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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Já estamos meio cozidos? Ou não?

História da rã (que não sabia que estava a ser cozida)
Da alegoria da Caverna de Platão a Matrix, passando pelas fábulas de La Fontaine, a linguagem simbólica é um meio privilegiado para induzir à reflexão e transmitir algumas ideias.
Olivier Clerc*, nesta sua breve história, através da metáfora, põe em evidência as funestas consequências da não consciência da mudança que infeta a nossa saúde, as nossas relações, a evolução social e o ambiente.
Um resumo de vida e sabedoria que cada um poderá plantar no próprio jardim, para desfrutar dos seus frutos.
Imagine uma panela cheia de água fria, na qual nada, tranquilamente, uma pequena rã.
Um pequeno fogo é aceso debaixo da panela e a água começa a aquecer muito lentamente e a rã não se apercebe de nada!
Pouco a pouco a água fica morna, o que a rã acha bastante agradável e continua a nadar.
A temperatura da água continua a subir...
Agora a água está mais quente do que a rã pode apreciar, começa a sentir-se um pouco cansada, mas, não apesar disso, não se assusta.
Agora a água está realmente quente e a rã começa a achar desagradável, mas como já está muito debilitada, suporta e não faz nada.
A temperatura continua a subir, até que a rã acaba simplesmente cozida e morta. 
Se a mesma rã tivesse sido lançada diretamente na água a 50º, com um golpe de pernas teria saltado imediatamente para fora da panela.
Isto mostra que, quando uma mudança acontece de um modo relativamente lento, escapa à consciência e não desperta, na maioria dos casos, qualquer reação, oposição ou revolta.
Se olharmos para o que tem acontecido na nossa sociedade há algumas décadas, podemos ver que estamos a passar por uma lenta mudança no modo de viver, a que nos vamos adaptando. Uma quantidade de coisas que nos teriam horrorizado há 20, 30 ou 40 anos, tornaram-se pouco a pouco banais e hoje apenas incomodam ou deixam completamente indiferente a maior parte das pessoas.
Em nome do progresso, da ciência e do lucro, são efetuados ataques contínuos às liberdades individuais, à dignidade, à integridade da natureza, à beleza e à alegria de viver; efetuados lentamente, mas inexoravelmente, com a constante cumplicidade das vítimas, desavisadas e agora incapazes de se defenderem.
As previsões para o nosso futuro, em vez de despertar reações e medidas preventivas, não fazem outra coisa a não ser a de preparar psicologicamente as pessoas a aceitarem algumas condições de vida decadentes, aliás, dramáticas.
O martelar contínuo de informações, pelos media, satura os cérebros, que já não conseguem distinguir as coisas...
Quando falei pela primeira vez destas coisas, era para um amanhã. Agora, é para hoje!
Se não está, como a rã, já meio cozido, dê um saudável golpe de pernas, antes que seja tarde demais.
Consciência ou cozido, tem de escolher!
*Olivier Clerc, nascido em 1961 na cidade de Genebra, na Suíça, é escritor, editor, tradutor e conselheiro editorial especializado nas áreas de saúde, desenvolvimento pessoal, espiritualidade e relações humanas. É também autor de Médecine, religion et peur (1999) e Tigre et l’Araignée: les deux visages de la violence (2004).
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