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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Muitos perdem e só um ganha, como nos Casinos…

Apesar de os especialistas alertarem para uma recessão em setembro, por enquanto, é o “excedente das exportações alemãs que inquieta a OCDE”, titula Der Standard. Este ano, a organização prevê que o valor das exportações alemãs ultrapasse em 200 mil milhões de euros – ou seja, 6% do PIB – o valor das importações. Ainda mais do que a China ou o Japão. O problema é que Berlim contribui assim para os desequilíbrios económicos no continente europeu e a Comissão Europeia poderá chamá-la à atenção, adianta o Financial Times Deutschland.
Em fevereiro, Bruxelas já tinha encoberto os pecados alemães elevando o limiar de alerta do excedente da balança comercial para 6% do PIB. Desta vez, isso não acontecerá, estima o FTD, que prevê nomeadamente que a UE irá recomendar à Alemanha que invista no setor dos serviços, para relançar o consumo e reduzir assim o fosso com as exportações.
Escandalizado por ver a economia alemã a ser alvo de críticas, o Frankfurter Allgemeine Zeitung relança o debate sobre esses “alegados desequilíbrios” onde “tanto os excedentes como os défices são problemas com a mesma dimensão”:
Quando os países produzem, permanentemente, défices comerciais e acumulam dívidas no estrangeiro, significa que as coisas não melhoraram. Foi assim que a periferia do euro deslizou para a crise. O seu défice comercial representa a sua falta de competitividade. Os excedentes alemães, por outro lado, refletem a força e a estrutura da economia. O país produz bens necessários no estrangeiro. O que não constitui um problema.

Mais uma vez, confessando incompetência para compreender este sucesso alemão, terei que fazer as chamadas “perguntas do macaco”, mesmo que ninguém me dê respostas, porque sei que não as há, a não ser por razões que não tem nada a ver com economia...
No gráfico acima, que se reporta a 5 de Janeiro de 2010, vê-se que a Alemanha é um dos países da UE onde o Salário Mínimo (que naquele país não existe formalmente) é dos mais altos.
Sabemos que, desde essa data e mercê dos programas da troika impostos em troca das “ajudas”, os ordenados nos países intervencionados baixaram, o que aconteceu também em Portugal.
Sabemos que nos países “ajudados” a carga anual de trabalho é superior à da Alemanha, ao contrário dos períodos de férias.
Sabemos que não há “especialista” nestas coisas, de cá ou da estranja, que não diga, aconselhe e imponha cortes nos salários nos PIIGS e aos seus trabalhadores, para reduzir os custos de produção, “logicamente” para melhorar a competitividade, atrair investimento e aumentar as exportações, alavanca da economia.
Sabendo-se estas coisas simples ficam as perguntas:
Se na Alemanha os ordenados são dos mais altos, os produtos não saem mais caros do que nos países onde a mão de obra é mais baixa?
Se o preço do trabalho na Alemanha é mais caro do que na maioria dos países da UE, como é que conseguem investidores, mesmo alemães?
Se o produto final sai mais caro do que nos outros países por que arranjam quem lhes compre e cada vez mais?
Já sei que vão pensar e dizer que a produtividade… Mas não são os portugueses da Autoeuropa considerados os mais produtivos do grupo, que por acaso é alemão?
Constatando-se que os resultados mais visíveis dos planos da troika são as falências, em catadupa, das empresas produtoras, mesmo das exportadoras, teremos que concluir que a eliminação das empresas concorrentes ajuda (obriga) a comprar-se o que se precisa onde existe, mesmo que a coisa fique mais cara do que se fosse produzida nos respetivos países. Parece lógico!
Quer dizer que depois da eliminação da frota pesqueira e da agricultura (no nosso caso), através de subsídios “compensatórios” para tal e agora com a eliminação das empresas industriais, com base em argumentos falaciosos e consequências dramáticas para a economia e os cidadãos, acaba-se com a concorrência em todas as áreas, obrigam-nos a importar dos países com mão de obra mais cara, por não haver alternativa, ou dão-nos como alternativa a aquisição de produtos chineses, de qualidade mais do que duvidosa e não controlada.
Se não troquei as voltas a mim mesmo, já percebi! Tem tudo a ver com a concorrência, ou melhor, com a eliminação da dita. Assim também eu… Só se estão a esquecer que retirando dinheiro aos cidadãos dos países com mais dificuldades, primeiro cai o comércio interno, mas depois cai o externo, a não ser que nos voltem a emprestar dinheiro, nem que seja para comprar mais submarinos…
Deve haver muita coisinha abaixo do nível da água, para além dos salários…

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Penso que não só! Tanto quanto sei, o valor do salário é uma variável pouco condicionadora do preço do produto final.
      Já perguntei, publicamente, a um "especialista" do trabalho, sobre a origem da nossa "pouca" produtividade e o Sr., enrascado lá teve que dizer publicamente que 18% era da responsabilidade do trabalhador e 82% da responsabilidade dos empresários...
      Deve haver estatísticas sobre estes dois temas, mas ninguém dá a conhecer.
      Bfs

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