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domingo, 10 de novembro de 2013

Se o TC for na treta do sr. Gill (S&P) e da Moody's, OK!

A agência de notação financeira Standard & Poor’s defende um 2.º resgate para Portugal, considerando que seria um “fator positivo” para a notação da dívida portuguesa. Um 2.º programa ajudaria até o Governo a “avançar com as suas reformas bastante ambiciosas”, defendeu o diretor dos ratings soberanos europeus, em entrevista.
Frank Gill entende que existe uma “probabilidade forte”, de o governo ter de avançar com um novo pedido de resgate, quando o atual programa estiver prestes a terminar, mas entende que um 2.º programa é encarado “como um fator positivo para o rating” e que “iria ajudar as autoridades para avançar com as suas reformas bastante ambiciosas”.
Gill adverte também para as vantagens do ponto de vista dos juros com “taxas muito baixas”, por se tratar de “financiamento oficial”. “É financiamento com maturidades longas, com taxas de juro extremamente baixas. O que é obviamente bom para o vosso perfil de dívida. E o que nós faremos é refazer o rating da dívida comercial”, avançou.
No entanto, “continua a haver alguma incerteza e preocupação sobre as perspetivas económicas e sobre algumas preocupações para o governo, na progressão dos seus objetivos particularmente ambiciosos”, afirmou o responsável da S&P para a notação da dívida de países europeus, sem se referir diretamente a um potencial chumbo do Tribunal Constitucional às normas mais controversas do Orçamento de Estado, para o qual Frank Gill pensa que o Governo dispõe de “planos de back-up”.
“A nossa preocupação é que em alguns aspetos parece que vai tornar-se difícil para o governo avançar com diversas propostas orçamentais originais. Em parte por preocupações legais a nível interno. Em parte porque é muito difícil, depois da redução orçamental, que já ocorreu, continuar a avançar com cortes no consumo e no investimento público, dado que a economia real é realmente difícil e o desemprego é alto, está a ser um ajustamento muito difícil”, disse.
“Temos uma notação de duplo B para Portugal”, frisou o diretor da S&P para as dívidas soberanas europeias. “Temos uma vigilância negativa, que implica que existe uma probabilidade do rating poder ser menor durante o próximo ano”, disse o responsável, prometendo “continuar a monitorizar o que está a acontecer com a economia real [em Portugal]”.
Como “aspetos positivos”, Frank Gill afirma que “o governo tem feito um enorme progresso de consolidação orçamental”. “Também achamos que globalmente a economia está a equilibrar-se. Portugal está agora a conseguir um superavit substancial na sua conta corrente, que tem sido orientado cada vez mais pela forte performance das exportações do que pela compressão das importações. (...) As maturidades estão a ser alargadas, nos empréstimos oficiais para Portugal e isso aumenta verdadeiramente a sustentabilidade da dívida soberana”
Temos tantos amigos ( a S&P, a Moody’s, a Comissão Europeia, o Eurogrupo, o BCE, etc…), prontos a dar-nos a mão e dinheiro (quase a custo zero), que até parece impossível que rejeitemos um 2.º resgate, que até nos faria subir no ranking da dívida comercial. Somos uns ingratos!
Só não se entende por que o 2.º resgate é bom e o 1.º foi péssimo e nos mandou para o lixo… Muito menos se percebe porque este 2.º resgate nos oferece juros mais baixos do que no 1.º…
E ainda tem o descaramento de gabar o trabalho do governo, chamando de ambiciosas as suas “reformas”, sem explicarem como é que a Irlanda conseguiu sair do buraco, sem o 2.º resgate…
No âmago destas preocupações dos nossos “filantropos” não há dúvidas de que temem mais uns chumbos do Tribunal Constitucional, o que lhes atrasaria o reembolso da “ajuda”, mas sobretudo porque, formalmente, deixariam de nos ter (tão) debaixo da pata…
Por isso, de forma velada, dão a entender que não se pode continuar a avançar com cortes no consumo e no investimento público (se o TC chumbar o que é inconstitucional), dado que deram cabo da economia real e é difícil recuperá-la, enquanto o desemprego vai subindo, concluindo que está a ser um ajustamento muito difícil. Se o ajustamento está a ser difícil com as medidas que impuseram, como é que vai ser facilitado com mais um calote? Só se o 2.º for para lhes pagar o 1.º…
Mas melhor do que eu, talvez valha a pena ler o que alguém mais conceituado, diz, embora transpareça uma certa (im)parcialidade ou opção política…
À luz do que nos tem sido dito repetidamente pelo nosso Governo, o sr. Frank Gill veio dar-nos uma opinião muito improvável para quem é diretor responsável da Standard & Poor’s pelos ratings das dívidas soberanas europeias: afinal, um 2.º resgate pode bem ser um fator positivo para a notação da dívida portuguesa.
Manuel Tavares
A primeira reação é obviamente a de ir consultar os ficheiros do PS, PCP e BE para tentar descortinar alguma ligação do senhor, tal tem sido a tónica posta pelo Governo na identificação da possibilidade de um 2.º resgate com os desejos mais ardentes dos partidos da Oposição. E mais ainda: como a expressão irresponsável de quem não tem a noção de como reagem os mercados ao menor sinal ou tentativa de fazer com a dívida do país o que qualquer cidadão faria com a sua, ou seja, negociar taxas de juro e prazos.
Mas não, este sr. Gill é mesmo o responsável-mor pela avaliação da S&P, a tal agência que também repetidamente nos tem sido apresentada como influenciadora dos comportamentos dos mercados financeiros, para além do aceitável segundo alguns e insubstituível segundo outros. Verdade, isso sim, é que sabemos, de experiência vivida, que tem bastado à S&P tossir para o rating da nossa dívida soberana resvalar para o lixo. Ou seja: para o descrédito.
Apenas estávamos refeitos do arrojo de António José Seguro que, em direto na TVI, anunciou que vai pedir aos portugueses uma maioria absoluta, eis que, em entrevista ao Dinheiro Vivo, a Standard & Poor’s, pela voz autorizada do sr. Gill, nos vem elucidar sobre os benefícios de um 2.º programa de ajuda financeira. A saber: "É financiamento com maturidades longas, com taxas de juro extremamente baixas, o que é obviamente bom para o vosso perfil de dívida...".
Melhor é que este sr. Gill não reclama da nossa governação. Pelo contrário, tece-lhe elogios como estes: "Também achamos que globalmente a economia está a equilibrar-se e Portugal está agora a conseguir um superavit substancial na sua conta-corrente, que tem sido orientado cada vez mais pela forte performance das exportações do que pela compressão das importações [...] As maturidades estão a ser alargadas, nos empréstimos oficiais para Portugal e isso aumenta verdadeiramente a sustentabilidade da dívida soberana".
Interessantes são também as preocupações do sr. Gill com as políticas para o futuro, em relação às quais volta a aproximar-se das oposições: "É muito difícil, depois da redução orçamental, que já ocorreu, continuar a avançar com cortes no consumo e no investimento público...".
Conclusão: não fosse o nosso próprio jogo político-partidário e talvez Portugal pudesse negociar com os credores internacionais uma boa saída. Até um 2.º resgate...
A agência de classificação de risco Moody's anunciou nesta sexta-feira que melhorou a perspectiva da dívida de Portugal de "negativa" para "estável", excluindo uma redução na nota do país em crise.
A Moody's destaca uma "melhoria" da situação orçamental de Portugal e o "compromisso" das autoridades com a redução do défice público, como revela o orçamento de 2014.
A dívida pública de Portugal atinge 130% do Produto Interno Bruto.

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