização de 13,2 pontos percentuais entre 2004 e 2012".
A evolução positiva da qualidade de vida entre 2004/2008 (9,5%) continuou no período 2008/2012, mas com menor intensidade (7,0%), estimando-se para 2012 uma variação de 16,5%. face ao ano-base de 2004. Saúde, balanço vida-trabalho, relações sociais, participação cívica, segurança pessoal e ambiente são os indicadores avaliados neste índice. A vulnerabilidade económica é a que apresenta "a evolução mais desfavorável", traduzindo "uma progressiva vulnerabilidade das famílias fortemente induzida" pelo seu afastamento do mercado de trabalho, pelos elevados níveis de endividamento e pela intensificação da dificuldade em pagar os compromissos com a habitação. É o empobrecimento geral.
Um estudo inédito do INE revela que falta de trabalho e queda das remunerações fez descer bem-estar. Mas há melhorias noutras áreas.
Globalmente, o estudo revela que o país não está pior em todas as áreas, mas há, de facto, algumas onde estamos realmente muito pior do que no passado.
Seguindo a ideia de que a vida não é só dinheiro e ordenados, há outros factores que segundo os técnicos do INE também influenciam o bem-estar das pessoas.
É isso que segundo este estudo justifica que os portugueses estejam claramente piores do que no passado nas "condições materiais de vida", mas não se tenha agravado aquilo que compõe, para o INE, aquilo que é qualificado como qualidade de vida.
As melhorias mais salientes aconteceram, nos últimos anos, na área do ambiente, mas também da educação e das competências. Apesar da crise, aumentaram os portugueses com ensino superior e diminuíram aqueles que abandonam precocemente o sistema de ensino.
O INE divulgou, pela primeira vez, os resultados do índice de bem-estar dos portugueses. E as conclusões são surpreendentes: há menos dinheiro para viver, mas a qualidade de vida tem vindo a aumentar. 
O rendimento disponível mediano dos portugueses voltou para os níveis de 2004, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística.
Entre os anos de 2004 e 2009 o crescimento do rendimento disponível cresceu, em média, 10%, mas desde avanço foi perdido “quase na totalidade” até 2012 devido à crise.
O estudo do INE revelou também que o indicador da vulnerabilidade económica também apresentou uma evolução negativa, “traduzindo uma progressiva vulnerabilidade das famílias” largamente causada pelo afastamento das mesmas do mercado de trabalho, pelos níveis de endividamento e pela crescente dificuldade em pagar créditos de habitação.
Além da vulnerabilidade económica foi também identificada uma intensificação da taxa de pobreza, revelando que, no geral, a degradação da situação económica do país fez que com os indicadores materiais e os relacionados com a qualidade de vida tenham sofrido uma inversão em apenas 3 anos.
Os portugueses desconfiam cada vez mais das instituições e do Governo e participam menos na política, revela o IBE, do INE.
De manhã, logo depois de acordar e ao ler estas conclusões paradoxais, li e reli todas as notícias sobre o tema, confusas e contraditórias, li o relatório do INE (sem encontrar estas conclusões) e pensei logo no Herman José, que diz que “o dinheiro não dá felicidade, mas compra-a”. Vai daí, pensei que o contrário também deveria ser verdade (se as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, causas contrárias produzem efeitos contrários) ou seja, se há mais ricos em Portugal, devem estar todos muito menos felizes, se não infelizes… Quem diria!
É a história do “cavalo do escocês”, que depois de lhe irem reduzindo diariamente a ração mantinha a mesma forma, mas de repente morreu (com qualidade de vida)… e só pude concluir que o mesmo se passa(rá) com o “burro mirandês…
Já todos conhecemos as anedotas sobre estatísticas e sabemos também como são marteladas, na procura da melhor forma de apresentar um “produto” aceitável e credível, para “português ver”…
Com a introdução de um novo conceito, o IBE - índice de bem-estar – o INE “dourou a pílula”, martelando a realidade, o que lhe permitiu concluir pelo aumento de bem-estar da população portuguesa, na área do ambiente (menos fábricas e menos carros a circular), mas também da educação, com a diminuição do abandono escolar (mesmo com todos os cortes e piores condições para as aprendizagens) e com o aumentaram das competências dos portugueses com formação superior (apesar do desemprego entre jovens e licenciados).  E só isto, entre 10 itens, bastou para a conclusão milagreira. Vão enganar o cego!
E basta ver os vários títulos e ler as respetivas notícias, para se detetar mais depressa um jornalista confuso do que um coxo…
Como será possível, só com números (se estiverem corretos), que se tenha regredido nos rendimentos a 2004 e o bem-estar ter aumentado? É tema para uma tese, candidata ao Nobel da Economia, mesmo seguindo a ideia de que a vida não é só dinheiro e ordenados e que há outros fatores que segundo os técnicos do INE também influenciam o bem-estar das pessoas. Só faltou dizer quais e justificar tal tese e os seus pressupostos.
Seguramente que a desconfiança crescente dos portugueses nas instituições (talvez no INE) e no Governo (de certeza) desconstrua esta análise “científica”, que até parece uma encomenda (des)armadilhada para nos enviarem no Natal, embrulhada num papel colorido, com coelhinhos, portinhas e estrelinhas que nos cosam (ou cozam)…
É que se assim for, faltando ainda os dados e os resultados de 2013 (ainda menos rendimento e mais bem-estar), em 2014 é que vamos estar mais que bem, apesar do mal-estar crescente, que se vê, se olharmos para as pessoas e as olharmos nas ruas...
Com as folhas de Excel, já houve vítimas, mas insistem na mesma ferramenta…
Carago, somos burros, mas seremos tanto quanto nos julgam?

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