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sábado, 23 de novembro de 2013

Masoquismo, sadismo e desonestidade intelectual…

Segundo um estudo redigido por Jan in ’t Veld, um economista da Comissão Europeia, as políticas de consolidação orçamental levadas a cabo na Europa nestes últimos anos têm tido efeitos negativos sobre o crescimento e o emprego.
Apesar de a França ter perdido 4,8% do crescimento acumulado entre 2011 e 2013 adianta o Libération, “o triste recorde de perda de riqueza cabe à Grécia: durante este mesmo período, as políticas de austeridade impostas a Atenas terão resultado numa perda de crescimento (sempre num período de 3 anos) de 8,05%. A Itália, a Espanha e Portugal terão perdido respetivamente o equivalente a 4,9%, 5,4% e 6,9% do PIB. Até mesmo a virtuosa Alemanha foi afetada por estas medidas (2,61%)”.
E o diário considera no seu editorial assinado por Eric Decouty, que há
Apesar de ter sido escrito por um único economista consagrado, o documento que contém o carimbo da Comissão não reflete apenas a opinião do autor. Confirma que em Bruxelas, o dogma da austeridade está a desintegrar-se progressivamente até desaparecer por completo.
Há alguns meses, Olivier Blanchard, o economista-chefe do FMI, tinha confessado os limites desta política e confessou ter subestimado os efeitos dos cortes orçamentais na Europa. A conclusão é agora largamente difundida em Paris, Bruxelas ou Washington: se o rigor é indispensável para restabelecer o equilíbrio das finanças públicas, não pode, por si só, constituir uma política económica. À falta de grandes projetos de desenvolvimento, a austeridade trava hoje a economia e alimenta a contestação e os populismos. Prova desta nova realidade, este debate ganha agora a Alemanha - e mesmo a CDU de Angela Merkel - onde, depois da última campanha eleitoral, muitas vozes defendem a necessidade de investir em grandes infraestruturas e de introduzir um salário mínimo.
Mas, além da análise, 2 dificuldades se põem de futuro aos economistas, em Bruxelas e aos governos de cada Estado: uma, a alternativa para o dogma dos últimos anos e outra, a capacidade de os Europeus para convencer a chanceler alemã de infletir a sua doutrina.
A recuperação e o crescimento, que passam necessariamente por Berlim, pressupõem uma Europa unida, para além do simples rigor das contas públicas.
Os ministros da Finanças da zona euro reuniram-se para debater a analise da Comissão Europeia às propostas de Orçamento para 2014, dos Estados-Membros da zona euro, que não estão ao abrigo de programa de assistência económica e financeira. Os orçamentos de Espanha, Itália, Finlândia e Malta evidenciam “riscos” de falharem as metas e foram “convidados” a modificar as propostas que apresentaram a Bruxelas.
“Convidamos esses Estados-membros a tomar medidas de consolidação apropriadas no âmbito do seu processo orçamental ou em paralelo”, afirmou o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
De acordo com as regras do pacto de estabilidade e crescimento, que obriga os países a manter os orçamentos nacionais dentro de limites apertados em matéria de défice, as propostas dos quatro países apresentam “riscos”, mas os ministros daqueles países “comprometeram-se totalmente” em encontrar medidas para melhorar as suas propostas de orçamento.
“No caso de Espanha, fomos informados que estão a ser já preparadas medidas baseadas no plano de reforma do Estado, incluindo a segunda parte da reforma do mercado de trabalho”, disse o holandês.
Itália está já a cortar nas “despesas do Estado”, a levar a cabo um plano de “privatizações” além de “medidas fiscais”.
Malta informou que já adoptou medidas.
A Finlândia prometeu apresentar “em breve” um plano com reformas.
Para os 13 países analisados, o Eurogrupo defende medidas de combate ao desemprego, que “infelizmente (...) continua alto em alguns países”.
Portugal, assim como outros países sob programa de assistência financeira ficam excluídos deste exercício, uma vez que os seus orçamentos já são acompanhados no âmbito das avaliações regulares da troika.
Pois! Mais um estudo que confirma os efeitos secundários do remédio, mas já mete nojo o paradoxo entre as conclusões teórico-práticas e a continuação da mesma receita com os mesmos resultados… Se não tivéssemos a certeza de que isto é tudo orquestrado, até desconfiávamos de que nos estão a esmifrar até ao tutano.
Já chega a raiar a desonestidade intelectual e a prepotência política, esta dependência da vontade de uma senhora rica, que se permite, imperialmente, mexer (para pior) na vida de cidadãos de países da União em favor dos cidadãos do seu país, sobretudo dos mais ricos…
Como não chegasse, até os países “soberanos” estão debaixo da jurisdição de um ministro holandês, que manda bitaites sobre os Orçamentos de outros países-membros, sem que tenha outra solução, para o desemprego, do que um desabafo de comiseração: “infelizmente (...) continua alto em alguns países”.
E é por isso que não se compreende a preocupação dos nossos governantes com o ato “simbólico” da “tomada de S. Bento” pela polícia, que pode mostrar aos opressores, que estamos a exteriorizar os tais sinais de fadiga e de stresse, de que estão avisado e tem avisado (eles próprios) para estas emergentes atitudes…
Quem aguenta, indefinidamente, com roubos e mais roubos, com a dívida do país sempre a aumentar e as condições de vida do cidadão sempre a piorar?
Só masoquistas suportam esta sociopatia, mas é preciso que haja sádicos…
E há! Tannnnnntos…

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