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domingo, 10 de novembro de 2013

Poderá desvalorizar o aforro de milhões de europeus?

No dia 7 de novembro, o Banco Central Europeu provocou uma grande surpresa ao baixar 1/4 de ponto a sua taxa de referência, colocando-a no seu nível mais baixo de sempre, 0,25%. Uma decisão que ninguém esperava mas que toda a gente agradece, realça a imprensa europeia.
“As taxas de juro na Europa rumam para zero”, titula Die Presse, que recorda que 0,25% é a “taxa mais baixa desde a instauração do euro”.
O diário de Viena explica que, com esta medida, o BCE pretende combater o risco de deflação – uma descida do índice dos preços que pode provocar uma diminuição do consumo – uma vez que a inflação se encontra no seu ponto mais baixo (0,7%) desde 2009. Paralelamente a esta evolução, a Comissão Europeia espera um aumento do preço de 1,5% em 2013 e 2014 na zona euro. Para o jornal, “vários especialistas previam uma descida das taxas, porque desta forma o BCE pode continuar a promover a sua política do dinheiro barato. [No entanto], o facto de ter agido tão rapidamente é surpreendente. […] A descida deixa pouca margem para baixo, contudo, segundo o presidente do BCE, Mario Draghi, o Banco ainda não jogou a sua última cartada”.
Com a descida da taxa de referência, “o BCE promete colocar à disposição dinheiro barato para os mercados financeiros […] mas os efeitos positivos desta medida suscitam debates”, explica, por sua vez, o Süddeutsche Zeitung, que titula na primeira página que “O dinheiro nunca foi tão barato”. Segundo o diário alemão, no que diz respeito aos aforradores, “esta decisão, que pode parecer abstrata, terá consequências diretas nas suas vidas. O dinheiro barato pode gerar uma inflação e desvalorizar as poupanças de milhões de europeus. Em breve, deixarão de obter juros para depósitos a prazo e nas suas contas de poupança”.
“Descida inesperada das taxas pelo BCE”, titula em Milão Il Sole 24 Ore, que considera que o gesto de Frankfurt transmite 2 mensagens, uma dirigida aos mercados e outra aos responsáveis políticos: “Por um lado, o BCE é um banco central independente, que tem uma política monetária virada para a estabilidade, mas que tem plena consciência do risco de deflação e que não tem medo de contrariar tanto as pombas como os falcões. Por outro, a política do BCE continua a defrontar-se com o facto de os governos nacionais e Bruxelas serem incapazes de elaborar as únicas políticas nacionais e europeias eficazes para o crescimento: as estruturais”.
Em Paris, Les Echos titula, na primeira página: “O BCE mobiliza-se contra a deflação e o euro forte”. O diário económico desfaz-se em elogios ao presidente da instituição de Frankfurt, Mario Draghi, reconhecendo que “tem um certo talento para contrariar os prognósticos dos mercados sem, no entanto, os assustar”. De facto, reconhece o jornal, “1/4 de ponto, pode parecer pouco: não chega para dar um novo impulso a uma economia europeia paralisada. No entanto, é considerável, porque é uma nova demonstração do ‘método Draghi’. Um estilo muito diferente do dos seus predecessores na liderança do BCE. É bem mais proativo, pragmático e flexível. Também está mais disposto a brincar com os limites do mandato do banco central. […] O BCE ainda nos reserva muitas surpresas porque, contrariamente a uma ideia preconcebida, ainda dispõe de muitos recursos”.
“A taxa de juro ainda baixou mais. O que é que deu ao BCE?” interroga-se De Volkskrant, na primeira página. O jornal de Amesterdão considera que a decisão irá afetar de forma negativa a vantagem competitiva dos países da Europa do norte. Portanto, pela primeira vez, explica o jornal, “a decisão sobre a taxa de juro não foi consensual. Dos 23 membros do BCE, alguns votaram contra. A oposição veio muito provavelmente do norte da Europa, contando certamente com o voto contra do presidente do Bundesbank, Jens Weidmann”.

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