Na chegada à Festa do Pontal, que marca a rentrée política do PSD, o primeiro-ministro Pedro Passos coelho, foi recebido com apupos e buzinadelas por parte de 50 viaturas que circularam em marca lenta, num “buzinão” organizado para protestar contra a introdução de portagens na A22, o que afetou a circulação em frente ao Aquashow de Quarteira, mas o primeiro-ministro chegou com escolta policial, pelo que não foi afetado.
Entre as mais destacadas intervenções da história do Pontal, estão os discursos do "homem do leme", de Cavaco Silva em 1993, e a profecia da "verdade" de Passos Coelho, um ano antes de ser primeiro-ministro.
8 anos depois de, no mesmo cenário, ter sido apresentado como novo presidente do partido ao "povo laranja" no seu Algarve, Cavaco Silva reivindica a sua liderança. Então, em tempo de crise europeia, Portugal tem rota e um capitão do barco. O "homem do leme" é de Boliqueime. 12 meses depois, aquele discurso parece esquecido. Cavaco abandona a metáfora náutica e adopta a imagem ciclista: "Portugal integra agora o pelotão da frente com mais 15 países, mas vamos na parte detrás do pelotão", alerta.
Até agora as 2 intervenções de Passos Coelho foram, igualmente, marcantes. Em 2010, recém-chegado à presidência social-democrata, Passos põe condições para apoiar o Orçamento de 2011, o último da autoria da dupla Sócrates/Teixeira dos Santos: não ao aumento dos impostos, não aos cortes nas deduções fiscais na saúde e educação; sim ao corte da despesa. A revisão constitucional, tema estrela da conquista da liderança partidária e ponta do véu de um novo programa político, é preterida. No regresso como primeiro-ministro do PSD ao palco da festa, o discurso de 2011 é diferente. "Não se espantem que o meu apelo seja hoje dirigido mais aos parceiros sociais do que aos partidos políticos", explica. Em tempos de troika, pede paciência e espírito de sacrifício, porque "o que estamos a fazer ficará na história da Europa". Há, também, promessas: como um programa até ao final de mês (Agosto de 2011) para "acabar com institutos públicos, fundações".
Passos Coelho, no dia em que o INE revelou um novo recorde máximo de desemprego em Portugal, fez previsões inesperadas: “O ano de 2013 será um ano de inversão na situação económica. Estou muito confiante que temos todas as condições para que o ano de 2013 seja de estabilização da nossa economia”, declarou.
O líder do PSD afirma que para tal o Governo irá “encontrar uma solução para substituir” os cortes nos subsídios de férias e de Natal e pareceu esperançoso nas palavras: “Não perco a esperança de que Portugal possa ter uma Constituição melhor.”, repetindo que as “nomeações públicas serão por mérito e não por interesse partidário”.
Sem muitos pormenores no seu discurso, Pedro Passos Coelho disse que o Governo tem dado o seu melhor e que a união nacional é fundamental para os dias de sucesso que prevê para o próximo ano: “O fracasso deste Governo seria uma desgraça para todos os portugueses e para Portugal”.
Pedro Passos Coelho afirmou: "Que fique claro para todos os portugueses que o programa que defendemos é de 4 anos e que temos a ambição de o poder vir a renovar, porque Portugal precisa de mudar continuamente e de não voltar à cultura da facilidade do endividamento".
Longe vão os tempos em que os governantes portugueses circulavam “anonimamente” entre os seus anónimos concidadãos, sem qualquer aparato protetor da sua liberdade de circulação. Longe vão os tempos em que uns buzinões chegavam para destituir governos e governantes.
Exatamente pelos mesmos motivos, a da livre circulação rodoviária em estradas já pagas e repagas, voltamos às buzinadelas como protesto sonoro contra essa espoliação. Contra a espoliação de direitos de apenas alguns portugueses, os governantes, sem argumentos de defesa legítimos, defendem-se com o argumento do reforço policial…
Sinais dos tempos (de especulação), das políticas (de confiscos) e dos políticos (engajados e cara de pau)…
Este ritual da IURP - Igreja Universal do Reino do Pontal - anualmente celebrado, é marcado pelas palavras dos seus “bispos”, que como se constata não passam de circunstanciais e denunciadoras de um clima de histerismo coletivo, sem consequências…
Cavaco Silva, já em tempo de crise europeia e já com 8 anos de governação, intitulava-se como o "homem do leme", assumindo-se como o único responsável pelas políticas do governo de então (onde começaram os males que hoje pagamos), mas 1 ano depois, o mesmo Cavaco avisava (ele é premonitório, embora decisor) que Portugal ia na parte detrás do pelotão de 15 países, corroborando, inocentemente, a sua responsabilidade por esse atraso. Não há dúvidas que o nosso presente começou nesse passado…
Passos Coelho, em 2010, ainda e apenas como Presidente do PSD, rejeitava o aumento de impostos, dizia não aos cortes nas deduções fiscais na saúde e na educação e aconselhava o corte na despesa do Estado (sem explicar que “despesas” eram os salários dos trabalhadores da Função Pública). Hoje sabemos que a palavra do senhor não tem qualquer crédito…
Em 2011, Passos Coelho, já como primeiro-ministro de Portugal e com uma maioria governamental fazia uma homilia diferente, virando-se para os parceiros sociais (de quem precisava para conter a “paz social”) apelando à paciência e ao espírito de sacrifício para por em prática o PROGRAMA DE GOVERNO DA TROIKA (a maioria governamental tinha apenas um PROGRAMA ELEITORAL), sublimando-o como o caminho para ficarmos registados no futuro da história da Europa. E prometia acabar com institutos públicos e fundações até ao fim de Agosto desse ano. Hoje sabemos que a palavra do senhor convenceu a UGT a beber do cálice da concertação e que o tema recentemente repescado dos institutos e fundações foi um fait diver, quando alguém se lembrou do Portal do ano anterior…
Em 2012, Passos Coelho, já com um ano de governação e com (in)sucesso atrás de (in)sucesso, já reafirma (não é a primeira vez), que 2013 é que vai ser mesmo o princípio do paraíso (dizem que o purgatório já não existe) e que vai ser tudo “invertido”… Cruz, credo!
Até vai arranjar 2.000 milhões de euros que confiscou aos FP e Aposentados, mas ainda não sabe como, nem onde, nem a quem (são lentos, mas rigorosos…), vai retomar a revisão da Constituição, que tem sido um entrave ao desenvolvimento (afinal não foram as políticas de Cavaco) e insiste na moralização das nomeações públicas (por mérito e nunca mais por cartão partidário), até finais de 2013, quando não houver mais nomeações, já que quase TODAS estarão preenchidas pelo método que rejeita hoje, por imperativos morais… Só se o Relvas sair para se dedicar ao estudo…
E Passos Coelho diz mais e avisa-nos que é preciso uma UNIÃO NACIONAL, já que o fracasso deste Governo seria uma desgraça para todos os portugueses e para Portugal, quando todos sabemos que o sucesso(?) deste Governo é que seria uma desgraça para todos os portugueses e para Portugal…
Finalmente, confortando os seus correligionários, já não diz que se está lixando para as eleições, que até se vai recandidatar, o que é uma ameaça para todos os que não pertencem à IURP, que terão que continuar a pagar o dízimo…
Amen!
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