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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

E diz a troika: “Que se lixem os gregos” e a formação!

Entre os jovens gregos que podem ir estudar para o estrangeiro e os que ficam no país, as hipóteses de terem êxito nos seus estudos e de encontrarem trabalho são cada vez mais desiguais. Retrato cruzado de 2 jovens no momento em que as universidades gregas estão em greve há 2 meses.
Kostas Tsironis/AP
Para os estudantes da Grécia, a maior tragédia é, sem dúvida, o facto de as suas hipóteses de obter um diploma diminuírem porque as universidades estão sempre fechadas. Enquanto estão afastados dos anfiteatros e dos laboratórios, os que estudam no estrangeiro não perdem uma única hora de aulas e aprendem o necessário para começarem a valorizar a sua futura vida profissional. Embora não sejam mais talentosos do que os seus colegas das universidades gregas, os que estudam no estrangeiro preparam-se ativamente para ultrapassar os desafios profissionais do futuro. Desde o 1.º ano, seguem religiosamente um programa com muito ritmo.
Mihalis Dinalexi e Stefanos Marguaritis estudam ambos engenharia. Estão no último ano do curso, o primeiro no Imperial College de Londres e o segundo na Universidade de Atenas. Mihalis já sabe o tema da sua tese. Stefanos perdeu a época de setembro por causa das greves e começa o ano letivo com, pelo menos, 3 meses de atraso. É quase certo que Mihalis vai entrar no mercado de trabalho na altura em que Stefanos ainda estará a lutar pelo seu diploma.
Mihalis Dinalexi tem cerca de 3 horas de aulas por dia. Obter ou não a licenciatura em engenharia depende exclusivamente dele, uma vez que a sua universidade já programou todas as aulas até junho. “Estou a planear os próximos meses. A universidade já anunciou a data da sessão em que vamos apresentar as nossas teses. Sei o que me espera até ao próximo verão e, atualmente, tudo funciona como um relógio”, diz.
No estrangeiro tudo funciona
Quando se informa sobre a situação nas universidades da Grécia, percebe a sorte que tem em poder estudar no estrangeiro. “Em Inglaterra, essas situações são impensáveis. É impossível pensar que as universidades fechem por causa de uma greve do pessoal administrativo. Pode haver problemas, mas são rapidamente resolvidos com a direção da universidade e, sobretudo, sem recaírem sobre os estudantes. O pessoal administrativo e os professores têm por única missão manterem a fama da universidade. Em 4 anos de curso, não fiquei sem uma única aula. Contrariamente ao que se diz, em Inglaterra os estudantes têm o direito de exprimir as suas opiniões, de fazerem chegar o seu descontentamento ao reitor, mas sem nunca prejudicarem o funcionamento da instituição. Os estudantes elegem os seus representantes que são convidados para as mesas redondas com a direção, onde discutem e dão as suas opiniões. No ano passado, conseguimos, desta maneira, um adiamento de alguns dias no prazo de entrega de um trabalho”, conta Mihalis.
O Imperial College é o melhor do mundo, sobretudo para os engenheiros, como confirma Mihalis: “No fim do curso, passamos pelo gabinete de carreiras que nos ajuda a encontrar um verdadeiro emprego, em muito pouco tempo”.
Se este fosse um ano normal, em que tudo estivesse a funcionar normalmente, Stefanos Maguaritis também estaria a fazer planos para a primavera de 2014, altura em que teria a sua licenciatura em engenharia pela universidade de Atenas. Mas, como os exames de setembro se realizaram com atraso, os projetos tiveram de ser adiados para o verão seguinte. “A coisa é simples: em setembro eu devia ter feito exame a 2 cadeiras, o que me permitiria começar a tese no início de outubro, quando começa o semestre. A seguir, iria defendê-la e teria o meu diploma na primavera… Mas tudo isto será adiado alguns meses”, lamenta Stefanos.
Ganhar tempo
A preparação da tese é o maior dos seus pesadelos; para tal, precisa de ter acesso à biblioteca, fazer investigação e ter reuniões com os professores. “Mas a única coisa que posso fazer, neste momento, é encontrar-me com eles para conversar sobre o tema, mas só isso. Até a universidade voltar a funcionar normalmente, tento ganhar tempo e fazer avançar o meu trabalho pesquisando em bibliotecas eletrónicas”, explica.
O tempo perdido, mesmo que sejam apenas uns meses, baralha a organização de Marguaritis e, consequentemente, as suas escolhas. “O que é certo é que vou demorar até poder escrever para as universidades que me interessam para um mestrado.”
Para ele, a Escola Politécnica é um excelente estabelecimento – 25.º na lista mundial da universidade – e não vê nenhuma razão para que a sua reputação internacional se degrade. “O que aprendemos aqui é reconhecido em todo o mundo. Seria uma pena baixar o nível que hoje temos. É preciso encontrar rapidamente um terreno de entendimento para que as aulas recomecem”, diz, desolado.
Greve das universidades - Um custo demasiado alto para as famílias
As 2 principais universidades de Atenas ainda não iniciaram o ano letivo, por causa da greve do pessoal administrativo. Ta Nea explica que o motivo do protesto diz respeito ao plano de mobilidade dos funcionários imposto pela troika de credores internacionais e, em última análise, ao despedimento do pessoal administrativo desses estabelecimentos, considerado excessivo. O reitor da Universidade de Atenas recusa qualquer despedimento e prefere manter as portas da sua faculdade fechadas, até chegar a acordo com o ministro da Educação.
O jornal Ta Nea sublinha que essa atitude tem um preço demasiado alto para as famílias dos estudantes, porque “a perda do semestre custa, em média, entre 4.000 e 5.000 euros”.
O diário acrescenta que para além do peso económico, há ainda outros custos que não podem ser calculados, como o sofrimento moral, a sobrelotação das salas quando as aulas recomeçarem, porque terão 2 vezes mais alunos, sem falar do número insuficiente de aulas práticas.

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