A visita da chanceler alemã, Angela Merkel, a Portugal deve durar apenas 6 horas. Naquela que será a primeira visita ao país, Merkel tem agendado um encontro com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Angela Merkel vai ainda visitar com o primeiro-ministro a sede da Autoeuropa, em Palmela, e abrir um fórum económico no CCB, com a presença de uma comitiva de empresários alemães, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.
“Que se lixe a troika, a Merkel não manda aqui”. Este será o mote da manifestação que o movimento “Que se lixe a troika”, que esteve na origem do enorme protesto popular de 15 de setembro, quer agendar para 12 de novembro, o dia em que a chanceler alemã vem a Portugal, apelando à sociedade para demonstrar “todo o repúdio” por Angela Merkel, “uma das figuras de proa da ideologia que nos impõe a pobreza, o desemprego, a precariedade e a destruição do estado social, tendo a troika e os governos troikistas como armas”.
Depois dos fortes protestos de que foi alvo aquando da sua passagem pela Grécia, a chanceler alemã arrisca-se, dia 12 de Novembro, a assistir a novas manifestações de repúdio popular.
“12 de Novembro: O dia em que a nossa dignidade se cobre de negro”, é o nome do mais recente evento criado no Facebook, no âmbito das manifestações de protesto contra as políticas desastrosas da troika e da austeridade, que nos condena ao empobrecimento e ao desemprego.
“Queremos afirmar que a chanceler não manda aqui, que somos nós, que vivemos e que trabalhamos em Portugal, que decidimos o futuro do nosso país em democracia. No dia 12 de Novembro sairemos à rua e cobriremos todo o país de negro. Determinados vestiremos de preto, e que as praças das cidades, as janelas das casas, as lojas, os táxis e os autocarros também se manifestem, não em luto, mas em luta pela defesa da democracia e dos nossos direitos”.
Existem, de momento, pelo menos mais dois eventos associados à vinda de Angela Merkel a Portugal. Um deles chama-se “Palhaços em Portugal - 12 Novembro 2012” e está a ser dinamizado num grupo fechado. Ou seja, para participar, tem de pedir para aderir. Para este protesto nacional pedem um “kaos urbano”. “No dia da sua chegada, marcha lenta e buzinão num raio de 5 km em volta do aeroporto de Lisboa, (acessos ao aeroporto) de forma dificultar a entrada da Merkel no nosso País. Acções em todo o País - marcha lenta, barulho, bandeiras negras, faixas nas janelas durante sua estadia em Portugal.(…) Convida teus amigos para o Grupo”.
Um terceiro evento, denominado “12 de Novembro – Juventude Anti Merkel”, está também a ser organizado num grupo aberto. O lema: “Portugueses! Foi-nos retirado o feriado do dia 1 de Dezembro (Celebra a restauração da independência de Portugal em 1640, que põe fim aos 60 anos de domínio espanhol. Celebrado pela última vez em 2012) mas nós implementaremos o de dia 12 de Novembro e restauraremos a nossa independência!”.
“Quem perde tudo, também perde o medo. Dia 12 sairemos à rua, estaremos na assembleia, em Belém e no aeroporto, e soltaremos toda a nossa frustração nas ruas, gritaremos, cantaremos, confrontar-nos-emos com quem nos impedir de nos manifestarmos, deixaremos orgulhosos os que, por qualquer razão, já não dispõem de capacidade para saírem à rua e faremos com que em Portugal e na Europa, se sinta finalmente, que Portugal está vivo! Por nós, vamos à luta”.
Por um lado, Angeka Merkel é apenas a chanceler da Alemanha, democraticamente eleita para tal função e nada lhe dá outro estatuto, que ultrapasse as fronteiras virtuais dos países da “União”, mas destas visitas relâmpago aos PIIGS transparece o autoconvencimento de que os seus poderes se alargaram, por incumbência divina ou por subjugação financeira…
Por outro lado, o período de permanência no nosso território (6 horas), mais a previsivelmente forte e numerosa máquina de segurança, faz lembrar as viagens (secretas) dos Presidentes norte-americanos e outros altos responsáveis mundiais aos teatros de guerra tradicional, pelos perigos a que se expunham…
Será que esta estratégia tem a ver com o reconhecimento de que está a invadir um território soberano, que não a quer ver por perto ou porque imagina que o verem-na de perto resulte em estados emocionais nas massas, que ultrapasse os perigos elencados ao pormenor?
Mas como “Quem corre por gastos, não se cansa”, mas cansa, esperemos o melhor de ambas as trincheiras, que não haja referência a despojos, mas se declare uma trégua na austeridade, nos juros e no tempo…
Se assim não for, terá que ouvir, entre outras, a Chula da Merkel…
PS – Como estes
comentários foram feitos na manhã de ontem, nada fazia prever que a Da. B(r)anca
viesse acirrar os ânimos das populações em penitência, e nas vésperas da visita
com que nos quer brindar. Mais uma acha para a fogueira, mas foi ela que a
atirou:
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