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sábado, 16 de novembro de 2013

Notícia com 1 ano e que não passou por aqui... Why?

O movimento Occupy Wall Street pode ter desparecido dos holofotes dos media e das ruas norte-americanas nos últimos meses, mas isso aconteceu apenas porque os seus integrantes estão empenhados em organizar um novo projeto contra o sistema financeiro: o Rolling Jubille. Assim como os bancos foram resgatados pelo governo dos Estados Unidos, o Occupy Wall Street quer resgatar o 99% da população, que permanece atolada em dívidas consequentes da recessão económica.  
Os ativistas lançaram esta semana uma campanha nacional de arrecadação de dinheiro destinada ao resgate da população norte-americana endividada com contas médicas, financiamento hipotecário e educativo, entre outros empréstimos.
Na sua primeira ação, que serviu para testar a viabilidade da iniciativa, o grupo gastou US$466 e conseguiu abolir US$14.000 em dívidas de saúde, livrando algumas pessoas dos abusivos juros bancários. Por conta do sucesso da operação, os ativistas decidiram expandir o projeto para todo o território norte-americano e estabelecer como meta inicial a arrecadação de US$50.000 para perdoar US$1 milhão em dezenas de dívidas.
Como funciona? Nos Estados Unidos, indivíduos e empresas podem comprar dívidas dos credores por preços relativamente baixos se o devedor não está em dia com as prestações ou dá sinais de que não conseguirá pagar o empréstimo. O comprador pode continuar a cobrar à pessoa endividada ou perdoar a sua dívida, e é isso o que o Occupy Wall Street está a fazer. O movimento inverteu a lógica do sistema financeiro que entende a medida como uma ação de risco, mas que pode gerar altos lucros.
Neste processo de negociação, a organização estima que por cada US$1 investido na compra da dívida, US$30 são abatidos. “Isto é uma trapaça louca!”, conta um dos integrantes. 
“Depois de muitas consultas com advogados, com o IRS (o equivalente à receita federal norte-americana), e com os nossos colaboradores no mundo das dívidas podres, estamos prontos para levar o Rolling Jubille para toda a nação, comprando as dívidas das comunidades que lutam durante a recessão”, afirmaram os organizadores num comunicado. 
Assistencialismo ou injustiça?
Embora não estejam a protestar contra o sistema financeiro nas ruas de Nova York, o novo projeto do Occupy Wall Street mantém a crítica às políticas económicas do governo e continua a defender o 99% da população em oposição à elite bancária. A aparência assistencialista da iniciativa ganha novos contornos com a justificação da luta contra o sistema.
“Os 99% estão sob ataque. Nós usamos cartões de crédito para pagar as nossas contas no fim do mês. Enquanto isso, Wall Street ganhou milhões de dólares em cima destes empréstimos”, afirma o vídeo de promoção (veja abaixo) da campanha. “Eles estão a ficar mais ricos ao manter-nos endividados. Wall Street ergueu o sistema contra nós. Cometeram fraude e mesmo assim, foram resgatados, deixando as suas dívidas sob a nossa responsabilidade”
Isso não poupou, no entanto, o movimento de críticas pela sua nova proposta. O jornalista Matthew Yglesias, do site de notícias Slate, questiona por que os ativistas não estão a doar esse dinheiro para outras pessoas necessitadas, mas que não contraíram dívidas. “Pensando em 2 famílias que passam por dificuldade, uma que está endividada e a outra não, não está claro por que achar que a família que pegou grandes quantias de dinheiro emprestado é mais digna de assistência”, escreveu ele.
Doação
O programa pede, agora, a colaboração das pessoas que podem doar dinheiro para a causa. “Este é uma forma simples, mas poderosa, de ajudar os companheiros necessitados e libertá-los de pesadas cargas de dívida para que possam focar-se em serem produtivos, felizes e saudáveis”, explica David Rees, que participou da elaboração da iniciativa.
O Occupy Wall Street também organizou o festival “O Resgate do Povo” em Nova York no dia 15 de novembro para divulgar a nova campanha. As entradas, que variam de US$25 a US$250, já estão esgotados e todo o valor será revertido para o fundo do projeto. 
Veja o vídeo da campanha: What Is The Rolling Jubilee?

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