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domingo, 17 de novembro de 2013

Na blogosfera, nas redes sociais e também nos media!

Nunca gostei do mundo da blogosfera e das “redes sociais”, que é um repositório de iliteracia e de irresponsabilidade, sem direcção e sem lei.
Mas não imaginava que politicamente as coisas se pudessem passar como as conta um cavalheiro que a revista Visão entrevistou esta semana. Esse cavalheiro, que se descreve a si próprio como “consultor de comunicação”, gaba com enorme orgulho as patifarias que por aí se fazem para distorcer os resultados de várias espécies de eleições (por exemplo, as que Passos Coelho ganhou no PSD) e para “derreter” a imagem pública de pessoas que um pequeno grupo de facciosos considera inconvenientes (por exemplo, Paulo Rangel e Manuela Ferreira Leite). Estas “campanhas negras”, como são conhecidas, gozam segundo ele diz do apreço e da ajuda de algumas “notabilidades” públicas.
Verdade que certos governos meteram a colher na sopa, definindo as “linhas gerais” da sua propaganda e fornecendo informações secretas por “e-mail fechado” (um requinte que francamente não consigo perceber). Isto, a ser verdade, já é de si gravíssimo. Mas, sobre isto, os “consultores de comunicação” inventam “perfis falsos” (por outras palavras, personagens imaginárias) para o Facebook, a que dão uma “vida” (“fotografias de família”, preferências particulares, clube de futebol e por aí fora) e que depois põem a espalhar calúnias sobre o indivíduo ou o partido que pretendem abater. Durante a campanha de Passos no PSD, o “consultor de comunicação” que os jornalistas da Visão confessaram, aliás sem grande dificuldade, passou uma noite a trabalhar em 3 computadores (fora o telemóvel) para virar a audiência contra Rangel e a favor de S. Exa. o actual primeiro-ministro.
Pior ainda: estes extraordinários peritos em “novas profissões” intervêm, sob nomes fictícios, nos chamados “fóruns” de opinião da TSF e da SIC. Ou para vexar um político particular (no caso, parece que Sócrates) ou para “defender” a gente para quem trabalham. Ao que alega o “consultor” da Visão as “Juventudes” fornecem muitos “voluntários” para esta meritória obra. E, mais tarde, acabam por receber a sua recompensa. Lugares no Estado, evidentemente, lugares nos gabinetes dos ministros, até contratos de um teor obscuro. Mesmo que o benfeitor que a Visão desencantou exagere a sua importância e as suas proezas, não fica a menor dúvida que existe um bas-fonds na “net”, a pedir uma boa limpeza. É para isso que existe a polícia e a Procuradoria-Geral da República. Ou não é?
Para quem anda nesta “coisa” sabe de experiência feita, que a iliteracia, a irresponsabilidade, com direção definida e contornando a lei, se passa na blogosfera, nas redes sociais, mas também, ou sobretudo nos meios de comunicação social. Só há uma diferença, é que na internet só lê quem procura ou encontra por acaso, enquanto nos media tudo nos entra pela casa dentro e ainda pagamos… E VPV não deve ser tão inocente que se tenha esquecido da gente que utiliza a sua mesma ferramenta…
Mas o mais paradoxal é ter verificado em vários blogues a mesma indignação que VPV exteriorizou, quando muitos deles no passado recente e pelas mesmas razões, usaram os mesmos meios, sobretudo na blogosfera, contra outros alvos e ao serviço de outros amos, com os mesmos objetivos…
E o mesmo se passou no passado na comunicação social, impune e militantemente, com a mira apontada a outros atores, à margem da ética e da lei…
Mudam-se os tempos, mudam-se os atores, mudam-se os moços de recados.

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