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sexta-feira, 26 de julho de 2013

1.º Emprego; 2.º Crescimento; 3.º Austeridade? OK!

Os ministros das Finanças do G20 afirmaram, em comunicado conjunto, que o emprego e o crescimento económico são as suas prioridades de "curto prazo" no combate à crise mundial. Reunidos em Moscovo para uma reunião preparatória da cimeira de chefes de Estado marcada para setembro, os ministros optaram por deixar a austeridade em segundo plano na declaração.
O comunicado diz que a retomada económica tem sido "frágil e desigual" e que medidas de disciplina orçamentária para reduzir défices precisam ser verossímeis e aplicadas a médio prazo. "Chegamos a um acordo de que a nossa prioridade de curto prazo é estimular o emprego e o crescimento", afirma o texto.
A declaração final vai na linha de pensamento dos Estados Unidos, da França e do Brasil, enquanto a Alemanha tem dado prioridade à defesa da austeridade.
A Alemanha pode perder força no debate sobre como reavivar a economia da zona do euro depois de os Estados Unidos e outros países rejeitaram a sua receita de austeridade.
Brian Blackstone
Autoridades financeiras do chamado grupo G-20 de economias desenvolvidas e emergentes, reunidas durante o fim-de-semana em Moscovo, concluíram que as suas políticas devem ter como meta a geração de emprego e o crescimento económico, numa rejeição às intenções da Alemanha de estabelecer metas de endividamento para depois de 2016.
"A ideia de que os alemães seriam apoiados por outros europeus era de facto extravagante, e a ideia de que os americanos aceitariam as metas era igualmente improvável", disse Simon Tilford, do Centro para a Reforma Europeia, um centro de estudos sediado em Londres e dedicado a aprimorar a União Europeia.
A França e outros países-membros, principalmente os do sul da Europa, há muito que vêm criticando a insistência da Alemanha em reduzir dívidas em detrimento do crescimento económico.
Um conjunto cada vez maior de estudos económicos indica que os efeitos negativos do aperto fiscal sobre o crescimento vêm a ser subestimados, especialmente em tempos de crise. A posição pró-austeridade da Alemanha foi contestada ainda mais por dados oficiais divulgados ontem, que mostram um aumento considerável da dívida da zona do euro no 1.º trimestre. Portugal e outros países do sul da Europa, que cortaram gastos e elevaram impostos para atender exigências da Alemanha, apresentaram um crescimento particularmente acentuado.
"Como um todo, a pressa pela consolidação fiscal foi um erro da Europa", disse Zsolt Darvas, um académico do centro de estudos Bruegel, de Bruxelas.
A maioria dos economistas e formuladores de políticas concorda que, no longo prazo, um baixo nível de endividamento é bom para a economia. Mantém as taxas de juros baixas e faz o dinheiro chegar ao setor privado, de onde ele pode ser direcionado para investimentos produtivos.
A questão que diferencia a Europa do resto do mundo é o que fazer no curto prazo, enquanto as economias ainda estão debilitadas.
Os EUA responderam à severa recessão de 2008 e 2009 cortando juros e aumentando os gastos do governo. O resultado foi um défice de mais de US$ 1 trilhão, cerca de 10% do PIB. A economia americana recuperou, ainda que modestamente, e neste ano o país aumentou impostos e permitiu que cortes automáticos de gastos começassem a vigorar. Com isso, o défice caiu substancialmente.
As autoridades europeias fizeram o oposto com a Grécia, a Irlanda e outros países atingidos pela crise. Insistiram nos aumentos de impostos e cortes de gastos como condição para os pacotes de resgate, exacerbando recessões que já eram severas.
A esperança era que o aumento da procura dos EUA e outros mercados emergentes ajudaria a tirar as economias da recessão através de exportações.
Mas as autoridades subestimaram a escala dos problemas que afligiam os setores bancário e imobiliário em grande parte do sul da Europa, dizem analistas, e confiaram demais no crescimento da procura estrangeira.
As economias geralmente precisam de um pouco de inflação e um crescimento robusto para gerar os recursos financeiros necessários para pagar as suas dívidas. O crescimento também aumenta o emprego, aliviando a pressão sobre os gastos sociais. Em suma, aperto fiscal só funciona se houver crescimento.
A dívida pública total da zona euro subiu em 150 bilhões de euros no 1.º trimestre, para 8,75 trilhões de euros, ou 92,2% do PIB do bloco, ante 90,6% no 1.º trimestre. Cinco dos 17 países da UE — Bélgica, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal — têm dívidas maiores do que as suas economias. A dívida da França já passou dos 90% do seu PIB e a da Espanha, que era só de 40% em 2008, também está perto dos 90%.
Ainda assim, a Alemanha e o resto da zona do euro não tiveram muita escolha no caso da Grécia, Irlanda e Portugal, que perderam acesso aos mercados de crédito, diz Daniel Gros, chefe do Centro de Estudos de Políticas Europeias, em Bruxelas. Na ausência de crédito, esses países precisam primeiro reduzir os seus défices para depois voltar a pensar em política fiscal como motor do crescimento, diz ele.
A Comissão Europeia deu aos membros do bloco mais tempo para atingir as suas metas de défice, mas a política fiscal continuará pesando sobre o PIB este ano e no próximo, ainda que um pouco menos que antes, diz Greg Fuzesi, economista do J.P. Morgan.
Além disso, a Alemanha ainda tem a chave do cofre da Europa e não deve mudar de atitude apesar da reprimenda do G-20. O seu orçamento está quase em equilíbrio e a sua dívida, em proporção ao PIB, caiu no 1.º trimestre, contrabalançando a tendência do bloco. E com o desemprego em níveis próximos de baixas históricas, o governo hesitará em mudar de estratégia antes das eleições nacionais de agosto.
"A dura retórica da austeridade ainda soa bem na Alemanha", disse Tilford.
O BCE pode ter que cortar as taxas de juros e iniciar uma nova rodada de afrouxamento monetário não convencional. Essa possibilidade, informada pelo FMI, tem como objetivo ajudar a impulsionar a economia da Zona Euro, que ainda é pressionada pelos cortes de gastos.
Em avaliação da economia dos 17 países que compartilham o euro, a organização disse que os esforços para sustentar as finanças públicas podem reduzir o crescimento em até 1,25% neste ano. Como resultado, o FMI estimou que a Zona Euro permanecerá em recessão pelo 2.º ano consecutivo, contraindo 0,6% antes de retornar a um crescimento de 0,9% em 2014.
Com risco de estagnação na Zona do Euro, e pressão inflacionária muito fraca, o BCE deveria agir para ajudar o crescimento com medidas para reduzir a "fragmentação" dos mercados financeiros, um termo que remete às taxas de crédito díspares para as empresas no norte no sul da região. “Avançando com sua abordagem atual, o BCE deveria garantir as necessidades de financiamento a prazo para os bancos fracos, mas solventes através de LTRO adicionais de teor adequado”, mostrou o relatório do FMI, referindo-se aos empréstimos extremamente baratos do BCE aos bancos, chamados Operações de Refinanciamento de Longo Prazo. “Isso será mais eficaz se for acompanhado por cortes colaterais menores, particularmente em empréstimos para pequenas e médias empresas”, segundo o relatório.
Ora, até que enfim! Agora parece que é! Se não fizerem nada, pelo menos já reconheceram que se enganaram(?) no caminho e que é preciso usar o GPS em vez da bússola para encontrarem o rumo certo. Só não devolvem os saques…Traduzindo, austeridade, sim, mas a médio prazo (obviamente!) e alterar prioridades, pondo à frente o combate ao desemprego e estimular o crescimento. Tanto tempo (de sacrifícios) e tanta gente (inteligente!) para se concluir pelo óbvio. Afinal, tudo funciona como na microeconomia doméstica ou numa mercearia de bairro…Claro que só a Alemanha quer manter o status quo (tem-lhes dado um resultadão), razão provável para quererem dispensar o FMI, no futuro próximo, das troikas (na Europa), que anda a “ajudar à missa” do G20, desmontando-lhes, em parte, a estratégia de penitência para os “pecadores” e do espólio (confiscado) para eles… Já chega de mama!
É pena que a proposta do FMI vá no sentido de emprestar dinheiro, a juros mais baixos, aos bancos, para emprestarem às pequenas e médias empresas, às mesmas taxas de crédito para as no norte no sul, em vez de emprestarem esse dinheiro diretamente aos Estados, a baixos juros…
No fim de tudo, parece que a lógica dá sinais de vir ao de cima, por razões inerentes aos resultados experimentalistas de alguns carrascos odiosamente amadores…Cheira-me que o Portas sabia destas “novidades”, proveniente de quaisquer Anonymous, mas não disse nada ao Coelho, que tinha ido com o Cavaco ao circo…
Esperemos que os funcionários da troika sejam avisados (durante as férias), antes de “enfrentarem” o Portas e a Luís “Swaps” e do próximo Orçamento…

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