O bastonário da Ordem dos Economistas, comentando a situação de austeridade, afirmou que os portugueses são os "culpados" porque aceitaram viver durante os últimos anos numa "sociedade assente nos princípios de pouca riqueza criada e muito financiamento alheio".
No 4º Congresso de Economistas, Rui Leão Martinho afirmou que partilha da opinião da maioria dos economistas que participam no evento, segundo a qual Portugal parte de "uma situação difícil" e que, "apesar de uns poderem ser mais culpados que outros, todos os portugueses aceitaram durante os últimos anos, e são muitos, uma sociedade assente nos princípios de pouca riqueza criada, muito financiamento alheio e uma sociedade que viveu sobretudo de crédito".
O bastonário refere ainda que Portugal criou uma sociedade que abandonou os setores tradicionais "por variadíssimas razões", e de ter desindustrializado o país, "quer pelo abandono das multinacionais para destinos mais favoráveis, quer por nossa própria opção" e agora "vemos que é insuficiente para custear o 'standard' de vida das famílias e das empresas".
De certeza que o Bastonário de uma Ordem (ver currículo) não faria um diagnóstico tão simples de uma doença complicada, em que é especialista, muito menos centrada apenas nas causas e ainda mais incrível, que não indicasse qualquer terapia. Para isso estou cá eu e outros “azelhas” e por isso, só pode ter sido o jornalista que não captou bem a mensagem e baralhou-se, baralhando-nos…
Mas mais preocupante é dizer que partilha da opinião da maioria dos economistas, que pensam que estamos numa situação difícil (e é preciso ser economista?) e pensam que TODOS OS PORTUGUESES, e SÃO MUITOS (mas são todos, ou são muitos?), aceitaram uma sociedade com pouca riqueza criada, muito financiamento alheio e que viveu sobretudo de crédito.
Para já, a maioria de economistas referida não deve ser absoluta e por uma questão de qualidade dos mesmos, convém entrar com as competências de cada um, mais os interesses que cada um defende e dos interessados para quem trabalham. Pelo que se lê e ouve, a maioria dos académicos estão contra a maioria dos economistas do sistema e estão contra as terapias encontradas pelos “pragmáticos”. E temos agora um sócio da Ordem, que por acaso é Presidente da República e que não se encontra nessa maioria.
E a análise é tão à tona d’água, que para além de acusar os portugueses de terem aceitado (como se lhes tivessem dado a escolher e não tivessem sido ludibriados) viver à custa dos usurários e que foram TODOS (que são muitos…)!
Contrariando-se, absolutamente, vem depois dizer que afinal as causas de não termos criado riqueza foi pelo abandono dos setores tradicionais, concretamente por se ter desindustrializado o país, quer pela deslocalização das multinacionais, quer por nossa (dos políticos e dos economistas!) própria opção. Afinal em que ficamos?
E para a BANCA, não vai nada?
Perante este cenário, em que o Bastonário dos economistas não assume qualquer responsabilidade da classe pela situação, só podemos pensar, que afinal eles não sabem mesmo ao que andam, porque são eles os técnicos especialistas, tinham os livros, tinham os números do Deve e Haver e tinham a responsabilidade de avisar os incautos da inevitabilidade dos resultados. E no fim, é que vem dizer que já sabiam… Digamos que o médico que nos trata deteta-nos doença grave, nada nos diz, manda-nos continuar a fazer a mesma vida, a irmos às consultas e na hora final é que nos vem dizer que já sabia que íamos desta para melhor(?) e que fomos nós os culpados, só porque não mudados de vida…
E qual é a terapia? Se o problema é económico e os economistas não sabem a solução, servem para quê? Ele há cada um!
Era “praticamente impossível conseguir, no curto prazo, reduzir despesa sem atingir a função pública”. A administradora do Banco de Portugal Teodora Cardoso reconhece que “qualquer medida de redução da despesa seria sempre injusta para alguém”.
Esta “injustiça” patente na proposta de OE 2012 acabou por pender para este lado, já que os funcionários públicos verão os seus subsídios de férias e de Natal cortados.
“O Estado precisa de cortar despesas”. E para emagrecer o Estado “de maneira simples e equilibrada, precisávamos de tempo”. Só que “para fazer face aos compromissos, o Governo optou por este caminho”, afirmou a economista, que também faz parte dos membros do Conselho Superior de Estatística (CSE).
Certo é que “não temos alternativa” a este OE. O BdP já tinha avisado que “2012 iria ser pior do que projectamos”. Daí que Teodora Cardoso não se surpreenda com as “medidas duras” da proposta de Orçamento e com o “acentuar da recessão”.
Bem andamos a investigar a data de nascimento de Teodora Cardoso, por nos parecer que já devia estar jubilada e não encontramos, mas ficamos a saber que pertence à direção da Ordem dos Economistas, como suplente do Colégio de Especialidade de Economia Política, o que a deve colocar dentro da maioria referida pelo seu Bastonário. E o interesse em saber a idade prende-se apenas com algumas blasfémias, económicas, políticas e sociais, que não se pode deixar passar em branco, por serem blasfémias, a não ser que tenham origem na biologia…
Quando uma pessoa formada em Ciências Sociais, especialista em Economia Política, se dá ao despudor de dizer que qualquer medida seria sempre injusta para alguém (podia ser para gente com a carteira dela) e que a injustiça acabou por pender para este lado (o dos Funcionários Públicos e pensionistas), sem a mínima explicação de caráter económico, político e social, não pode ser o melhor sinal de que o prolongamento da idade da reforma só pode dar nisto…
E não lhe fica bem dizer que o BdP já tinha avisado que 2012 iria ser pior do que tinham projectado, por reconhecer que as projeções do BdP deixam muito a desejar…
E é mais um(a) economista a dizer que vem aí mais recessão (sem explicar como se vai crescer) embora queira dizer que as medidas injustas, que diz o governo que serão para 2 anos, poderão perdurar no tempo...
Viva a injustiça (para muita gente e por muito tempo), que é para isso que serve a economia da Teodora.
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