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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Primavera quando nasceu foi para todos!

1 em cada 5 jovens europeus não tem emprego, numa proporção que atinge 1 em cada 2 em alguns países. Por menos do que isso, os seus homólogos árabes insurgiram-se contra os seus governantes, considera um cronista polaco. Que irá acontecer se o nosso modelo social lhes retirar toda a esperança?
A Grécia pode abandonar a zona euro em setembro, a Espanha tenciona pedir um plano de resgate à Europa, ao passo que o Banco Central Europeu (BCE) se prepara para comprar novamente obrigações italianas. Os dirigentes saúdam-nos em ilhas paradisíacas onde se encontram a passar férias e asseguram-nos, como sempre, que não vão deixar a zona euro desfazer-se em pedaços. Só Mario Monti mostrou ser honesto. “Vão ser precisos alguns anos até podermos endereçar uma mensagem de esperança aos mais novos.” Lamentou que os jovens de 20 anos, que se defrontam com uma taxa de desemprego de 36%, sejam hoje uma “geração perdida” e considerou que nada mais poderia fazer a não ser “limitar os danos”.
Independentemente do que façam esta semana, mesmo que façam um orçamento comum e tentem relançar a economia com a emissão de milhares de euros, os dirigentes não vão conseguir fazer desaparecer a praga da crise.
Em média, a taxa de desemprego entre os jovens é de 20% na Europa e atinge os 52% em Espanha e na Grécia. Quando há criação de emprego, como no Reino Unido, os contratos são a termo certo. Os empregos precários são o último recurso de uma geração perdida que também é ameaçada pelo desemprego e pela pobreza. No Médio Oriente, uma taxa de desemprego de 26% foi suficiente para desencadear as revoluções árabes. Na Europa, não há ditadores para destituir, mas o que Mario Monti disse é indiretamente o reconhecimento de uma capitulação da democracia face à crise.
O declínio da juventude é amortecido pelo modelo social europeu, em particular pelo elevado nível de reformas dos pais que, assim, podem assumir o pagamento das despesas dos filhos precários. Mas o que irá acontecer quando estes pais morrerem, ou quando os governos grego, espanhol e italiano baixarem o valor das reformas?
Em vez de participarem em manifestações contra o capitalismo nas suas capitais, os jovens deviam ir todos a Bruxelas exprimir o seu envolvimento na Europa. Os jovens italianos e espanhóis deviam exigir dos políticos uma integração económica rápida e os jovens alemães deviam apelar à solidariedade que os pais cruelmente não têm. Deviam fazê-lo antes de passarem a fazer parte da tal geração perdida, não apenas do ponto de vista da prosperidade, mas também do ponto de vista da democracia.
É claro para quem vê com os dois olhos e pensa com a única cabeça que tem, que as mesmas causas que geraram (ou alguém empurrou) as “Primaveras árabes” e que persistem também nas sociedades ocidentais, não tenham produzido até agora, os mesmos efeitos.
Claro que sabemos que o comportamento dos ocidentais é mais conformado e pacifista e que os métodos de contenção de manifestações a ocidente é bem mais sofisticado e eficaz…
Claro que sabemos que as condições de ditaduras políticas são chão que dão melhor frutos do que as ditaduras económico-financeiras, que vão enfraquecendo e travestindo a democracia, deixando sempre a esperança em melhores dias e melhor vida…
Claro que os jovens sacrificados dos países sacrificados e os jovens afortunados dos países com fortuna, por solidariedade, deveriam exigir dos políticos e tecnocratas europeus uma solução económica rápida para uma integração efetiva e democrática.
Claro que se os jovens não o fizerem, em Bruxelas, passarão, inevitavelmente, a fazer parte de uma geração perdida, sem saberem o que é a prosperidade e muito menos o que é a democracia.
Claro que os contestatários das “Primaveras árabes” também nunca saberão o que é a prosperidade, nem a democracia, o que já vão percebendo…
Claro que a Primavera ainda vem longe, depois do inverno do nosso descontentamento…
Claríssimo!

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