(per)Seguidores

domingo, 18 de setembro de 2011

Um retrato “a la minute” INOCENTE(?) …

100% de acordo, mesmo correndo o risco de também ser considerado um “dodó”…
Ouça e leia, depois tire as suas conclusões e pense em agir em consequência, se estiver para aí virado.


O que é... A INOCÊNCIA? - É desejar o impossível: não machucar ninguém, apesar das pressões do mundo corporativo.
O Dodó
No ano de 1598, navegando pelo oceano Índico em direção ao sudoeste da África, as caravelas portuguesas chegaram às praias de umas ilhas de origem vulcânica com pouco mais de 1.800 quilómetros quadrados de área. Essas ilhas, hoje chamada Maurícias, ficava no meio do nada, a 1.000 quilómetros do pedaço de terra mais próximo, a ilha de Madagáscar. Entre outras novidades, os portugueses depararam com um tipo de ave desconhecida que, como se verá a seguir, parecia ser completamente pirada. Por isso, deram ao pássaro o apelido de "doido" - ou, em português arcaico, "doudo". O tempo e a fonética se encarregariam de eliminar o "u", e a ave entraria nos compêndios de ornitologia como "dodó".
Mas, naquele 1598, a primeira coisa que surpreendeu os marinheiros foi o facto de que o dodó, ao contrário de qualquer outro animal selvagem, não fugia quando os humanos se aproximavam. Apesar de ser uma ave, não sabia voar, nem correr, só andava, e extremamente devagar. Também não subia às árvores, e fazia o seu ninho a céu aberto, sem nenhuma preocupação com possíveis predadores. A explicação para isso era simples: não havia predadores nas ilhas Maurícias. Assim como não há cobras em Fernando de Noronha, porque elas nunca conseguiram chegar ao arquipélago, também as ilhas Maurícias ficaram tanto tempo isoladas do resto do mundo que o dodó acabou por se transformar numa criatura absolutamente incapaz de perceber o perigo. E, mesmo que percebesse, não saberia como reagir, nem como se defender. Simplesmente ficava ali parado, sem sentir nenhum receio, a olhar e à espera.
Os portugueses trouxeram cães e porcos para a ilha. Dos porões das caravelas desembarcaram ratazanas. E todos esses bichos descobriram logo o banquete: comida não apenas farta, mas a aguardar que fosse devorada, sem resistir. É claro que não faltou a colaboração do maior dos predadores, o homem. O resultado foi óbvio: em 1681, os dodós já não existiam. Foi, provavelmente, o único animal da história que desapareceu por ser totalmente INOCENTE. Perto do dodó, até uma borboleta pareceria feroz.
Se a gente imaginar que no começo dos tempos havia um “Plano Estratégico para a Criação”, é bem provável que o dodó teria sido escolhido como o paradigma para o relacionamento entre os seres vivos: num futuro perfeito, todos seríamos como ele, bons, sem medos, sem precisar atacar ninguém, ou fugir de alguém. Só que o “Plano Operacional Prático”, que é o que vale, mudou tudo: somos constantemente instados a ser mais agressivos, mais técnicos, mais pragmáticos, mesmo que para isso tenhamos de tomar decisões que possam ferir os sentimentos dos nossos semelhantes. Além disso, somos sempre alertados para ficarmos atentos o tempo todo, caso contrário seremos presa fácil para os predadores corporativos. Daí, ou nos adaptamos às regras da selva, por mais que as achemos injustas, ou seremos devorados pelo sistema. É uma pena, mas nas corporações, assim como aconteceu na natureza, os predadores levam vantagem. E que fim levou a inocência? Bom, a palavra vem do verbo latino nocere, "machucar". O "inocente" é o que "não machuca" ninguém, não importa a pressão ou a situação.
O último a acreditar que a inocência podia ser a forma mais elevada de convivência foi o dodó. E, por agir segundo as suas convicções, acabou extinto.
Artigo escrito por Max Gehringer publicado na Revista VOCE SA.

Sem comentários:

Enviar um comentário