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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A caridadezinha de marketing dos hiperMercados…

A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome afirma que o novo pacote de austeridade é um “mal menor”. Isabel Jonet reconhece, porém, o impacto que vai ter na vida dos portugueses, mas dá o benefício da dúvida ao Governo.
No entanto, Isabel Jonet admitiu que um caminho alternativo poderia ter consequências mais desastrosas. “Prefiro estas medidas agora anunciadas do que um novo acréscimo nos impostos, nomeadamente no IVA, porque poderia conduzir a uma maior desigualdade social”, sublinhou.
Isabel Jonet mostrou-se convicta de que, no Orçamento, vão surgir medidas compensatórias para famílias carenciadas.
Uma resposta necessária, mas provisória, porque "toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família, a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda aos serviços sociais necessários" (Excerto do artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos do Homem)…
Lutar contra o desperdício, recuperando excedentes alimentares, para os levar a quem tem carências alimentares, mobilizando pessoas e empresas, que a título voluntário, se associam a esta causa.
- Qual é o seu negócio, senhora dra.?
- O meu negócio são os pobrezinhos. Mas, se não se importa, prefiro chamar-lhe actividade.

- E como está a correr o seu negócio, ou a sua actividade?

- Muito bem, obrigado, está a correr muito bem: há cada vez mais pobrezinhos.
- Como?
- Sim, é verdade. Gosto tanto de ver aquelas caras tão agradecidas e um bocadinho babosas quando lhes dou arroz, um quilo de farinha e duas...duas, não, três latas de sardinha...É isso que me realiza!
- Mas não era melhor não haver pobrezinhos?
- Que ideia tão tola! Aquela gentinha é muito agradecida, sabe? E até sou capaz de vez em quando de afagar a cabeça dos pobrezinhos pequeninos, tão ranhosinhos e piolhosos... Depois, é claro, toca de desinfectar as mãos, não é?
- Mas, diga-me lá: o melhor, o ideal, não era que o seu negócio se extinguisse?
- O senhor decidiu só dizer disparates? Nunca se esqueça: os pobrezinhos são bastante tontos e limitados, sabe...É preciso alguém que lhes valha: não é isso a máxima caridade?
- Mas para que quer mais pobrezinhos? Não chegam os que tem?
- É claro que não! No meu negócio... desculpe, na minha actividade, como em qualquer actividade, o êxito mede-se pelo aumento da procura. O senhor não percebe nada de caridade económica, pois não?
- Mas...
- Assim, qualquer dia, tenho um império... perdão, uma actividade que concentrará todo o bem que se faz em Portugal. Milhões de pobrezinhos, e eu a ajudar. Não acha bonito? Não acha giro?
- ...."
Ninguém sabe como esta senhora surgiu a dirigir esta atividade (negócio), que como se constata tem caráter provisório e tem por Missão lutar contra o desperdício, recuperando excedentes alimentares, o que não é, de todo, a prática vigente, que assenta arraiais nas portas dos super e hipermercados, promovendo sem intenção (queremos acreditar) um pique nas vendas (e logicamente nos lucros) das respetivas cadeias comerciais. Paga o povo, remedeiam-se os pobres e beneficiam-se os mais ricos do país. Quantos mais peditórios, melhor…
As declarações da presidente do BACF são realmente inocentes, politicamente incorretas e comprometidas, no mínimo comprometedoras…
Entretanto, quem tem outra visão da sociedade e do assistencialismo com origem em políticas fazedoras de mais pobres, não é tão ligeiro na análise do momento e das circunstâncias…

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