O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, foi interrompido por cerca de uma dezena de pessoas quando se preparava para falar na apresentação de um livro. Os manifestantes ligados ao movimento “Que se lixe a Troika” gritaram “demissão!” e começaram a rir-se à gargalhada quando o ministro começou a falar, empunhando pequenos cartazes com a inscrição “Povos Unidos Contra a Troika” a convocar a manifestação internacional de 1 de junho. Calaram-se e Vítor Gaspar começou a falar.
Em comunicado, o movimento reivindica o protesto e refere que “esteve presente hoje na apresentação do livro em Lisboa para dizer a Vítor Gaspar e à sua inspiração ideológica (alegadamente fraudulenta) que a austeridade é a loucura financeira, e que aplicar a austeridade é acreditar na loucura e promovê-la, forçar as pessoas à miséria, ao desespero, à pobreza”. Acusam o ministro de ser “o representante nacional máximo da Loucura Financeira”, acrescentando que Vítor Gaspar “não tem qualquer legitimidade para estar frente a um Ministério”.
O incidente ocorreu na apresentação da obra “Desta vez é diferente. Oito séculos de loucura financeira”, de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, economistas que conceberam um polémico estudo sobre o impacto da dívida pública no crescimento económico, que concluíam que uma dívida superior a 90% implicava um crescimento nulo do país. Vítor Gaspar que é o autor do prefácio, reconhece o erro, mas assegura que não tira o mérito à reflexão dos autores: “em minha opinião, os argumentos apresentados afetam decisivamente o artigo de Reinhart e Rogoff. Não são, no entanto, suficientes para colocarem em causa a evidência do efeito do endividamento excessivo sobre o crescimento”.
Apenas 2 comentários:
1. O “estudo” de Reinhart e Rogoff, deu origem a uma folha de Excel, com “erros”, há pouco tempo descobertos, que por omitirem determinados dados viciavam as conclusões. As conclusões, sublinha-se, relacionavam a percentagem da Dívida Pública (90%) com a recessão do país (o que é mentira) e a necessidades de medidas de austeridade (a que fomos sujeitos), porque o “estudo” era religiosamente aceite por Saüble e Gaspar e muitos outros austeritaristas.
Entretanto, os mesmos autores, pressionados por outros académicos (sérios), retificaram os dados e os cálculos e, pasme-se(!), concluíram que as conclusões são exatamente as mesmas…
Donde se conclui, que para cientistas, que nos querem convencer de que a Economia é uma Ciência Exata, quando é uma Ciência Social, marimbarem-se no princípio da causalidade e no método científico, é inqualificável!
2. Admitindo que Gaspar escreveu o prefácio antes de detetada a falcatrua, depois da denúncia, o mínimo que deveria ter feito era declinar o convite, rasgar o seu arrazoado, depois de ele próprio confirmar a falsidade da teoria.
Mas mais, em consequência, deveria reciclar a sua folha de Excel, alterar as bases teóricas da sua atuação e redesenhar todo o plano de ação, reduzindo a austeridade e procurando o crescimento.
Mas fez o contrário e veio pública e extemporaneamente defender o indefensável e mesmo reconhecendo mérito às críticas ao estudo, acaba por colar-se aos inconsistentes economistas, concordando que as conclusões são exatamente as mesmas…
Já se tinha comprovado a fragilidade do “génio” no seu campo profissional, já se tinha constado a sua insensibilidade social, já se tinha testemunhado a sua arrogância antidemocrática, mas ainda não se tinha verificado a sua caturrice comportamental em tão alto grau, que exaspera qualquer pessoa bem formada…
E por tudo isto, mereceu as gargalhadas e os apupos, que lhe quebraram a arrogância, picaram-lhe a sensibilidade e fizeram emergir a fragilidade dos prepotentes, tudo tão bem retratado naquele rosto…
Há limites para a decência, mesmo quando alguém está (seja) limitado!
Acorde!
Vítor Gaspar adormece em conferência!
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