A REN anunciou a nomeação de José Luís Arnault para o cargo de membro não executivo do conselho de administração para o mandato do triénio em curso, 2012-2014, na sequência da renúncia de Luís Palha da Silva ao cargo.
O PS contestou a nomeação de José Luís Arnaut para o cargo de membro não executivo do conselho de administração da REN - Redes Energéticas Nacionais e exige ao Governo que explique no Parlamento o processo de privatização da empresa.
"Já entregámos o pedido de apreciação parlamentar para discutir no Parlamento com o Governo este processo de privatização da REN que, no nosso entender, é o extremo de uma ilegalidade formal e de uma ilegalidade material", disse o deputado socialista José Junqueiro, acusando o Executivo de fomentar "um dos maiores exercícios de promiscuidade entre a política e os negócios, conformando a negociação em si uma ilegalidade".
"A privatização da REN, tal como da EDP, funciona como uma espécie de espólio que o Governo distribui para personalidades ou dirigentes topo de gama do PSD e do CDS. Depois de Eduardo Catroga ou de Celeste Cardona, vem agora José Luís Arnaut, sobretudo na sua qualidade de administrador da REN e simultaneamente presidente da comissão de auditoria financeira do PSD", comentou Junqueiro.
O PS contesta igualmente a nomeação de Miguel Moreira da Silva, do CDS, que irá ocupar um lugar de direção na REN. "Miguel Moreira da Silva que sai do Governo, que acompanha esta privatização, e sendo ele irmão do próprio vice do PSD, Jorge Moreira da Silva, vem ocupar um lugar de direção e isto não é nenhuma coincidência", condenou o deputado socialista.
Miguel Moreira da Silva, do CDS, repudiou as acusações do PS sobre as nomeações do Governo para a REN e esclareceu que foi convidado para desempenhar funções de engenharia para projetos de investigação e desenvolvimento, rejeitando as acusações do PS segundo as quais iria exercer funções na direção. Refere ainda que a função que desempenha na REN "é semelhante a outras atividades profissionais" que já exerceu no passado na indústria da energia. "Foi no decurso da atividade de investigação e engenharia de sistemas de energia e redes inteligentes, que a REN me contactou, para exercer funções de cariz técnico, na área da investigação e desenvolvimento", conclui Moreira da Silva.
Numa nota de esclarecimento, Moreira da Silva menciona também ter sido requisitado em 22 de junho de 2011 pelo Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, à empresa ITRON, para exercer funções de adjunto, no gabinete da ministra, Assunção Cristas, função que cessou 8 meses depois "para prosseguir os trabalhos do doutoramento iniciado em 2008".
Nem sei se “isto” ainda é notícia, dada a cadência de nomeações idênticas, de há um ano a esta parte (deixando o passado recente para a história de Portugal dos pequeninos), quer no setor público, quer nas empresas privatizadas, que o próprio PS recorda, nas figuras de Eduardo Catroga (PSD) e Celeste Cardona (CDS) e agora José Luís Arnaut (PSD) e Miguel Moreira da Silva (CDS).
Mas o PS, lá terá as suas razões para contestar mais esta nomeação de Luís Arnaut para membro não executivo do conselho de administração da REN, eventualmente por acumular com a presidência da comissão de auditoria financeira do PSD, o que até pode ser um parâmetro a favor da valorização curricular de quem até já foi ministro duas vezes e até faz parte de uma sociedade de advogados. E como é costume dizerem-nos nestas situações, currículo não lhe falta (bem como a tantos desconhecidos do grande público) e pelo que temos ouvido na TV, é um defensor indefetível (tardio) do PM, embora sem muito jeito e com fraquinha argumentação (sou eu a dizer)…
Já quanto à insinuação de que a privatização da REN e da EDP é uma espécie de espólio que o Governo distribui para os “topo de gama” do PSD e do CDS, não é linear, ao reconhecer que os nomeados são mesmo topos de gama (e alguns parecem topos de goma) e porque a realidade nem confirma, nem desmente, a não ser as filiações dos citados, que por mera coincidência pertencem aos partidos da maioria governamental.
Já quanto à nomeação de Miguel Moreira da Silva, irmão de Jorge Moreira da Silva, vice-presidente do PSD, retirando a fraternidade que não se pode desfazer, até é do CDS e por isso até se opõe às ideias políticas do mano, embora neste interregno estejam mais em sintonia, não das ideias, mas das práticas…
Não caiu muito bem ao PS vir dizer que Moreira da Silva (o do CDS) tinha sido nomeado para um lugar de direção da REN quando foi a própria empresa a convidá-lo para meras funções de engenheiro de projetos de investigação e desenvolvimento, semelhante a outras atividades profissionais que já exerceu no passado na indústria da energia, o que até pode ser um parâmetro a favor da valorização curricular.
Só me fica uma dúvida sobre as competências académicas e profissionais e a função de adjunto no gabinete da ministra do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, que parece não ter grande ligação a não ser que tenha a ver com o Projeto Eólico “WindFloat” da EDP…
No fundo, no fundo, mesmo considerando que o Executivo está a fomentar um dos maiores (outros terão praticado menores) exercícios de promiscuidade entre a política e os negócios, o PS devia estar satisfeito por nenhum dos seus “topo de gama” ter sido nomeado para administrador, ou quadro técnico, porque não devem esquecer o que Catroga disse, lapidarmente, que se vão ganhar muito dinheiro vão pagar muitos impostos, para ajudar a pagar a dívida e superarmos a crise, calvário de que se safaram e nós não…
O que é preocupante é que não há escândalo que rebente, embora com retardador, que não traga nos estilhaços, alguns ex-dirigentes do PSD, com currículos ricos…
Enigmático é que a China e Omã conheçam tão bem ou tão mal os nossos concidadãos, que para escolherem administradores e quadros, acertam sempre em filiados dos partidos com que negociaram as privatizações e estão no ativo…
Mas o enigma é uma questão cultural do oriente, que nos desorienta e até dá choques…
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