A 9 de fevereiro, o Supremo Tribunal espanhol condenou Baltasar Garzón a 11 anos de interdição do exercício da magistratura por abuso de poder.
O antigo juiz-vedeta foi considerado culpado de ter ordenado escutas ilegais no âmbito do inquérito ao processo “Gürtel”, um caso de corrupção que envolveu dirigentes do Partido Popular (PP, no Governo) da região de Valência. Uma condenação que, de facto, põe fim à carreira daquele que se tornou célebre ao ter ordenado a captura do ditador chileno Augusto Pinochet e que divide a imprensa espanhola.
"Supremo Tribunal acaba com Garzón", é o título de primeira página do diário de centro-esquerda, El País, que põe em causa a sentença, cujo objetivo, afirma, foi anular Garzón enquanto juiz. [Esta sentença] implica a expulsão da carreira judiciária de um juiz que, independentemente da opinião que possamos ter dele, prestou importantes serviços à sociedade na luta contra o terrorismo, o tráfico de droga e o crime organizado, para além de desempenhar um papel notável na aplicação da justiça universal e na defesa dos Direitos do Homem violados pelas ditaduras.
Por seu turno, El Mundo sublinha a unanimidade dos juízes do Supremo Tribunal, em seu entender "muito importante, pois confirma não ter havido divisões ideológicas, mas um critério jurídico comum, que se refletiu na decisão". O diário conservador critica a publicação, por Baltasar Garzón, de um comunicado no qual o juiz considera a decisão "injusta e predeterminada":
Para cúmulo da paranóia, afirma que a decisão do Tribunal “elimina qualquer possibilidade de investigar a corrupção”, como se o único meio de o fazer fosse pôr em causa as garantias constitucionais. Isto revela a megalomania deste homem, que se considera vítima de uma conspiração universal e que se dá ao luxo de menosprezar e insultar o Supremo Tribunal.
Uma opinião partilhada pelo diário de direita, ABC, para o qual "Garzón pagou os seus excessos": foi vítima de si próprio. Pensou que os fins justificavam os meios e violou uma norma sagrada do estado de direito, transformando o inquérito em processo inquisitório. […] Agora, é a vez do Tribunal [Europeu dos Direitos do Homem] de Estrasburgo, que lhe permitirá explorar a reputação internacional que conquistou ativamente, mais pelo espetáculo que pela sua atividade de juiz, conclui o diário.
O Público considera, em primeira página, que Garzón foi “executado”. Este diário resume a clivagem de opiniões numa frase: a esquerda critica a decisão, a direita aplaude.
O Juiz espanhol, Baltasar Garzón, foi condenado a 11 anos de interdição do exercício da magistratura o que o empurra, literalmente, para uma reforma compulsiva.
Para quem pertence, ou está próximo da minha geração, testemunha assim o assassinato político de um símbolo da Justiça contra os mais poderosos e sanguinários ditadores do mundo, como foi o caso do ditador chileno Augusto Pinochet e outros. E foi esta postura “quixotesca”, que acabou por dar o motivo para a eliminação, por quem, de facto, “faz justiça”!
Apesar de ser acusado de ter ordenado escutas ilegais num processo de corrupção que envolveu dirigentes do Partido Popular (PP) no Governo, o que se percebe é que enquanto os arguidos eram estrangeiros, tudo bem, mas que com o PODER e o PODERIO do seu país, não se brinca.
E depois de condenado, Garzón considera a decisão injusta e predeterminada, o que não nos surpreende, afirmando que esta decisão do Tribunal elimina qualquer possibilidade de investigar a corrupção, o que nos surpreende menos…
Parece que ainda lhe resta o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem de Estrasburgo, como meio de se redimir, se o redimirem, porque o PODER e o PODERIO cada vez mais se expande, embora de forma mais subtil e é apátrida.
O jornal Público (espanhol), sobre o caso, sentencia, como qualquer um de nós o fará, que Garzón foi executado, resumindo as diferentes opiniões numa frase: “a esquerda critica a decisão e a direita aplaude”, independentemente de as suas ações se terem virado mais para os ditadores de direita do que para ditadores de esquerda.
O que nos sobra, pondo de parte os formalismos processuais de que a Justiça é farta, é que em todas as sociedades e países, há justiça para ricos (corruptos) e justiça para pobres (mesmo sem abrigo) e que com os ricos não se brinca, sobretudo se estiverem no poder.
Apagaram assim mais um símbolo de dedicação à luta contra os mais fortes, que mancharam o mundo com o sangue dos mais fracos. Mais uma machadada e um retrocesso dos sonhos que alimentam quem acredita e persegue as utopias…
A Justiça no mundo ficou mais pobre, porque outros juízes da mesma estirpe (tantos em Itália), ficarão sujeitos à auto censura.
Devagar, devagarinho, este exemplo originará a perpetuação da intocabilidade dos novos Pinochet, mesmo que não se veja sangue, mas sabendo-se que a dor é o prato posto na mesa dos oprimidos…
Por tudo, obrigado Baltazar Gazón!
Subscrevo, inteiramente, o teu comentário.
ResponderEliminarViva Baltazar Gázon !
maria
EliminarViva! Mas "mataram-no"...