"O cenário é mais grave do que a EDP admitiu. A nossa análise no continente prova que, em cada 10 contadores multitarifa, mais de 4 tinham o relógio desacertado. Nos Açores e na Madeira também há erros", lê-se num documento publicado pela Deco.
De acordo com a DECO, os desajustes na hora dos equipamentos têm proporções superiores às que a EDP assumiu. "Segundo o nosso estudo, mais de 43% dos contadores observados em Portugal continental apresentava erros iguais ou superiores a 3 minutos. Ora, os 106.000 casos reportados pelo distribuidor somam apenas 12% do universo de contadores multitarifa instalados", defende. Os arquipélagos da Madeira e dos Açores, com outros distribuidores de eletricidade, "avolumam o problema".
Na sequência de uma auditoria destinada a verificar a data e hora dos contadores com relógio integrado, foram detetados desacertos superiores a 3 minutos em 43% dos equipamentos observados no continente, o que ultrapassa a tolerância máxima de 2,5 minutos por ano. "A maioria dos contadores com a hora errada apresentava uma diferença até 10 minutos, mas em cerca de 17% o desajuste era superior a 20 minutos", refere-se no texto.
A Deco indica ainda que, em média, os contadores atrasados tinham um erro de 24 minutos e os adiantados 19 minutos de avanço.
"Detetamos também 3,6% de contadores multitarifas com a data desacertada. Apresentavam diferenças entre 31 dias a menos e 8 dias a mais", acrescenta a associação.
A EDP afirmou estar empenhada na concretização de uma auditoria independente aos contadores multitarifa que deverá estar concluída brevemente e afirmou ainda, que indemnizou 106.000 consumidores, conforme recomendado pela ERSE e que está em curso a auditoria também prevista, na sequência dos casos identificados. Os contadores, segundo a mesma fonte, apresentavam um erro, que foi corrigido.
"Há uma palavra que caracteriza bem os resultados dos primeiros nove meses da EDP que é resiliência, num contexto macroeconómico muito difícil nos mercados e de destruição da procura de energia, ou seja, de recessão", declarou António Mexia, no dia em que a elétrica divulgou os resultados dos primeiros 9 meses do ano e em que o resultado líquido da EDP atribuível a acionistas atingiu os 795 milhões de euros até setembro, uma queda de 3,5% face igual período de 2011.
Ainda não passou muito tempo sobre a denúncia da DECO das anomalias nos contadores multitarifas, com o reconhecimento da EDP, mas com divergências sobre os números de lesados, com indemnizações e tudo, mas passado este intervalo temporal, eis que voltamos ao mesmo: as mesmas denúncias, novos números e um pedido de uma auditoria…
A DECO insiste que há erros grosseiros e ilegais, por ultrapassarem a tolerância máxima de 2,5 minutos por ano e que chega a 20 minutos.
A EDP, que diz ter indemnizado 106.000 consumidores, afirma que os contadores apresentavam um erro, que foi corrigido. No entanto a 15 de junho António Mexia referia-se apenas a 30.000 clientes prejudicados com falhas nos contadores, pelas contas da empresa, o que até parece ser uma previsão do governo (Mexia também já esteve num governo). No entanto a 1 de julho a ERSE já apontava para 105.869 o número de casos de erro detetados em 22.500 contadores e determinava que a EDP pagasse 4,1 milhões de euros de indemnização.
Pelo que se constata, a balbúrdia continua, se não nos mesmos contadores, provavelmente noutros, com a EDP continuando a prevaricar e a beneficiar com os “erros”e os consumidores continuando a pagarem a mais do que consomem, quando queriam poupar…
Quando Mexia se refere aos lucros conseguidos pela EDP, apesar da crise, está naturalmente a entrar com as RENDAS EXCESSIVAS (pagas por todos os consumidores) e com a taxa de 10% com que entramos para subsidiar as energias renováveis (de uma empresa privada e do governo chinês), somando mais estas verbas “astronómicas” que os tais pequenos “erros” proporcionam. Sem estas parcelas (indevidas), haveria lucro real e qual seria? É esta a fórmula do sucesso?
Quando Mexia diz que tudo se deve à resiliência, não quererá dizer teimosia, “fraude” ou abuso continuado e repetido sem uma punição a sério, não só indemnizando os consumidores, mas pagando uma multazita razoável para acabar com o vírus?
Já era tempo de alterar a hora de inverno do nosso descontentamento!
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