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terça-feira, 1 de maio de 2012

Claro! O PIB sempre e só serviu para nos baralhar!

O consumo excessivo dos países ricos e o rápido crescimento populacional nos países mais pobres precisam ser controlados para que a humanidade possa viver de forma sustentável. Esta é a conclusão de um estudo de 2 anos de um grupo de especialistas coordenados pela Royal Society. O relatório será um dos referenciais para as discussões da “Rio+20”, cimeira que acontecerá na capital fluminense em junho.
Para evitar um colapso, uma das recomendações dos cientistas é oferecer a todas as mulheres o acesso a planeamento familiar. Outras indicações são: deixar de usar o PIB como um indicativo de saúde económica e reduzir o desperdício de comida.
"Este é um período de extrema importância para a população e para o planeta, com mudanças profundas na saúde humana e na natureza", disse o Prémio Nobel da Biologia, John Sulston, presidente do grupo responsável pelo relatório. "Para onde vamos, depende da vontade humana - não é algo predestinado, não é um ato de qualquer coisa fora (do controlo) da humanidade, está nas nossas mãos", reforçou o cientista.
O tamanho da população humana do planeta já esteve no cerne das discussões em tempos passados. Porém, o assunto saiu da pauta de discussões muito por conta de cientistas, que chegaram à conclusão de que a Terra seria capaz de suportar mais pessoas do que o imaginado. Também há o facto de que países em desenvolvimento passaram a considerar a questão como uma cortina de fumo criada por nações ocidentais para mascarar o problema do excesso de consumo.
Questão de gênero
O tema volta à agenda de discussões após novos estudos terem mostrado que as mulheres em países mais pobres, de uma maneira geral, desejam ter acesso ao planeamento familiar, o que traria benefícios às suas comunidades.
Segundo a projeção "média" da ONU, a população do planeta, atualmente com 7 mil milhões de pessoas, atingiria um pico de pouco mais de 10 mil milhões no final do século e depois começaria a cair. "Dos 3 mil milhões extra de pessoas que esperamos ter, a maioria virá dos países menos desenvolvidos", disse Eliya Zulu, diretora executiva do African Institute for Development Policy, em Nairóbi, no Quênia. "Só na África, a população deve aumentar em 2 mil milhões". "Temos de investir em planeamento familiar nesses países - (desta forma), damos poder às mulheres, melhoramos a saúde da criança e da mãe e damos maior oportunidade aos países mais pobres de investir em educação".
O relatório recomenda que nações desenvolvidas apoiem o acesso universal ao planeamento familiar - o que, o estudo calcula, custaria 4,5 mil milhões de euros por ano.
Se o índice de fertilidade nos países menos desenvolvidos não cair para os níveis observados no resto do mundo - alerta o documento - a população do planeta em 2100 pode chegar a 22 mil milhões, dos quais 17 mil milhões seriam africanos.
Ultrapassando fronteiras
O relatório é da opinião de que a humanidade já ultrapassou as fronteiras planetárias "seguras" em termos de perda de biodiversidade, mudança climática e ciclo do nitrogénio, sob risco de sérios impactos futuros.
Segundo a Royal Society, além do planeamento familiar e da educação universal, a prioridade deve ser também retirar da pobreza extrema 1,3 mil milhões de pessoas e se isso significa um aumento no consumo de alimentos, água e outros recursos, é isso mesmo o que deve ser feito, dizem os autores do relatório.
Neste meio tempo, os mais ricos precisam diminuir a quantidade de recursos materiais que consomem, embora isso talvez não afete o padrão de vida.
Eliminar o desperdício de comida, diminuir a queima de combustíveis fósseis e substituir economias de produtos por serviços são algumas das medidas simples que os cientistas recomendam para reduzir os gastos de recursos naturais sem diminuir a prosperidade dos seus cidadãos.
"Uma criança no mundo desenvolvido consome entre 30 e 50 vezes mais água do que as do mundo em desenvolvimento", disse Sulston. "A produção de gás carbónico, um indicador do uso de energia, também pode ser 50 vezes maior". "Não podemos conceber um mundo que continue sendo tão desigual, ou que se torne ainda mais desigual".
Os países em desenvolvimento, assim como as nações de rendimento médio, começam a sentir o impacto do excesso de consumo observado no Ocidente. Um dos sintomas disso é a obesidade.
PIB
A Royal Society diz que é fundamental abandonar o uso do PIB como único indicador da saúde de uma economia. No seu lugar, os países precisam adotar um medidor que avalie o "capital natural", ou seja, os produtos e serviços que a natureza oferece gratuitamente. "Temos que ir além do PIB. Ou fazemos isso voluntariamente ou pressionados por um planeta finito", diz Jules Pretty, professor de meio ambiente e sociedade na universidade de Essex. "O meio ambiente é de certa forma a economia... e você pode discutir a gestão económica para melhorar a vida das pessoas que não prejudique o capital natural, mas sim o melhore", completa.
“Rio+20”
O encontro do “Rio+20”, em junho, deve gerar um acordo com uma série de "metas de desenvolvimento sustentável", para substituir os atuais Objetivos do Milénio, que vem ajudando na redução da pobreza e melhoria da saúde e educação em países em desenvolvimento.
Não está claro se as novas metas vão pedir o compromisso de que os países ricos diminuam os seus níveis de consumo. Os governos podem ainda concordar durante o encontro no Rio a usar outros indicadores económicos além do PIB.
Só por causa de os ricos dos países ricos e dos países pobres consumirem mais do que necessitam e por causa do rápido aumento populacional nas classes mais pobres dos países ricos e dos países pobres, se fala na sustentabilidade da vida dos humanos…
Não vou contrariar o estudo, mas há distorções notórias, só porque não se entra com a prática política e na base ideológica do problema.
Por exemplo:
É melhor fazer planeamento familiar do que matar crianças…
É melhor reduzir a natalidade do que dar condições dignas aos pais dos nascituros…
É melhor combater o prazer dos pobres do que educar a gula dos ricos…
É melhor criar serviços nos países frágeis do que contrariar a produção nos países fortes…
É melhor preservar o ambiente nos países atrasados do que interditar a poluição nos países industrializados…
Só tem uma verdade que sempre me baralhou e que era e é a arma que os “técnicos” disparam sempre que se fala de coisas da economia, que é o maldito PIB, que mata qualquer raciocínio básico de quem é básico a raciocinar.
Finalmente vem alguém dizer (a Royal Society) que é fundamental abandonar o uso do PIB como único indicador da saúde de uma economia.
Irra, que eu tinha razão… Ora leia:

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