Brasileiros em situação financeira precária devido ao desemprego em Portugal e que recorrem ao Programa de Retorno Voluntário da Organização Internacional para as Migrações (OIM) estão a sofrer de depressão, alerta uma psicóloga de uma associação lusófona.
“É principalmente a depressão que aparece e, em alguns casos, surge alguma desagregação mental, que provavelmente nunca aconteceria se estivessem junto dos familiares, no local onde cresceram, perto das suas referências”, declarou Alcione Scarpin, psicóloga que atende os brasileiros indicados pela Associação Lusofonia, Cultura e Cidadania (ALCC).
Segundo dados da OIM, em 2011, 2.114 pessoas candidataram-se ao Programa de Retorno Voluntário (PRV). Os brasileiros (que são 119.363 em Portugal, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) lideram a lista representando 84,2% das candidaturas ao PRV, percentagens superiores às registadas nesta comunidade em 2010.
A advogada Vanessa Bueno, que presta apoio jurídico a imigrantes lusófonos na ALCC, revelou que grande parte dos brasileiros que recorrem ao PRV são, sobretudo, adultos solteiros, ilegais e que estão com imensas dificuldades em arranjar emprego, diante do atual quadro de crise económica em Portugal.
“A maioria dos casos (para o PRV) que atendemos na associação é considerado prioritário. São pessoas que estão em casas de apoio, abrigos e há ainda situações de mães com filhos pequenos sem condições para manter uma casa. São situações extremas, ocorrendo alguns casos também de doenças graves” referiu Vanessa Bueno.
Alcione Scarpin indicou que há dois grupos que são mais vulneráveis aos problemas psicológicos decorrentes da precária situação financeira: “Os jovens adultos que estão sozinhos em Portugal e famílias com crianças pequenas”.
A psicóloga indicou que os brasileiros têm o objectivo de emigrar para dar melhores condições de vida às famílias no Brasil, entretanto, quando esse ideal cai por terra, “cria-se um sentimento de vazio, frustração, de insucesso, o que proporciona a ocorrência de casos de depressão”.
Por outro lado, a advogada Vanessa Bueno afirmou que os brasileiros querem voltar para o seu país somente porque não têm como se manter economicamente em Portugal.
“O facto de ouvir que o Brasil está muito bom e aqui está muito mal (financeiramente) faz com que os brasileiros pensem também nessa questão do retorno”, sublinhou ainda a advogada.
A presidente da ALCC, Nilzete Pacheco, disse acreditar que o número de brasileiros a deixar Portugal aumentou devido ao desemprego, seja através do PRV, por recursos próprios ou ajuda de familiares.
Gerido pela OIM, em colaboração com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e financiado pelo Fundo Europeu de Regresso (em 75%) e pelo Estado português (em 25%), o PRV financia a viagem de regresso do imigrante (o preço médio ronda os 900 euros) e atribui-lhe ainda 50 euros de dinheiro de bolso para despesas.
O programa impõe um período de interdição de 3 anos, que obriga os imigrantes que dele beneficiaram a, se voltarem a Portugal, ressarcirem o Estado no valor que lhes foi pago.
Mais um efeito colateral desta doida organização social, que usa os imigrantes como mão de obra barata e mais facilmente descartável do que os autóctones, sem que se tenha consciência de que por trás de cada um havia sonhos de futuro e que mergulham num pesadelo sem fundo.
No caso dos brasileiros, que de tanto ouvirem dizer que o seu país se tornou um paraíso, talvez reencontrem no regresso os mesmos motivos que os levaram a emigrar, com a agravante de o nível de vida ter subido exponencialmente (já superou o nosso) e os conduzir a situações laborais e económicas bem mais difíceis do que as que deixaram…
A publicidade, mesmo vindo dos governantes portugueses, como a dos publicitários profissionais, pode ser (como quase sempre) enganosa…
A informação nunca é demais, mesmo quando a formação é superior…
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