Com
todos os cenários em aberto sobre a situação política em Portugal, em Bruxelas
reina a expetativa em torno de uma “clarificação”
que dê estabilidade governativa ao país. Sem esta condição, a “troika não regressará a Lisboa”.
Nesta
fase, a Comissão Europeia não reage directamente ao fracasso das negociações
entre PSD, CDS e PS. Por agora é consensual, a nível europeu, que os “problemas políticos” em Portugal em
nada ajudam a imagem externa do país.
Quando
PSD, CDS e PS ainda procuravam um entendimento que permitisse o “amplo consenso político” também exigido
por Cavaco Silva, o director executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade,
Klaus Regling, afirmou que “Portugal fez
muito bem até algumas semanas atrás, quando começaram problemas políticos no
Governo”.
Entretanto,
Klaus Regling afirmou a um jornal brasileiro que “não exclui” a possibilidade de Portugal, tal como a Grécia, terem
de recorrer a um novo resgate. Klaus Regling salientou que Lisboa fez “progressos importantes" e "implementou medidas fortes”. No
entanto, lembrou que o trabalho “não
acabou e Portugal precisa de continuar”.
Mas,
a “instabilidade política” é vista
pelo presidente do Eurogrupo como um fator que “paralisa as reformas”. Por isso, para Jeroen Dijsselbloem “é prematuro” afirmar que Portugal “vai deixar o programa [de ajustamento]”.
Em declarações ao jornal El País, quando ainda decorriam negociações entre
Passos Coelho, Paulo Portas e António José Seguro, Dijsselbloem concluía que “a perspetiva de a Irlanda concluir o
programa [de ajustamento] é atualmente mais forte do que a de Portugal”.
Enquanto se brincava ao “bate e foge”, imposto pelo chefe do executivo anterior, Cavaco Silva, para distrair as travessuras do executivo anterior, Bruxelas ansiava por uma clarificação (apoio dos homens do “arco”), que desse estabilidade governativa ao país (só porque nos querem bem) e ao mesmo tempo sossegasse a Zona euro, permitindo umas férias (aos seus líderes) gozadas em paz e sem qualquer tipo de austeridade...
Ao mesmo tempo, ameaçavam que a troika não regressaria a Lisboa em tal ambiente, o que era um prémio inesperado, apesar do já anunciado adiamento da 8.ª avaliação, que seria colada à 9.ª, tipo 2 em 1, por questões de poupança e de iniciarem, também eles, a saborear a austeridade…
Entretanto, sem quererem interferir, lá foram avisando que os problemas políticos criados pelo executivo anterior só prejudicavam a imagem externa do país, pelo que o amplo consenso político (amarrar o PS ao sucesso da tragédia) exigido pelo chefe do executivo anterior era “laranja sobre azul”…
De seguida veio o diretor executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling (por acaso alemão), dizer que em Portugal, até umas semanas antes, tudo corria “às mil maravilhas” (para eles), até começaram os problemas políticos no executivo anterior (dentro da coligação governamental)… Mas disse mais, disse que não excluía a possibilidade de Portugal, tal como a Grécia (embora Portugal não seja a Grécia), terem de recorrer a um novo resgate (por estar a correr tudo “muito bem”), porque o trabalho (forçado) ainda não tinha acabado e Portugal precisava de continuar em frente, para chegar ao abismo.
Ficamos sem saber se era por causa do 2.º resgate que tinha havido desavenças no executivo anterior, ou se era pelo trabalho mal fito pelo executivo anterior que era preciso novo resgate…
E mesmo sem querer interferir, veio o ministro das Finanças holandês, que acumula (sem vencimento) a presidência do Eurogrupo, recriminar a instabilidade política gerada pelo anterior executivo, o que paralisaria as reformas (despedimentos na Função Pública), traduzindo-se no distanciamento de Portugal da Irlanda (e Portugal estava tão mais próximo da Irlanda do que da Grécia!) no que à implosão dizia respeito…
Terminado o chamado “processo de clarificação”, vulgo: “irrevogabilidades” e tendo ficado tudo na mesma, mesmo com o anterior executivo que gerou a instabilidade, o que pensará Bruxelas, Klaus Regling e Dijsselbloem?
E o que farão? Vão de férias os líderes europeus (e os nossos), vai de férias a troika e nós passamos férias cá dentro (da embrulhada)…
Mais sorte teve a Bélgica que teve um “processo de clarificação” que durou 485 dias, com um governo de gestão e ninguém os chateou… Nós só tivemos 21 dias, mas com um governo em plenas funções, sem nada fazer (há muito mais tempo)…
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