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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A “inveja” pode estar na base da contestação…

Os eleitores suíços votaram ‘não’ nos 3 referendos que se realizaram a 24 de novembro. Rejeitaram, por 60,5%, o aumento do preço da taxa de circulação nas autoestradas, que passaria para 100 francos suíços (81,30 euros) em vez dos 40 que hoje se pagam.
Além disso, 58,5% dos eleitores também recusaram uma proposta da UDC (União Democrática do centro, populista de direita) que queria alinhar as deduções fiscais dos pais que tomam conta dos seus filhos com as daqueles que pagam a outros para que o façam.
Por fim, 65,3% rejeitaram o plafonamento de salários proposto pelos jovens socialistas. Le Temps afirma que: “os suíços não quiseram introduzir um controlo estatal ilusório e incompatível com o espírito de um Estado liberal”.
Os suíços rejeitaram em referendo realizado neste domingo limitar os salários elevados no país, de acordo com resultados provisórios. De acordo com as primeiras estimativas, 65% dos eleitores disseram "não" à medida que ficou conhecida como "Iniciativa 01:12".
O texto para limitar desigualdades muito importantes de remuneração propunha que o salário mais alto pago numa empresa não excedesse em 12 vezes o salário mais baixo. A "Iniciativa 01:12" visava os salários exorbitantes pagos aos presidentes e diretores de multinacionais instaladas na Suíça, que são regularmente denunciados por políticos de esquerda.
Há 8 meses, os suíços aprovaram, com uma maioria de 67%, um texto para abolir os bónus astronómicos pagos a título de aposentadoria especial dos executivos, um sistema muito comum na Europa conhecido pela expressão "para-quedas dourado".
Os suíços também rejeitaram no referendo realizado hoje outras 2 propostas. Um projeto que previa ajuda fiscal às famílias em dificuldades (58%) e um aumento da taxa paga pelos motoristas para utilizar as estradas do país (60%).
Em 2014, os eleitores suíços vão votar novamente uma iniciativa lançada pela União Sindical Suíça, que propõe um salário mínimo mensal de 3.300 euros, para uma jornada de trabalho semanal de 42 horas. Finalmente, dentro de 2 a 3 anos, os eleitores vão votar uma iniciativa popular visando introduzir uma renda básica para todos os cidadãos de 2.083 euros por mês.
Como se vê e se ouviu em tempo oportuno, os suíços foram chamados a votar no domingo passado em 3 referendos, um que dizia respeito à proposta do aumento “colossal” das portagens nas autoestradas, outro que pretendia subsidiar os pais que tomam conta dos filhos, convergindo com os que pagam para tal e um terceiro para limitar os vencimentos mais altos, que não ultrapassasse 12 vezes o salário mínimo.
O 1.º foi (logicamente) recusado, o 2.º (incompreensivelmente) também e o 3.º (sem inveja) teve o mesmo resultado, ou seja, 3 negas dos cidadãos a propostas do governo, através de um processo da democracia direta.
Cada um de nós fará a leitura e a interpretação dos resultados, mas seguramente que todos estaremos de acordo que devia ser assim para grande parte das decisões que os governos, verdadeiramente democráticos, desenham, consultando diretamente os cidadãos, sem que houvesse necessidades dos tais “consensos” entre partidos. Se assim fosse, nem era preciso brincar e jogar às constitucionalidades, já que o povo é soberano.
Mas o que quero ressaltar neste comentário, apesar de ser importante e consequente, democraticamente falando, nem é o método do referendo, mesmo que digam que é caro e “blá, blá, blá”, mas os títulos da notícia, de todos os jornais que pesquisei (exceto o de cima), em que apenas consta a rejeição dos limites aos salários mais elevados, dando a entender por um lado que apenas houve um referendo sobre esse assunto e por outro lado que os suíços não são “invejosos” e não se chateiam que haja “trabalhadores” das administrações a ganharem balúrdios, independentemente das mais-valias que acrescentam, embora lhes tenham recusado há meses o direito a bónus astronómicos pagos a título de reforma especial aos mesmos executivos…
Convém lembrar que na Suíça não há Salário Mínimo Nacional, mas há “um menor montante” que um trabalhador pode ser legalmente pago pelo seu trabalho e a maioria dos acordos coletivos voluntários contêm cláusulas sobre a remuneração mínima, que variam de 2.200 a 4.200 francos por mês para trabalhadores não qualificados e de 2.800 a 5.300 francos por mês para trabalhadores qualificados.
Pelos vistos, em 2014, os eleitores suíços vão votar novamente uma iniciativa lançada pela União Sindical Suíça, que propõe um salário mínimo mensal de 3.300 euros, para uma jornada de trabalho semanal de 42 horas e dentro de 2 a 3 anos, os eleitores vão votar uma iniciativa popular visando introduzir um rendimento básico para todos os cidadãos de 2.083 euros por mês.
Assim, já se compreende por que os suíços são tão liberais, até porque ficarão com o ordenado mínimo mais alto da Europa (3.300 euros), quase o dobro do Luxemburgo que lidera o ranking, com 1.874,19 euros em 2013…
Assim também nós não nos importaríamos com os salários dos bosses e nem seria necessário fazer referendos…
Até a “inveja” tem um preço!

2 comentários:

  1. talvez seja necessario algum ajustamento pelo facto de se usar tanto francos como euros.
    Uma vantagem que vejo no metodo suiço é o fim do paleio comum aquie de que os eleitores não votam porque não vale a pena edepois enchem as ruas a protestar contra os eleitos(emque olimpicamente se burrifaram) e tambem diminuir estes "fretes" que nitidamente alguns governates fazem a grupos economicos poderosos - e segundo vejo alguns indicios na aprovação da própia lei pelos "impolutos" de-putados de que ninguem sabe o nome, nem tem nada que saber, já que o directorio partidario "democraticamente" controla.

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    1. Os valores são mesmo em euros.
      Os valores democráticos é que precisam de ajustamento...

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