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domingo, 1 de dezembro de 2013

Mais depressa se deu a "extinção" dos índios… à bala!

O burro mirandês ganhou projeção mundial. A edição internacional do jornal norte-americano The New York Times faz capa com a espécie portuguesa em vias de extinção, com o título “Tempos difíceis para um pequeno (e felpudo) grupo de europeus”.
O The New York Times começa mesmo por dizer que “não é fácil ser um burro hoje em dia” e acrescenta que, “primeiro, há o problema de imagem”, salientando que esse já não é um problema novo. Depois, a perda de importância do papel do burro mirandês, “mesmo aqui nas altas terras do nordeste português”.
Num artigo completamente dedicado à espécie protegida, o jornal norte-americana aborda as dificuldades em manter viva a espécie, devido aos altos custos que acarreta, acrescentando que esta sobrevive à custa de “subsídios da União Europeia”. A questão central é o apoio que o grupo de 28 países atribui à agricultura, que só este ano recebeu cerca de 57.000 milhões de euros, ou seja, 43% do orçamento total da União Europeia (UE).
Porém, o financiamento à agricultura caíram ligeiramente até 2020 para os 50.000 milhões de euros, cerca de 31% do orçamento da UE, destaca o jornal. Aqui é que entra o problema, pois muitos agricultores afirmam que a sobrevivência do burro mirandês é importante, mas não têm dinheiro para os manter.
Atualmente, a população de burros mirandeses é de cerca de 800 animais. Por cada um, os agricultores recebem uma ajuda anual de cerca de 169 euros, que consideram insuficiente, já que esta espécie custa aos agricultores 478 euros por ano. Vários foram aqueles que já se desfizeram dos burros e muitos outros são aqueles que o dizem fazer, pois não têm capacidade de manter o animal. Até porque, dizem, o papel do burro mirandês perdeu muita importância no dia-a-dia das populações.
Por tudo isto, uma conclusão é certa: vida de burro é difícil, mas pode estar prestes a tornar-se ainda mais.
O jornal norte-americano The New York Times, na sua edição internacional, comparou os portugueses ao burro mirandês. Isto porque, de acordo com aquela publicação, esta raça retrata a situação do País: o seu papel foi essencial durante anos, mas agora está em risco de extinção e vive dependente de verbas da União Europeia.
Ser português é, para o New York Times, ser um burro mirandês: um animal de carga que só não está extinto porque vive dos subsídios. Com a foto de um burro na capa, a edição europeia do jornal analisa a situação económica e social de Portugal.
O jornalista norte-americano Raphael Minder, que deu que falar no País por ter escrito um artigo para o New York Times, no qual se assemelhava a extinção do burro mirandês à situação dos portugueses, assegurou que “não há nenhuma comparação propositada” entre ambos os casos.
Ferreira Fernandes
Há meses croniquei aqui sobre os burros de Miranda ("Afinal nem tudo é asno", 24 de Fevereiro de 2013). Ontem, o The New York Times também se interessou pelo burro mirandês. Raphael Minder , o jornalista, lançou a metáfora: "O destino do burro começa a assemelhar-se ao dos humanos: ameaçado pelo declínio populacional e dependente para sobreviver dos subsídios da União Europeia." Claro, feriu suscetibilidades. Logo se disse que os americanos comparam portugueses ao burro mirandês... Minder, falando para o Público, teve de dizer que longe dele pensar isso. Foi, então, que eu me dei conta da tangente que passei ao apedrejamento. É que eu comparei, mesmo, os portugueses e os burros de Miranda! Mais, ousei dizer que, na comparação, os homens ficavam em desvantagem. É que na minha crónica eu referia o Centro de Acolhimento de burros, em Miranda do Douro, por onde andou agora Raphael Minder. Ali, os velhos transmontanos, de 70 anos, vão levar os companheiros, que aos 35 são tão velhos quanto eles, para terem uma reforma digna. Ali, limam-se os dentes pontiagudos aos burros, cuidam dos cascos e deixam-nos passear sem precisar de arrastar o arado... Confesso que me comovi por ver bem tratados portugueses que ficaram velhos para o mercado de trabalho. Embora também amargo por saber que a outros velhos compatriotas, quando bípedes, se lhes lança a pergunta moderna: "Qual é a parte de "não há dinheiro para ti" que não entendes?"
Bem pode o jornalista “desculpar-se” da comparação insolente, mas depreende-se que a sua estadia por cá, como correspondente, o habilitou com um tipo de humor ou ironia com duplo sentido bem português, que o desmascara da inocência.
Talvez seja tudo verdade, talvez sejamos mesmo burros, mas nenhum estrangeiro tem o direito de achincalhar um povo que não o seu, sobretudo porque o dele tem muitos telhados de vidro e não pode cuspir para o ar…
E a história do seu país tem tantos pecadilhos em tantas áreas sociológicas, que nos levam a concluir que foi bem mais fácil e rápida consumar-se a extinção dos índios, que nem dá para comparar com a extinção dos (burros) portugueses…
Genocídio indígena nos Estados Unidos 
Como se diz por cá: “Só fala quem tem que se lhe diga”!
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