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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cada vez mais nos revemos nos gregos…

O novo plano de austeridade, exigido pela UE e pelo FMI, foi aprovado em 12 de fevereiro, pelo parlamento grego, tendo como pano de fundo uma série de manifestações e atos de violência. Mas o plano não resolve nada e deixa os gregos sem resposta quanto ao seu futuro, lamenta um editorialista.
Ilias Makris
Não há dúvida: o país deve permanecer na zona euro. Qualquer outra hipótese seria uma tragédia. O facto de alguns compararem as dificuldades da sociedade atual com as de uma falência não controlada é uma questão de superficialidade política. Uma política séria seria uma política que, além das opções partidárias, tivesse também em conta ligeiras diferenças.
A "clivagem" é má conselheira. No que se refere a tal conceito, "dentro ou fora" do euro não é a pergunta certa. A resposta de qualquer cidadão consciente é "dentro". Contudo, a verdadeira questão é esta: para além da severidade inadmissível, o novo plano de austeridade que nos é imposto pelos credores, com tudo o que comporta de bem e de mal, poderá fazer-nos sair da crise ou será o caminho mais curto para a falência não controlada?
No fundo, pedem-nos uma desvalorização interna extrema que, na situação atual da nossa economia, terá mais efeitos nefastos do que benéficos. De um modo mais geral, cada plano económico sem viabilidade social, com uma falência não controlada e um desemprego que atinge a população ativa, não pode estabilizar nem relançar a economia e, ainda menos, constituir um novo modelo de produção virado para o exterior.
"Furam-se pneus", com uma leviandade incrível, ao mesmo tempo que se garante que, desse modo, o veículo andará mais depressa em 2012 ou em 2013. O pior é que, quando se faz notar isso àqueles que conduziram o nosso país para este beco sem saída, eles respondem: "Então, apresentem-nos uma solução alternativa." Como se a que eles propõem fosse uma solução viável e séria.
Tenho muito medo de que não haja solução, no quadro das discussões com os outros Estados-membros. As responsabilidades do sistema dominante são imensas. Mesmo agora, passados dois anos, continua a não haver um plano realista de saída da crise, com hipóteses de obter o apoio de toda a classe política. A troika apresenta-nos tudo já pronto e nós negociamos, para nada…
Por um lado, temos a responsabilidade da Europa. Os alemães "puxaram demasiado a corda". O plano alemão é de tal ordem que nem a Grécia, nem nenhum outro país europeu, poderá suportá-lo. Em breve, será a Alemanha a ter um problema! E nós temos que suportar. São inevitáveis alterações ao "plano de salvamento da Grécia", com novas intervenções sobre a dívida e o empréstimo [da UE e do FMI] e a luta contra a recessão...
ZONA EURO - Chegou a altura de deixar a Grécia e Portugal falirem
Na sua coluna de segunda-feira no Financial Times, Wolfgang Münchau critica asperamente a “ignorância e arrogância” dos decisores políticos da Europa ao entrarem no “5º ano de recessão”. Depois de o parlamento grego ter aprovado os cortes de 3,3 mil milhões de euros para poder receber um segundo empréstimo no valor de 130 mil milhões, Münchau afirma:
Vai haver um período de acalmia mas, daqui a uns meses, tornar-se-á claro que os cortes nos salários e nas pensões, na Grécia, agravarão a depressão. Os políticos europeus também descobrirão que num ambiente tão desolador até mesmo um pequeno objetivo para privatizações será irrealista. O PIB grego caiu 6% em 2011 e, este ano, continua a desacelerar a igual ritmo. E em breve será necessário outro acordo com os credores privados.
Há quem defenda que seria melhor obrigar a Grécia a sair já da zona euro e usar os fundos para salvar Portugal. Discordo. Penso que é muito melhor reconhecermos o desolado estado em que ambos os países se encontram, deixá-los falir dentro da união monetária, e então, usar um fundo de resgate aumentado para os ajudar a reconstruírem-se e, ao mesmo tempo, criar um muro de proteção que abranja os outros todos. […] Vai ser muito caro. Mas ignorar a realidade durante mais dois anos será ruinoso.

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