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sábado, 30 de novembro de 2013

Mais um expert a denunciar o ardil “heterodoxo”…

Mark Blyth é professor de Economia Política na universidade norte-americana de Brown nos Estados Unidos e esteve em Lisboa para lançar o seu livro "Austeridade: a história de uma ideia perigosa".
O modelo de negócio para Portugal, baseado nas exportações, pode acabar por não ser uma boa solução para o país, defende o autor escocês que considera que a alavancagem dos bancos, e não o aumento da despesa pública, é a verdadeira causa da crise europeia. “Não podemos todos exportar ao mesmo tempo, alguém tem de estar a importar, chama-se a isto a falácia da composição. Há aqui um problema na forma como todos pensamos nisto, de que todos conseguimos exportar”, disse o professor à margem da conferência "Austeridade cura? Austeridade Mata?" organizada pelo Centro de Investigação de Direito Europeu, Económico, Financeiro e Fiscal (CIDEEFF).
“Exportações e importações são recíprocas: se se exporta mais, então por definição, importa-se menos. A quebra nas importações deve-se a que os ordenados portugueses e espanhóis caíram 10% em média. Assim, as pessoas tem menos dinheiro e compram menos importações o que não afecta as exportações. Basicamente, exportamos mais porque a nossa economia é mais pequena e as pessoas recebem ordenados menores. Não tenho a certeza que isso seja um sucesso”, acrescentou.
Mark Blyth criticou também a reforma do IRC em vários países europeus, sublinhando que não terá os efeitos desejados. “A outra coisa que Portugal está a tentar fazer, assim como a Irlanda, Letónia, Reino Unido é baixar os impostos sobre as empresas [IRC]  para encorajar a entrada de investimento, mas não podem todos receber investimento ao mesmo tempo, alguém tem de estar a investir”, disse.
Sobre o fim do programa de ajustamento irlandês, e o aproximar do final do português, o académico sublinha que a austeridade deixou graves sequelas nos países resgatados. “Parabéns à Irlanda, eles deixaram o programa, mas eles têm 14% de desemprego, perderam 200.000 licenciados para a emigração, o que significa que os seus futuros contribuintes foi para o estrangeiro e não vai voltar”, afirmou.
“Letónia, a grande história de sucesso da austeridade: 13% da sua força laboral vive no estrangeiro. Qual é o modelo aqui? Que vai Portugal fazer, 13% dos portugueses devem ir para Espanha para arranjar trabalho? Mas não há empregos em Espanha. Devem 13% dos trabalhadores de Espanha, Portugal e Irlanda ir para a Alemanha arranjar trabalho? Isto não faz sentido”, frisou.
O professor rejeitou também a ideia de que a austeridade está a funcionar em Portugal. “O crescimento do 2.º trimestre deve-se à menor austeridade, porque falharam a vossa meta orçamental, foi por isso que cresceram. A austeridade não está a funcionar, foi por isso que voltaram a não crescer no trimestre seguinte, porque começaram a apertar de novo. Isto é previsível”, apontou.
O grande problema na Europa, e a causa da crise económica, é a sobre alavancagem dos bancos europeus. “Não vai haver um momento de viragem. É basicamente uma questão de nos  apercebermos que não está a funcionar, pararmos de fazer as coisas mal e começamos a melhorar o sistema bancário europeu que está entupido com ativos tóxicos, particularmente em Espanha, e assim que nos livrarmos deste problema e desalavancar o sistema bancário europeu, como os norte-americanos já fizeram, devemos voltar a crescer outra vez”, disse.
Sobre a continuação das políticas da austeridade em Portugal, o professor de Brown lança um sério aviso. "Se a única coisa que os políticos conseguem oferecer às pessoas é a eterna austeridade, então, eventualmente, as pessoas deixam de votar neles, e vão votar em alguém que lhes ofereça esperança. E essa esperança pode ser uma esperança positiva ou pode ser uma esperança negativa, uma esperança reaccionária, uma esperança racista", concluiu.
E já chegavam as ideias e contraditórios acima, mas Mark Blyth ainda faz afirmações mais desconcertantes, contrariando o que o poderio nos quer impor como paradigmas e que a própria realidade não sustenta, antes desconstrói.
Entretanto “segue o baile”, para nós e para os outros PIGS da vara euro, enquanto na Alemanha se pratica o contrário, o que demonstra, mais uma vez, que a ideologia e a exploração anda por aí, ruminando:

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