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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Cidadania e indignação: Direitos e consequências…

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, apelou à greve dos médicos, nos dias 11 e 12 de julho, em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos doentes.
"Não podemos continuar a aceitar que o Ministério da Saúde seja mais um Ministério das Finanças na Saúde do que um Ministério da Saúde no Governo. Isso não é aceitável, porque são os doentes que vão sofrer as consequências", alertou o bastonário e apelou, por isso, à participação dos médicos na greve de 2 dias.
"Temos de ser todos mais exigentes e muito mais interventivos relativamente às medidas que estão a ser tomadas pelo Governo e que estão a pôr em causa o SNS. Está nas nossas mãos."
As organizações médicas estão "unidas no objetivo de lutar pela qualidade do SNS e pelos doentes, por isso, foi decretada a greve", considerando que é "absolutamente essencial para o SNS e para os doentes" que a greve "seja um êxito", ou seja, "a rondar os 100%".
José Manuel Silva defendeu a "suspensão do concurso de 2.500.000 de horas pelo mais baixo preço", sobretudo "quando estavam a decorrer negociações com o sindicato e se estava a discutir a grelha salarial das 40 horas, que iria reduzir a horas extraordinárias".
"Pelos doentes, temos a obrigação de manifestar com muita determinação a nossa revolta. Os doentes continuam a existir e têm de ser tratados. Quando são mal tratados, é mais despesa que se gera" e afirmou que os doentes vão entender a greve dos médicos, porque "mais do que qualquer outro setor do país, são eles que estão a sofrer as consequências dos cortes no SNS".
Para José Manuel Silva, a greve só será desconvocada se houver "abertura ao diálogo por parte do Ministério da Saúde" e o "reconhecimento de que é necessário infletir algumas das medidas que estão a ser tomadas na área da saúde" e que "estão claramente a prejudicar os doentes”.
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, considerou "grave" o afastamento dos cuidados de saúde à população, salientando que não existe poupança efetiva. "Preocupa-nos este concentracionismo no SNS e este objetivo de reduzir serviços. Por exemplo, temos uma média de 3,3 camas por 1.000 habitantes, quando a média da OCDE é de 4,8 e da Alemanha é 8", revelou.
José Manuel Silva deixou ainda o alerta de que "não há mais por onde reduzir", "nem é possível continuar a afastar os recursos dos cidadãos, até porque, em muitas circunstâncias, esse afastamento causa mais despesa ao próprio SNS". O bastonário exemplifica com os 220 doentes portadores de HIV que eram assistidos em Torres Novas e foram deslocados para Santarém. "É setor público, o Estado paga o mesmo preço, mas vai acrescentar mais 100.000 quilómetros de deslocações aos doentes e a transportes, que também são parcialmente pagos pelo Estado", ou seja, "há medidas paradoxais que prejudicam a acessibilidade dos doentes aos cuidados de saúde e que não levam a uma redução da despesa", pelo que alerta para mais "bom senso e ponderação".
O bastonário revelou ainda que a Ordem dos Médicos (OM) não foi ouvida pelo Ministério da Saúde (MS) na elaboração da proposta da carta hospitalar e nas medidas previstas. "É lamentável. Temos disponibilizado os recursos e os conhecimentos técnicos da OM. Não quer dizer que siga a nossa opinião, mas a OM, que tem todos os colégios da especialidade na sua estrutura, pode emitir pareceres técnicos devidamente fundamentados e essa capacidade tem sido desprezada pelo MS e, se calhar, é por isso que se têm cometido alguns erros."
É um facto, e muitas vezes sublinhado estrategicamente pelo governo, uma estranha “mansidão” dos portugueses como resposta a todos os direitos que lhe são diminuídos, retirados e confiscados e quando surge algum ruído, ele vem de estruturas horizontais ou verticais, seja através de Sindicatos ou de Ordens profissionais e o Bastonário da Ordem dos Médicos tem sido um dos mais contestatários, em defesa do SNS e dos doentes, razão e objeto do trabalho dos seus representados.
E como todos os cidadãos com consciência plena da sua cidadania (direitos e deveres) diz o Bastonário (e assino por baixo), termos que ser todos mais exigentes (quanto aos direitos) e muito mais interventivos (é quase um dever) contra as medidas tomadas pelo Governo, que põem em causa o SNS, no seu caso e em muitas outras áreas, acrescento. Está nas nossas mãos sermos contrapoder, quando o poder está contra nós…
Daí se entender o dever de quem está no setor da saúde manifestar esta revolta, apelando à greve, por ser a favor dos doentes, que são quem está e estará a sofrer as consequências dos cortes no SNS, e de que maneira…
O caso mais notório de “erros” funcionais é realmente a eliminação e deslocação de serviços, que como é exemplificado, “poupa” na saúde para gastar em transportes, sejam pagos pelos utentes, sejam pagos pelo mesmo ministério ou por outro, porque sai do mesmo OE.
Pelo que se constata, há medidas cegas do ministério da Saúde e uma indiferença pela Ordem, arredando-a de qualquer diálogo e cooperação, que minimizam a missão, a visão e a imagem de quem tem o direito de ser ouvido e menospreza intervenientes profissionais que podem ajudar a encontrar consensos “apolíticos”…
A ser verdade que a Ordem dos Médicos nunca foi ouvida pelo Ministério da Saúde, quando poderia emitir pareceres técnicos fundamentados e essa capacidade não foi aproveitada pelo ministério, de certeza que foi por isso que se cometeram alguns erros, não por inocência do ministro ou incompetência, mas por apetência ditada pelos parâmetros da “política” imposta pela troika, com pitadas de um neoliberalismo desumanizado…
Esperemos que a contestação a todos os direitos diminuídos, retirados e confiscados se estenda transversalmente a toda a sociedade, porque é esse o dever de todo o CIDADÃO!

2 comentários:

  1. Neste ponto há que apoiar inteiramente os médicos!
    Que faz o PS na Oposição?!

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    Respostas
    1. Desde que a gente não precise deles nos 2 dias... Mas a contestação tem que começar por qualquer lado, que o gozo já é ofensivo.
      O PS na Oposição? A namorarem e sermos os últimos a saber?

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