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domingo, 21 de julho de 2013

República e/ou Monarquia e/ou Democracia…

Do 14 de julho ao 21 de julho. Da tomada da Bastilha à subida ao trono de Leopoldo I. No calendário das festas nacionais na Europa, à comemoração da Revolução Francesa segue-se, ironicamente, a celebração de uma monarquia, no caso a belga. E, este ano, a data assume um pouco mais de importância: ao fim de 20 anos de reinado, o Rei Alberto II abdica da coroa em favor do seu filho Filipe.
A dimensão deste acontecimento ultrapassa o quadro do que mostrarão as fotografias, que serão publicadas, da ocasião de real gravidade dinástica. Porque, de certa forma, o rei dos belgas é o último monarca útil da Europa. Como recordaram os jornais, flamengos e francófonos, após o anúncio da sua abdicação, em 3 de julho, Alberto II desempenhou um papel crucial na longa crise política e institucional, (485 dias sem governo) que paralisou e ameaçou o país em 2010-2011. E o seu sucessor deverá, por certo, desempenhar esse papel de garante da unidade nacional, depois das eleições legislativas da primavera de 2014.
Na União Europeia existem ainda 7 monarquias. E, apesar de poucas pessoas continuarem a confundir república com democracia, para refutar a legitimidade das monarquias constitucionais, os soberanos perderam a sua auréola e têm agora que se adaptar aos usos das sociedades modernas. Por conseguinte, o Rei Filipe terá que pagar impostos, medida a que a própria Isabel de Inglaterra já se encontra sujeita.
Mesmo dessacralizados, os monarcas continuam frequentemente a ser considerados como a incarnação da nação, como uma figura imparcial acima dos partidos, enquanto os presidentes da República têm, cada vez mais, dificuldade em distanciar-se dos jogos políticos e os governantes são correntemente postos em causa em casos de corrupção. Mas também essa fronteira se vai diluindo a pouco e pouco, como mostram os aborrecimentos paralelos do primeiro-ministro Mariano Rajoy e do Rei Juan Carlos, ambos enfraquecidos por escândalos relacionados como o Partido Popular, no caso de um, e com a família real, no caso do outro.
Numa Europa na qual o conceito de nação é menos evidente, a exigência de democracia mais forte e a crise económica mais profunda, a evolução do papel dos reis e rainhas do Velho Continente poderá, em breve, não ser suficientemente rápida. Um aviso às próximas gerações de sangue azul. A ocasião é oportuna, já que o Royal baby está quase a chegar!

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