Mais
de 1.000.000 de pessoas participam em ações de voluntariado, 600.000 integradas
em organizações. Segunda carreira, desemprego e maior sensibilidade face à
crise aumentam vontade de ajudar
Está
a aumentar o número de pessoas que em Portugal fazem voluntariado e a crise e o
desemprego estão a contribuir para essa subida. Em 2012, estima-se que foram
doadas mais de 368.000.000 de horas. Os cálculos foram feitos pelo INE, no
âmbito de um inquérito-piloto ao trabalho voluntário realizado no último
trimestre de 2012.
Os
resultados apontam para que 11,5% da população residente, com 15 ou mais anos,
tenha participado numa atividade formal ou informal de trabalho voluntário, o
que equivale a quase 1.040.000 voluntários em Portugal.
O
inquérito do INE aponta que foram doadas mais de 368.200.000 de horas no ano
passado, o que corresponde a 4,1% do total de horas trabalhadas. E, fazendo um
cálculo pelo salário/médio/hora associado à ocupação profissional equivalente,
estima em mais de 1.700.000 de euros o valor das horas de trabalho, o que
corresponde a mais de 1% do PIB.
Cerca
de metade destes voluntários (535.000) fazem trabalho formal em instituições, o
que bate certo com o resultado de um outro estudo, feito em 2011 para o
Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, que estima em 600.000 os
voluntários portugueses formalmente envolvidos em organizações, o que
corresponde a um aumento de 20% face a um inquérito de 2001.
Ainda aquém
da Europa
Rogério
Roque Amaro, coordenador do estudo, explicou que a taxa absoluta de
voluntariado (pessoas que alguma vez participaram numa ação de voluntariado)
terá aumentado de 16% em 1999 para cerca de 18 a 20% em 2011, o que corresponde
a uma inversão de tendência. Mas "ainda
está muito aquém do que se passa na maior parte dos países da União
Europeia", como a Holanda e a Suécia onde as taxas são superiores a
50%.
Contudo,
o professor do ISCTE aponta vários fatores que contribuíram para este aumento.
Por um lado, uma maior valorização social e até uma maior visibilidade
científica do fenómeno (com grupos organizados nas universidades), encarar o
voluntariado como uma espécie de 'segunda carreira' para quem já se reformou,
os jovens desempregados que olham para o voluntariado como uma aprendizagem
complementar e potencial rampa de lançamento e uma maior sensibilidade face à
pressão da crise na sociedade.
Quando o 1.º setor, o Estado, não cumpre com as suas obrigações sociais e o 2.º setor, as Empresas fazem o mesmo, há que arranjar alguém que colmate essas necessidades, fazendo o que pode em favor dos que nada podem, em nome da solidariedade. É mais uma inovação sociológica do neoliberalismo…
E a este truque chamou-se “economia social”, que até chega a dar lucro, quando surgem empresas que exploram a exploração, como se vê no caso português, embora aqui se refira apenas o papel das IPSS, que mesmo assim tem dificuldade em arranjar algum, com a maior indiferença dos primeiros e únicos responsáveis, o Estado e as Empresas.
Mas nem com esta poupança (isto é que é poupança) o Estado dá conta do recado…Para outros comentários sobre o tema, vá até aqui:
É a subversão e exploração do voluntariado!
Com o Estado sem dinheiro e os fundos
europeus quase esgotados, poucos são os apoios a que a economia social pode
acorrer em caso de emergência financeira ou para investir.
As linhas de ajuda à economia social
têm-se sucedido, ao longo dos anos, mas o volume de pedidos depressa as esgota.
Hoje, quem quer investir ou necessita de apoio de emergência tem poucas
alternativas.
"Vai
havendo linhas de financiamento, mas não cobrem as necessidades", assegurou José Baptista, presidente
da união do Porto das IPSS. Manuel Lemos subscreve. "Só conheço alguns apoios da CASES (Cooperativa António Sérgio,
uma espécie de direção-geral do setor), mas são marginais e chegam através da
Banca". Para o presidente da União das Misericórdias, "tirando a mutualista - Crédito Agrícola
e Montepio -, a Banca vê a economia social como qualquer outro setor".
De acordo com pessoas ligadas ao
Instituto da Segurança Social, de uma longa lista recebida, apenas 2 estão, de
facto, em vigor.
Primeiro, o Fundo de Socorro Social,
que está a chegar apenas aos casos de emergência financeira extrema, uma vez
que depende da existência de dotação. Segundo, o Estado comparticipa a despesa
de utentes das entidades, através de acordos de cooperação, mas fontes ligadas
a IPSS asseguram que não estão a ser assinados novos acordos. "O Governo não diz não, aceita os
pedidos, aprova-os até, mas depois diz que ficam a aguardar dotação",
disse uma fonte.
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