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terça-feira, 18 de outubro de 2011

“A saga de um poveiro em Moscovo”

Luís Diamantino, José Milhazes e Duarte Azinheira
“O bom filho à casa torna.” Esta expressão popular aplica-se a José Milhazes, jornalista poveiro a viver na Rússia há mais de 30 anos, que regressou à sua cidade natal para lançar o seu novo livro: “A saga dos portugueses na Rússia.
Como o Vereador da Cultura, Luís Diamantino, referiu, “está muita gente à tua espera porque és um dos nossos”. De facto, o espaço recebeu, como o próprio José Milhazes contabilizou, “muitos amigos do tempo do Liceu, muitos familiares” e, até, “amigos do Facebook”.
Duarte Azinheira, editor da Imprensa Nacional da Casa da Moeda, começou por contextualizar  publicação deste livro na política da empresa pública, que também “tem como função editar obras de elevado valor cultural”. Segundo o editor, há alguns anos que há uma preocupação de chegar a um público mais vasto. Sendo “A saga dos portugueses na Rússia” a tese de doutoramento de José Milhazes, “noutros tempos, limitar-nos-íamos a editá-la como tal, o que seria, de certeza, um trabalho de referência para académicos e investigadores. Mas, pensamos que é de todo o interesse fazer chegar esta obra a um público diferente. Por isso, e de acordo com o autor, transformámos esta tese num livro fantástico”.
José Milhazes explicou que “este trabalho é fruto de muitos anos de acumular de papéis em gavetas” e confessou que “há a ideia de que a História é uma coisa chata, principalmente as teses de doutoramento, por isso, tentei que este livro fosse um livro de histórias”.
E foi de histórias que se fez o resto da noite, como a de Ribeiro Sanches, médico português, cristão-novo, que, por causa da Inquisição no século XVIII, teve que exilar-se na Rússia. É a este português que se deve o primeiro estudo dos banhos russos, prática que consiste em mergulhar em águas geladas depois de se ser submetido a altíssimas temperaturas.
Ou a história da receita do bife strogonoff. A filha da Marquesa de Lorna foge para a Rússia depois de se envolver com o General Junot. Lá, acaba por casar com um homem muito mais velho. “Reza a história que esta senhora partia a carne em pedaços pequenos e cozinhava-a num molho para que o seu marido conseguisse alimentar-se, já que não tinha dentes”, brincou José Milhazes.
Referindo-se a Eça de Queirós, também poveiro, o jornalista disse que “é um dos escritores estrangeiros mais traduzidos em russo. Quando o governo queria lançar uma campanha anti-religiosa, editava novamente “A Relíquia” e “O Crime do Padre Amaro”. Se Eça de Queirós soubesse que os seus livros serviriam este propósito, provavelmente não os teria escrito”.
Mas o escritor português mais traduzido na Rússia (em todas as línguas da antiga URSS) e considerado como o maior poeta do século e talvez de sempre é Fernando Pessoa, mais admirado lá do que em Portugal.
Mas, para saber todas as histórias de “A saga dos portugueses na Rússia”, nada como adquirir o livro e ficar a conhecer a terceira obra de José Milhazes e como o próprio adiantou, “talvez para o ano lance o quarto”.
Como prometi, lá estive para conhecer pessoalmente um poveiro de uma geração mais nova (ele reconheceu-me pela foto) e foi com prazer que ouvi os elogios, a forma bonacheirona de expor o trabalho, mas sobretudo de lhe ver aquele brilhozinho nos olhos, que é o sinal do prazer de se ser poveiro, com base  num bairrismo quase doentio e vá-se lá saber por quê…
José Milhazes, foi um prazer conhecê-lo e espero que o tenha ao lê-lo.

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